terça-feira, 27 de abril de 2010

ACÇÕES BALOFAS E OBJECTIVOS CAMUFLADOS

Estamos numa época estranha. Ao contrário do que acontece por essa Europa fora, e contrariando o que afirmou Salazar a dada altura, tanto a nível nacional como local, em Portugal e na área política, o que parece não é.
A nível nacional, o que parece é que decorrem inquéritos parlamentares para apurar se o primeiro-ministro mentiu ou não ao parlamento, se o Jornal de Sexta, da TVI, foi silenciado ou não por exigência do governo, se José Sócrates sabia ou não do hipotético negócio PT/TVI. Tudo ornamentações de circunstância, visando camuflar o verdadeiro objectivo -derrubar o governo sem arcar com os custos inerentes em termos eleitorais.
Também em Lisboa e na mesma área, órgãos de informação vão procurando empolar o caso Freeport ou os projectos em tempos subscritos por Sócrates, como se fosse realmente informação essencial para o nosso futuro como país livre. Mais uma vez, os fins em vista são bem diferentes -contribuir para a queda do governo e, sobretudo, aumentar as vendas/audiências.
Tudo isto num país a braços com sérios problemas. Para além do défice e do desemprego, o sector da saúde vai-se degradando, a justiça está cada vez mais trôpega (cinco anos para julgar um caso de pederastia/pedofilia), a insegurança agrava-se a olhos vistos, e no ensino é o descalabro total. Não será tempo de os senhores parlamentares, alguns jornalistas, médicos, professores, e outros conceituados profissionais, deixarem de brincar a fazer desenhos com o chichi (os cavalheiros), ou às casinhas (as senhoras) ? Os eleitores começam a estar pelos cabelos, com tanta palhaçada, tanto fingimento, tanta inconsciência.

No pântano tomarense, as coisas também não vão bem, nem para lá caminham. Mas o contrário é que seria surpreendente. Afinal até há uma velha sentença rezando que, "para onde fores viver, faze os que vires fazer".
Com problemas gritantes, que vão do desemprego galopante ao êxodo da população, passando pela ausência de qualquer projecto político consequente, temos infelizmente de tudo. Até uma dívida municipal cada vez maior, que neste momento ninguém faz a menor ideia de como será paga. Se alguma vez for. Basta referir que a autarquia até já entrou também no famoso esquema de Ponzi, o tal que meteu o senhor Madoff à sombra para o resto dos seus dias. Qual Dª Branca, o município tomarense também já começou a pagar dívidas antigas com o dinheiro de dívidas mais recentes, entretanto contraídas junto da banca, para liquidar aquelas.
Ao mesmo tempo, os senhores autarcas vão difundindo junto dos eleitores a realização de obras como o arranjo da Rotunda, a via pedonal cidade/castelo pela Mata, ou o arranjo da Cerrada dos Cães. Para além de se tratar claramente de obras desgarradas, cujos objectivos estratégicos nunca foram claramente apurados, quanto mais agora anunciados, acontece que os fins realmente pretendidos estão bem longe dos propagandeados. Visa-se apenas, em todas elas, fazer obras para no momento oportuno angariar votos e, sobretudo, intrujar os cidadãos, continuanbdo a prática usada na campanha eleitoral, quando se lhes garantiu que havia planos tácticos e estratégicos, e afinal de contas...
Falando claro, tanto na Rotunda, como na Mata, como na Cerrada dos Cães, em termos de real utilidade, trata-se apenas e só de instalar, de forma algo camuflada, os colectores de esgotos domésticos e de águas pluviais.
Num tal contexto, até os cidadãos começam a embarcar com satisfação em acções camufladas. Muitos tomarenses estão encantados da vida, porque conseguiram, em poucos dias, mais de dois milhares de adesões no Facebook (e até o apoio do vereador Luís Ferreira) para um protesto contra a evidente degradação do ex-Convento de Santa Iria. Tal como recolheriam ainda mais adesões se lançassem uma petição contra a pobreza e o desemprego em Tomar e no país. Em ambos os casos, os cidadãos estão todos de acordo. Não conseguem é indicar uma maneira de alcançar os objectivos enunciados. Exactamente como no caso das entidades oficiais, os jovens do Facebook apenas demonstram com a sua iniciativa, aparentemente em defesa do velho convento junto à ponte antiga, que também já dominam a técnica dos objectivos camuflados. O texto rejubilatório do nosso colega Luís Ribeiro, em tomaracidade.blogspot.com, é como o algodão do conhecido anúncio -não engana: trata-se sobretudo de conseguir protagonismo, o tão apreciado "penacho" tomarense, que pouco ou nada tem a ver com o termo francês "panache", que lhe parece estar na origem...
Para o ex-Convento de Santa Iria, como para muitas outras coisas tomarenses, as perguntas básicas são estas: Como salvá-lo do desaparecimento ? Para quê ? Com que meios materiais ? Onde conseguir tais fundos ?
O resto não passa de ruído ambiente. Para camuflar, entretendo até 2013, como convém.

6 comentários:

Anónimo disse...

Outros, agora menos jovens, eventualmente já reformados das profissões e outros lugares públicas que já ocuparam, também tiveram o seu período aúreo de pavão e perseguiram o tão apreciado "penacho" tomarense.
Mas destes o Sebastião não guarda a imagem. Será que não gosta de se ver ao espelho?...

Sebastião Barros disse...

Para 12:46
Eis o tipo de comentário que tenta insultar de modo gratuito. Com o único objectivo de procurar achincalhar.
Ainda que o que escreve fosse verdade, em que é que isso alteraria a situação a que se alude na mensagem inicial ? A cidade e o concelho lucrariam algo com isso ? Não restam dúvidas - A capacidade intelectual dos tomarenses em geral anda mesmo pelas ruas da amargura.
Embarcando na linha de pensamento (?) que estará na origem do comentário: E você, por acaso, não terá feito xixi e cócó na cama, quando era pequeno ? Será isso uma justificação para continuar a fazer o mesmo actualmente ? Não ?! Então porque raio resolveu escrever o que nos enviou ? O conforto do anonimato, não é ?

Anónimo disse...

Esta rapaziada gosta muito de Tomar, mas perde-se nas coisas pequenas e fora da realidade.
As obras da Rotunda estão a começar novamente bem, com o muro da vergonha ou de Berlim que não a bola, um escândalo mais. Os arruamentos da Várzea Grande estão uma miséria, mas os que nos salva é que vamos ter festa para o ano!
A câmara de mal a pior e o psd com o ps, num acordo de satisfação de umbigos, alguns dos intervenientes até poderiam ser úteis se noutro contexto, pois dou ainda como bem-intencionados, mas no conjunto de actos e as decisões, somando o peso do passado, com decisões contra Tomar e a cidade, já não dão nada de bom como já dá para ver.
Cada ano que passa Tomar fica ainda mais atrás, mas a malta em vez de ver as evidências e tomar posição, ainda culpa os que levantam as questões, como aqui neste espaço.
Tomar não tem emenda nem futuro.
Temos de continuar a jogar no totoloto das eleições, pode ser que um dia nos saia um prémio, com um Presidente que tenha um executivo que sirva os verdadeiros interesses do concelho, esses prémios também podem sair a Tomar, numas das próximas eleições para quem jogar (votar).

Anónimo disse...

"Muitos tomarenses estão encantados da vida, porque conseguiram, em poucos dias, mais de dois milhares de adesões no Facebook (e até o apoio do vereador Luís Ferreira) para um protesto contra a evidente degradação do ex-Convento de Santa Iria. Tal como recolheriam ainda mais adesões se lançassem uma petição contra a pobreza e o desemprego em Tomar e no país."

E o que dizer de movimentos de anti limpeza de janelas?

Sebastião Barros disse...

O seu texto poderia ter a sua piada noutro contexto. Neste, mete dó. Então ainda não percebeu que no manifesto em defesa da Janela do Capítulo se dizia claramente o que fazer e o que evitar, tudo de forma fundamentada ? E continua a não entender que apenas se lamenta o aspecto oco da campanha contra a ruína do ex-convento, para o qual não apresentam nem sequer o princípio de uma hipótese de solução ?
Que o/a leva afinal a tentar comparar aquilo que não tem comparação possível ? Falta de capacidade de encaixe ? Inveja ?

Anónimo disse...

Ó Dr. Rebelo, como é que se podem apresentar soluções para o Convento de Santa Iria se não se conhece o que vai lá dentro? Se se desconhece o que de facto está a cair e o que vai ser demolido pela Protecção Civil por razões de segurança? E mais importante que tudo, se não há dinheiro para fazer nada? Podem chover ideias, como algumas que aqui trás, mas executá-las será sempre muito mais difícil!
Alexandra