Resolveu o presidente da junta de freguesia de Santa Maria dos Olivais mandar proceder à limpeza da vala da fábrica de fiação, servindo-se dos recursos camarários -pessoal, máquinas e camiões. Os mal-intencionados pensarão certamente que se trata de "campanha eleitoral" encapotada, mas estão enganados. O facto de haver eleições próximas é apenas uma coincidêncida. Não é senhor presidente?
O problema da referida limpeza foi, como quase sempre por estas bandas, a evidente falta de planeamento. Procederam à abertura das comportas, para despejar a vala, nas ninguém se preocupou antes com os peixes. Houve por isso algum alarme nas redondezas, com queixas para os jornais e tudo. O que não evitou a mortandade, apesar dos esforços de alguns populares mais interessados por estas coisas.
Na foto acima, dois trabalhadores procuram recolher os poucos sobreviventes e os muitos cadáveres.
Usando meios pesados, como se observa na foto, os trabalhos de limpeza continuavam quando Tomar a dianteira lá esteve. E bem necessários eram, pois havia de tudo na vala -pneus, troncos, pedras, lavatórios, plásticos e até uma bicicleta.
As guardas em pedra da ponte do século XIX já foram. Algumas estavam no fundo da vala, outras (poucas) podem ver-se no primeiro plano desta fotografia. No segundo plano são já visíveis as verguinhas espetadas nas ilhargas do tabuleiro. Sinal de que vamos ter novas protecções em betão armado, que é muito mais rápido e mais barato. Não é tão bonito, nem fiel ao aspecto inicial. Mas não se pode ter tudo, dirão os responsáveis.
O mais curioso disto tudo é que, salvo melhor prova em contrário, a junta de freguesia, ajudada pela câmara, "anda a fazer filhos em mulher alheia". Dito mais claramente, caso não exista algum acordo de cedência, que os tomarenses desconhecem, tudo aquilo é particular. Pertence à massa falida da "Companhia da Fábrica de Fiação de Tomar". A ser assim -e tudo indica que é- a câmara andou e anda a patrocinar obras numa propriedade particular, o que é ilegal pois não dispõe de qualquer autorização do proprietário. Nem da indispensável deliberação nesse sentido. Ou a autarquia dispõe de plenos poderes, por ser proprietária?! Se tal fosse o caso, conviria informar os eleitores atempadamente. Quem paga impostos tem pelo menos direito a ser informado.
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