sexta-feira, 30 de abril de 2010

OUTRA VEZ O ESTALINISMO ?

É do conhecimento geral que Estaline ordenou massacres de milhões de seres humanos. Além disso, ordenou que se reescrevesse a história, de forma a expurgá-la de todos os que lhe não eram benquistos. No quadro dessa limpeza da história, chegou-se ao cúmulo de "corrigir" fotografias, apagando quem não convinha.
Estaline morreu há muito e a sua União Soviética implodiu. Todavia, a herança estalinista ainda por aí aflora de tempos a tempos, até nos mais insuspeitos documentos. A ilustração supra é parte do desdobrável promocional do próximo Congresso da Sopa. Nele se pode ler que "O Congresso da Sopa nasceu em 1994, pela iniciativa do município. Numa altura em que a proliferação de congressos grassava pelo país, pensou-se...". Trata-se, sem a menor dúvida, de uma nova versão da história, que assenta numa redonda mentira. Não se pensou coisa alguma, não havia pelo país fora qualquer vaga de congressos e o município não teve qualquer iniciativa. Foi Manuel Guimarães, beirão, tomarense pelo coração, professor, jornalista, director hoteleiro, gastrónomo e promotor da biblioteca municipal, com a ajuda de António Cartaxo da Fonseca, que teve a ideia do 1º Congresso da Sopa. Vai daí, solicitou o patrocínio da autarquia, obteve-o sem dificuldade e passou à prática, com um sucesso que agora todos reivindicam. Que certas coisas não sejam do agrado de quem neste mandato gere no município os destinos do concelho, é natural. Que haja discordâncias entre os parceiros da circunstancial aliança para governar, aceita-se. Que se tente falsificar a história local, atribuindo-se qualidades que nunca existiram, não é digno de pessoas de bem.
O ex-ministro da economia e finanças do governo Sócrates, Campos e Cunha, escreveu no Público de hoje uma opinião que nos parece particularmente adequada à tragédia tomarense, e que termina assim: "Quando o Titanic se afundou, por incúria e soberba do comandante, a orquestra continuou a tocar. Foi um gesto tão heróico quanto inútil e, por isso, ainda o recordamos. Desta vez, também a banda continua a tocar, enquanto o País se afunda, como se nada se passasse. Desta vez não é heróico, é ridículo e trágico."
Onde está comandante ponha-se actual maioria. Onde está País, escreva-se Tomar. Depois é só voltar a ler e sacar as respectivas conclusões. Quando se começa a tentar emendar a história, algo vai mal na democracia que vamos tendo.

4 comentários:

templario disse...

O saudoso Dr. Manuel da Silva Guimarães foi tudo isso que escreveu e foi também um grande dinamizador de actividades culturais, não só na Jacome Ratton, mas também no movimento associativo da cidade, nomeadamente, na SFGualdim Pais e Nabantina. Um homem invulgar, corajoso, que, pelos vistos, e pela omissão rélis do seu nome, parece continuar a concitar invejas e ingratidões. O Dr. Manuel da Silva Guimarães fixou-se em Tomar em 1963(?) e tornou-se rapidamente uma personalidade de vulto na cidade, onde imperava a modorra. Homem culto, interventivo, muito activo, comunicativo, de rara simpatia e que fez e deixou em Tomar obra da boa. E deixou uma grande saudade.

Devemos recordá-lo como um grande tomarense.

Tinha a ideia de que o Congresso da Sopa teve a sua paternidade a nível nacional. O senhor confirma-o.

Foi com muita emoção que li a parte do seu texto em defesa dos méritos do Dr. Guimarães, como grande tomarense.

Os medíocres têm o vício de nos tentarem convencer que vivemos ainda na pré-história e que o advento da História só tem lugar quando eles assumem, sabe-se lá por que meios, o protagonismo das acções, as rédeas de qualquer coisa que se chame poder.

Obrigado.

Anónimo disse...

E já agora adite-se
O Dr. Guimarães foi vogal da Assembleia Municipal de Tomar em representação do Partido a que pertence o estalinista vereador da Cultura!

Isso mesmo, sem tirar nem por!!!!!!!

É caso para dizer: nem os da casa escapam à cegueira obsessiva de alguns.

Viva a democrÁcia!!!!

Vivó!!!!!!

Anónimo disse...

Por acaso julgo que no cenário actual e dada a fauna que por cá habita, uma depuração à Estaline vinha mesmo a calhar.

templario disse...

E foi também secretário ou assessor, não consigo precisar, de uma Ministra da Adm. Interna num governo do PS, cujo nome não consigo recordar.