sábado, 17 de abril de 2010

UM EXERCÍCIO MENTAL DE FIM DE SEMANA

O texto supra foi tirado da primeira página do suplemento "BOLSA", do Diário de Notícias de ontem, com a devida vénia e os nossos agradecimentos. Como sempre, a sua leitura atenta levará quase todos a duas posições extremas, do tipo oito ou oitenta. A maior parte não ligará peva, por considerarem que se trata de problemas a milhares de milhas das suas preocupações, que de qualquer maneira não podem ajudar a resolver. Os outros, peritos em assuntos gerais e soluções prontas a usar, com cátedra à mesa dos cafés, ou no banco do jardim, arranjarão imediatamente maneira de resolver o problema num ápice. E se lhes perguntarmos o que devemos fazer, caso mesmo assim o país entre em bancarrota e/ou seja forçado a abandonar a zona euro, a resposta é rápida: -Logo se vê ! A gente logo se desenrasca (ou desenmerda, se o cidadão esteve emigrado em França), como sempre fez. Os políticos é tudo uns ladrões ! Não se pode contar com eles para nada ! Nada!
Tendo em vista uma eventual, embora remota, alteração comportamental, mesmo muito modesta, que consistiria em que cada eleitor procurasse varrer à sua porta, antes de se preocupar a arranjar soluções acabadas para os grandes problemas do país, resolvemos fazer um pequeno exercício de "pastiche", ou de transferência, assim um "mutatis mutandis". Eis o que resultou:

TOMAR À BEIRA DA BANCARROTA "É O PRÓXIMO PROBLEMA REGIONAL"

"ALERTA Tomar é o próximo alvo dos bancos e está, como outros municípios, à beira da falência económica. Esta conclusão resulta de uma auditoria rigorosa realizada ao DAF -Departamento de administração financeira, no quadro das normais inspecções periódicas, e consta do relatório final com o título "Tomar: A próxima falência a sanear". "Esse relatório é um disparate", diz o presidente da câmara de Tomar. "Num país de expressão livre, também se podem escrever disparates, sem fundamentação séria", acrescentou em tom indignado, que nele é pouco habitual.
"A próxima vítima será Tomar, cidade que tem escapado em grande medida à atenção geral porque a espiral de endividamento dos municípios se desvaneceu. Mas muitos estão economicamente à beira da bancarrota e todos parecem menos perigosos do que pareciam antes do golpe militar de 28 de Maio de 1926, que instaurou a ditadura, prossegue o referido relatório. Os seus autores equiparam o actual financiamento da autarquia tomarense a um esquema em pirâmide (como o utilizado pelo gestor norte-americano Bernard Madof, que lhe valeu a prisão perpétua; ou como a nossa "Dona Branca").
O relatório em questão sublinha que Tomar, tal como outros municípios da região e do país, em vez de procurar reduzir os juros da sua dívida, tem refinanciado os respectivos pagamentos através de novos empréstimos, os quais começam a atingir níveis insustentáveis. Os inspectores afirmam mesmo que "vai chegar a altura em que os bancos vão recusar pura e simplesmente financiar este esquema de Ponzi, ou de "Dona Branca".
Quanto à indispensável e urgente correcção dos desiquilíbrios, os inspectores criticam fortemente a falta de medidas mais duras. "Não se estão sequer a discutir cortes sérios nas despesas correntes", concluiram."

Trata-se, repetimos e sublinhamos, de mero exercício de "pastiche". Cabe agora ao leitor decidir se corresponde muito, pouco ou nada à situação real do município tomarense.

4 comentários:

Anónimo disse...

Como sabe o retorio de auditoria, que pretensamente citou, existe mas não diz nada disso. É muito feio inventar com base num retorio real, o que inventou.

Se estiver errado tenha a coragem de publicar este texto seguido de um posto seu a citar as páginas do relatório onde estão as frases que "inventou".

Sebastião Barros disse...

Bem dizia o outro, que somos dez milhões separados pela mesma língua. Como, sem querer, o seu comentário vem demonstrar, está a ficar cada vez mais difícil compreendermo-nos na nossa língua materna. Já o Fernando Pessoa foi forçado a desabafar, nos anos trinta do século passado, "Eu traduzo para estrangeiro, para VExas perceberem melhor."
Neste caso, o que se procurou fazer, e lá está devidamente explicado, foi uma simples transposição do texto original, naturalmente adaptando a nomenclatura. Nunca referimos qualquer relatório de inspectores já existente; apenas perguntámos se acham o resultado conseguido muito, pouco ou nada afastado da situação da autarquia nabantina. Trata-se, por conseguinte, de um imaginário futuro relatório, da inspecção que ainda virá a efectuar-se. E desde já se declara que qualquer semelhança entre esse futuro relatório e o nosso texto será pura coincidência...
Afinal, no relatório que já existe, a autarquia só se esqueceu de mencionar um débitozito de 3 milhões de euros, mais coisa, menos coisa. Uma ninharia, não é verdade?
Cumprimentos.

Anónimo disse...

Nesta ofensiva do Dólar contra o Euro não devemos ficar do lado dos mercenários do Tio Sam.

Anónimo disse...

Meu caro António Rebelo,
É sempre um gosta falar consigo e, o que não é de menor interesse, ler as suas opiniões que são sempre muito bem pensadas e com fundamentação de raro crivo intelectual.
Estou convencido que a sua postura de intervenção cívica acabará por dar os frutos tão necessários quanto urgentes.
Já agora, e para que não haja dúvidas, e até no cumprimento escrupuloso das leis da República, que os actuais autarcas deêm público conhecimento da real situação financeira do Município aos contribuintes, como é sua obrigação.
Claro que para isso seria necessário que fossem feitos de coluna vertebral sem mossas. O que não será o caso. Certamente.