terça-feira, 27 de abril de 2010

CHEGARAM OS DIAS DE TEMPESTADE

Escrevemos aqui, na altura em que foi apresentado o PEC, tratar-se de um documento para entreter, para ganhar tempo e tentar ludibriar uma vez mais os portugueses. Em todo caso, largamente insuficiente para sossegar os mercados financeiros, uma vez que aposta num crescimento económico que nada indica poder vir a surgir. Referimos igualmente que devíamos estar preparados para medidas mais duras, uma vez que o pior ainda estava para vir. Infelizmente para todos nós, não nos enganámos. A tempestade chegou ! Queda brutal da Bolsa de Lisboa, nova descida da notação financeira da dívida pública portuguesa, evidente nervosismo nos meios governamentais lusos e no seio da União Europeia, que marcou uma reunião de urgência para debater a grave situação, enquanto Passos Coelho e Sócrates reúnem, igualmente à pressa.
O enviado especial do jornal Le Monde escreveu na edição de hoje, página 15 - Economia, uma notícia argumentada a quatro colunas (ver ilustração supra), cujo título até pode provocar arrepios a alguns: "A fragilidade económica e política de Portugal faz temer que seja o próximo alvo dos mercados". Quanto à chamada de título, julgamos que dispensa qualificativos -"A comparação com a Grécia irrita o governo português, que realça a fiabilidade das suas contas públicas"
Mais abaixo, no corpo da notícia, pode ler-se que "Após o congelamento dos salários da função pública durante os próximos quatro anos, a admissão de um só funcionário por cada dois que se reformam, a supressão ou a diminuição dos subsídios sociais e das deduções fiscais, os portugueses devem estar preparados para novos apertos de cinto, até ao fim do ano.
Para todos os que teimam em não aceitar os novos tempos, como por exemplo os sindicatos que continuam a marcar greves, como forma de pressão para conseguirem aumentos salariais, Carvalho da Silva, líder da CGTP, citado nesta peça do Le Monde, foi extremamente claro e conciso -"A crise internacional veio agravar uma crise nacional profunda em todos os sectores da sociedade portuguesa. Reina um sentimento de impotência entre os trabalhadores".
E agora ? Daqui para a frente, os juros dos empréstimos vão aumentar e haverá mais dificuldade para obter crédito. Teremos muito provavelmente um aumento do IVA e a eventual cativação, ou mesmo a supressão, do 13º mês, ou do subsídio de Natal. Aumentará a fiscalização das baixas, do desemprego, do RMI e etc. O Estado vai ser forçado a investir menos e a reduzir as transferências para as autarquias. O desemprego e as falências vão subir. É provável alguma agitação social, sobretudo após a férias grandes.
A nível local, anunciam-se tempos muito difíceis para os senhores autarcas, que continuam agarrados a projectos elaborados a pedido de António Paiva, ainda no tempo da vacas gordas, quando dispunham da confortável maioria absoluta, que entretanto perderam. Perante a manifesta incapacidade para enfrentar com êxito estes novos e turbulentos tempos, muito dificilmente a coligação chegará incólume até à Festa dos Tabuleiros de 2011. As contradições no seu seio são demasiadas e demasiado evidentes. A prevista inspecção às contas da autarquia já começou a stressar alguns, lembrados que estão do lapso (vocábulo diplomático para aldrabice) detectado pela anterior acção inspectiva, sendo certo que os meios financeiros detestam contas maquilhadas, à maneira grega...
Depois, teremos duas hipóteses: novas eleições ou acordos pontuais. Cá estaremos para comentar, se ainda houver saúde. Até lá, vão esperando pelo D. Sebastião, que não tarda aí ! Olarila!

6 comentários:

aldeõesbravos disse...

Estamos entregues aos bichos e que bichos...

Anónimo disse...

Senhor Professor António Rebelo, devemos aplaudir a sua 'revolta' face ao estado (não utilizo, por pudor e respeito pátrio, o adjectivo para qualificar)em que mergulharam o País. É de aplaudir a coragem do Professor, mas ao mesmo tempo deve ser frustrante porque por mais que alguém levante a voz para protestar contra tanta injustiça, não consegue mexer com a insensibilidade dos responsáveis pelo 'desastre'. O País está a precisar de uma vassourada. Como é possível que um rectângulo tão pequeno como o nosso esteja a alimentar cada vez mais a diferença entre ricos e pobres, com alguns senhores a levar balúrdios de dinheiro para casa e outros sem condições para comprar um litro de leite para alimentar os filhos? O rol sobre tudo aquilo que está a atirar-nos para a miséria, perante a indiferença dos bem instalados na vida, dava para encher páginas e páginas do Tomar a Dianteira, mas seria o mesmo que pregar no deserto. O País está anestesiado - e precisa de acordar quanto antes!
Um cidadão desiludido

Anónimo disse...

Senhores autarcas, não façam como a avestruz. Se o senhor Paiva usou e abusou desta gente pacata (ou parola), utilizando uma gestão a nosso ver danosa, não é menos verdade que a seguir a ele veio o manso do Corvelo que anda poara ali perdido apenas à espera da Reforma.

E a oposição? Onde está o PS? E os novos dirigentes do PSD local? Foram todos de férias? Andam todos a prepararem-se para dizer que nada têm a ver com a situação a que Tomar chegou? E os IPT com Pedro Marques a Graça Costa a confundirem as prioridades da autarquia no combate aos desperdícios com a obcessão aos subsídios ao União para pagar dívidas que nunca foram cabalmente esclarecidas?

Realmente, nisso Pedro Marques é um artista de circo: - Quando foi para pagar a dívida da festa dos tabuleiros do mordomo António Madureira, Pedro Marques andou num frenesin para votar favoravelmente o seu escandaloso pagamento; - agora, o mesmo Pedro Marques anda numa roda viva, na companhia da vereadora Graça Costa, a insistir com a autarquia para esta pagar as dívidas do União.

Apetece-me perguntar o que fez o senhor Pedro Marques para ajudar o União a resolver os seus problemas enquanto foi presidente da autarquia. Alguém sabe? O que se sabe não abona nada em favor.

Imaginem o que seria se a Câmara estivesse nas mãos dos IPT? Pagar dívidas de gestões danosas é com eles. Pedir responsabilidades aos seus responsáveis? Isso é outra história. Porém, o que aqui escrevo para os IPT é válido para o Partido Socialista e Partido Social Democrata. Nunhum fica de fora se quizermos que a culpa não morra solteira.

Anónimo disse...

Quem é o grunho retratado? Palavra que se o Zé do Telhado fosse vivo apanhava um susto do caraças nas suas deambulações nocturnas se desse de frente com semelhante carantonha! Já sei como vou afugentar as formigas do meu açucareiro.

Anónimo disse...

Andamos a brincar com os números.
Embarcámos em canções de embalar.
Quizemos trocar a produção pelo lazer.
Agora chegou a factura. E com juros.

Porque é que a História se repete e o povo luso nunca aprende com os erros do passado?
Seremos mesmo burros?

Anónimo disse...

Pois é... anos e anos sucessivos a viver acima das posses (Grécia e Portugal) e/ou com economias excessivamente alavancadas (Espanha e Irlanda, embora em sectores diferentes, respectivamente imobiliário e industrial), aliada a uma fome de recuperação de ganhos perdidos na crise por parte de especuladores privados deram nisto!

Claro que a imparcialidade das impropriamente chamadas "agências de rating" é nula, como se viu ao longo dos últimos 2 anos, em que até à última "aguentavam" avaliações positivas de bancos que vieram a falir estrondosamente (Merril Lynch, Lehman Brothers).

Creio firmemente quer o "sistema financeiro mundial" não poderá sobreviver sem uma profunda reforma regulamentar.
Assim, lembro "apenas" duas questões:

1) O seu poder é imenso, controlando as fontes de financiamento, e por isso as apregoadas vontades políticas para fazer essa reforma (desde Obama a Barroso) por ora não têm condições para passar de piedosas declarações de intenção.

2) Entretanto vão originar nos próximos tempos (anos) bastante mais estragos -- leia-se crises -- que como de costume lixarão o mexilhão (os elos mais fracos): se é certo que a Grécia e Portugal fizeram (e fazem) asneiras financeiras tremendas, não foram estes dois pequenos países que causaram a crise.

Essa, não esqueçamos, iniciou-se (e continuará) devido às acções especulativas de bancos e fundos de investimento americanos e ao endividamento astronómico dos EUA, financiado (é certo!) pelo seu enorme potencial exportador.

E entretanto não se vislumbra força política para a necessária reforma do sistema financeiro.
essa revolução.

Citando Vital Moreira, eu também adoraria ver os especuladores "partirem os dentes" só que não sei se isso acontecerá e, se acontecer, antes de eles partirem os dentes até lá partiram/ partirão a espinha a muitos inocentes. Como nós!

Manuel Marques