quarta-feira, 28 de abril de 2010

REMENDOS À SALAZAR

Tal como em 2009, no próximo dia 8, quando tem lugar o Congresso da Sopa, a velha Roda do Mouchão estará em funcionamento, só para a fotografia. Entre outras benfeitorias, António Paiva mandou requalificar tudo aquilo, o que implicou a destruição do multicentenário sistema de rega com a água tirada do rio sem gastar energia poluente. Agora temos a rega por aspersão, com água da rede. Fica mais caro, mas é outro asseio e dispensa mão de obra, ao contrário do método ancestral.
Com o açude ocorre quase o mesmo. Antigamente, uma vez armada a represa, colocavam areia tirada a rodo do leito do rio, para vedar a barreira de ervas e ramos de pinheiro. Como era um trabalho bastante árduo, descobriram uma maneira bem mais fácil de cumprir a mesma tarefa -Despejam umas carradas de serrisca no açude. Sem intuirem que se sujam ali terão de limpar mais abaixo. E afinal era tão simples. Bastava continuar a usar a areia do rio, colhida e levada até ao açude por uma máquina escavadora, operando no próprio leito.
Quanto à roda, visivelmente em fim de vida (basta olhar para o eixo), a autarquia insiste nos remendos à Salazar. Como se sabe o governante autoritário sempre recusou obras novas, quando as reparações ainda eram possíveis. Por isso chegámos ao 25 de Abril com a pior rede de estradas da Europa, ainda por cima cheias de remendos. O mesmo parecem pensar os autarcas que temos. Já o ano passado aqui foi escrito que seria de toda a conveniência mandar fazer uma roda nova, enquanto ainda há quem as saiba fazer. Foi o mesmo que estar calado.
Mais ano menos ano, quando o eixo der mesmo o berro final, chegarão à conclusão de que têm de custear obra nova, se ainda houver quem a faça. Nessa altura afirmarão, convictos como sempre, que ninguém podia prever e que não foram avisados em tempo útil. Até lá, continuarão a insistir nos remendos. E se mandassem pôr remendos nalgumas vias urbanas, já não seria nada mau. Mas é que nem isso !

6 comentários:

Anónimo disse...

Ora esta é que me deixou pasmado. Então o excelentíssimo doutor, sempre avesso a novas construções, sejam elas culturais como desportivas, defende agora que se invista numa...nova roda ? Já agora, que tal se se mandasse já fazer umas quantas estátuas do Gualdim Pais, para quando aquela der o berro ?

Também tem sido recorrente referir-se a Salazar nas últimas intervenções que faz. Estilo autoritário, e tal. Lembro-lhe que do ódio ao amor vai um pequeno passo.

Por fim, dizer-lhe apenas que parece aquelas crianças que berram e choram por um chocolate e a mãe o nega. Eles insistem, a mãe ignora, e o dono do café ri-se com a birra. Percebe a metáfora ?

Anónimo disse...

Chamar aquilo de remendos à Salazar é ofender o mais ilustre de todos os políticos da República Portuguesa. Ele era um homem com visão de futuro, e certamente também teria destruído o vetusto e labrego método de rega por elevação da água, para o substituir por um outro, como foi o caso, mais moderno e a condizer com a excelente opção que se tomou no Moucão Parque.
Além disso, manter viva a herança sarracena é andar para trás. Senão para que é que D. Afonso Henriques e o seu capataz D. Gualdim, fundador desta terra, perderam tempo a escorraçar a mouraria?

Anónimo disse...

Longe vai o tempo do Salazar (felizmente), vingando a nobreza da democracia, que com ela trouxe grandes proezas. Lembro-me eu do TomarPolis que modernizou a cidade e os trabalhadores que nele trabalharam afincadamente. Bons salários em troca de?
Será que a roda do Mouchão é em Tomar?

Sebastião Barros disse...

Para 16:27

1 - Deve haver engano. Nunca fui nem sou contra construções novas, desde que tenham qualidade.
2 - O meu limitado intelecto não me permite alcançar a relação entre a roda, em fim de vida, como todos podem constatar, e a estátua do Gualdim. Se me pudesse esclarecer, ficar-lhe-ia muito reconhecido.
3 - Quem me conhece há mais de 36 anos, sabe qual a minha opinião sobre o Botas de Santa Comba nesse tempo. Quando ainda era bastante perigoso urinar fora do penico oficial.
4 - Está-se mesmo a ver que não percebi a sua metáfora, que por acaso é mais uma comparação. Um lorpa como eu tem imensas dificuldades para interpretar raciocínios de alto gabarito do tipo do seu. Se tivesse a bondade de ser mais explícito, creio que todos ficaríamos a ganhar com ideias tão brilhantes, que até devem ser lidas com óculos de sol.
5 - Dizem os tratados de jornalismo que "os factos são sagrados, mas as opiniões são livres". Se você pensa e escreve assim, quem sou eu para pôr em causa a sua inserção cívica?

Saudações fraternais,

António Rebelo

Anónimo disse...

Então como é? Remenda-se ou não se remenda? Faz-se novo ou não se faz? Um dia destes quando começarem as obras do futuro Museu da Levada, lá estará mais um gasto desnecessário, mas por outro lado quer uma preservação para a cultura do Convento de Sabta iria.
Naaa....

Anónimo disse...

Então como é? Remenda-se ou não se remenda? Faz-se novo ou não se faz? Um dia destes quando começarem as obras do futuro Museu da Levada, lá estará mais um gasto desnecessário, mas por outro lado quer uma preservação para a cultura do Convento de Sabta iria.
Naaa....