Turistas e vendedores de recordações, alimentação e bebidas, vistos do alto da Torre de Pisa (15 euros e 200 degraus). A foto foi tirada às nove da manhã. Em finais de Setembro, quando as férias escolares já acabaram. Em Portugal, os monumentos abrem só às nove e meia da manhã.
As cidades pequenas, como Tomar, têm muitos inconvenientes, mas igualmente algumas vantagens. Uma delas é o "som de retorno" quase imediato, quando se escreve ou diz alguma coisa. Em relação ao nosso escrito sobre o projecto apresentado por José Lebre, cabeça de lista de Tomar em Primeiro Lugar, duas perguntas quase que ultrapassaram a barreira do som -que história é essa dos dois grupos de forças políticas, mais uma? qual a vossa opinião sobre o projecto do Lebre?
A história da divisão das forças políticas, por nós efectuada, destina-se apenas a facilitar a análise da situação em cada momento. Assim, no actual enquadramento, e tendo em conta aquilo que cada equipa candidata já mostrou, julgamos poder constituir três sectores. No primeiro, com propostas inovadoras, coerentes e adequadas ao actual contexto de crise persistente, com tendência a tornar-se crónica, há três forças concorrentes, os realistas -CDU, CDS e TPL. No segundo grupo, parece-nos lógico incluir os por nós chamados tradicionalistas. Aqueles que, praticamente, voltam a apresentar as suas propostas de há quatro anos, que o eleitorado só não rejeitou no caso da actual maioria autárquica. São eles o PSD (com toda a lógica, uma vez que em projecto que ganha, não se mexe), o PS e os IpT. No terceiro sector resta-nos, portanto, o BE, com as suas propostas, que em Tomar não são fracturantes, mas sobretudo bucólicas, poéticas e sonhadoras, o que, como diz o povo, "vai tudo dar ao mesmo". Se calhar não, mas enfim!
Sobre o projecto de José Lebre e todos os outros, cremos ser útil precisar que qualquer tentativa para ultrapassar positivamente a nossa cada vez mais grave crise terá de ter por base os recursos únicos de que dispomos, bem como começar a praticar modestamente uma gestão corrente digna desse nome e do nosso passado, designadamente em termos de limpeza, de manutenção e conservação, de relação com os eleitores e de mudança de mentalidade da maior parte dos funcionários, a qual terá de passar por adequada e continuada formação profissional.
Os recursos únicos de que dispomos são três e apenas três: o Convento, o Rio, a Festa dos Tabuleiros. Tudo o resto é secundário, embora deva igualmente ser tido em conta na devida altura. Em relação a esses três enormes trunfos, muito já foi dito e mais teremos ainda de ouvir, embora ninguém tenha ainda tido a coragem de afirmar o óbvio -os turistas são as novas vacas leiteiras e só interessam nessa qualidade. Não é uma formulação excessivamente elegante, mas parece-nos a mais indicada para poder ser entendia por um eleitorado mentalmente preguiçoso (e não só!). Partindo daqui, a pergunta óbvia é: Como ordenhar o melhor possível as novas vacas leiteiras?
José Lebre pensa que é atraindo-as para um museu da Festa do Tabuleiros, o PSD está convencido de que com o arranjo do velho acesso ao Convento através da Mata, o melhoramento da Cerrada dos Cães e os museus da Levada, vai ser trigo limpo. Para o PS, uma empresa municipal de turismo será o nosso veículo para um rápido acesso a um futuro bem mais risonho. O CDS propõe uma Escola Nacional de Turismo, a CDU a produção cultural a nível local e os IpT música, música e mais cultura. E temos igualmente o "turismo pedagógico", proposto pelo BE
Já aqui foi dito, mas repete-se com muito gosto -todas essas propostas e muitas outras são positivas e parecem-nos ter muito de aproveitável. Todavia, no seu estado actual, não passam de montes de peças. Falta agora quem saiba trabalhar com elas de forma a construir o tal veículo capaz de ultrapassar a crise e assegurar-nos a todos um futuro mais agradável.
Algum dos cabeças de lista ou dos respectivos acompanhantes saberá fazer isso? É óbvio que não. Por isso, e só por isso, estamos como estamos. Porque os tomarenses nem sabem, nem têm a humildade necessária para perguntar a quem sabe.
Temos assim uma curiosa situação: Ninguém aceitaria de bom grado ser tratado ou operado por alguém que não fosse médico, de preferência com prática e boa reputação profissional. Mas todos aceitam sem refilar que simples amadores nos governem e ditem sentenças que custam milhões aos cointribuintes, em matérias que nunca estudaram e muito menos praticaram. Será isto normal e aceitável em pleno século XXI? Resposta no próximo dia 11 de Outubro, a partir da 8 da noite. Até lá uma pergunta chã: e que tal um concurso internacional, com um prémio tentador, tendo como tema apenas quatro palavras -Um projecto para Tomar ?
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