DE IGUAL PARA IGUAL

António Rebelo

Que não haja confusões! Na fotografia supra, sou eu a ler os comentários do blogue, na minha sala de estar. Falando agora de igual para igual, começo por adiantar que se trata sempre do mesmo amável contraditor que, uma de duas, ou está de serviço (e nesse caso os meus respeitos), ou os problemas de consciência acarretam-lhe insónias (e nesta eventualidade um conselho -vá ao médico quanto antes). Sim, que isto de escrever sempre cerca das seis da matina não está ao alcance de qualquer alma.

Dito isto, resolvi responder-lhe por uma questão de respeito pelos outros leitores e, igualmente, pela sua evidente perspicobisbilhocácia (não vá ao dicionário, que não está lá). Na verdade, não leio só o Le Monde. Pode acrecentar o El País, L'Express, Nouvel Observateur e o NYT (suponho que saiba de que se trata) uma vez por semana. Além do Público, do DN e dos jornais locais e regionais. Que quer! Habituei-me a andar tão bem informado quanto possível.
Por outro lado, tenho igualmente o hábito lamentável (que pelos vistos também lhe desagrada) de viajar por esse mundo fora. Desde o Butão, onde todavia o rei não se "abotoa", até Moscovo, onde mesmo as raparigas morenas são todas russas, passando pela Península do Labrador, terra dos labregos, pela Patagónia, pátria dos pategos e por Palermo onde todos os habitantes são palermitas e exportam bastante para cá, já conheci de tudo. Até em Portugal, onde desde os cagaréus de Aveiro aos saloios da Malveira, passando pelos bimbos da Beira Baixa e os otários da Ota, também estamos bem aviados, graças a Deus.
Toda esta introdução para assinalar que os seus textos, sobretudo o segundo, são realmente brilhantes. Como sempre! E aquela sua conclusão segundo a qual não posso ser fino porque aprendi a nadar à saída do esgoto do matadouro, é um verdadeiro achado. Difícil como raciocínio, e por isso só ao alcance das grandes cabeçorras como a sua, mas excelente ainda assim. Esquece-se que Jacques Delors, o melhor presidente da Comissão que a Europa já teve, nem sequer frequentou quaisquer estudos superiores. Ou que Jesus Cristo, ao que dizem, nasceu numa mangedoura. Mas que importância tem isso? Segundo os seus luminosos raciocínios, a realidade social é estática. Quem nasceu pobre, é pobre toda a vida. Quem faz cichi na cama quando é pequeno, está condenado a fazer o mesmo para o resto da vida. Tenha cuidado criatura. A arranjar conclusões dessas, você cansa demasiado a sua excelente mona. E ainda acaba por sofrer algum AVC, o que seria pena, pois lá perderíamos mais uma inteligêngia fora de série. Amen!

Posso estar enganado. Mas desconfio bem que vossemecê está na situação daqueles médicos que só estudaram medicina e que por isso, segundo Gentil Martins, nem médicos chegam a ser. Oxalá me engane!

Saudações cordiais e trate de começar a dormir como deve ser. Olhe a sua saúde!