quinta-feira, 22 de abril de 2010

ANÁLISE DA IMPRENSA DESTA SEMANA

"Na realidade, o País, apesar de não estar bem, alcançou um nível de progresso e de desenvolvimento que se deve essencialmente ao trabalho desenvolvido por milhares de autarcas em prol das populações nas suas freguesias e concelhos." Assim conclui o vice-presidente Carlos Carrão o seu depoiamento no suplemento especial d'O MIRANTE "Somos filhos da madrugada", naturalmente àcerca do 25 de Abril 74.
Também n'O MIRANTE, uma boa e bem documentada peça assinada por Elsa Gonçalves, na qual esclarece um episódio importante da história tomarense -A agitação, a agonia e o encerramento da Fábrica de Fiação. "Sim [a ocupação pelos trabalhadores] matou a fábrica que chegou a ser um modelo na Europa" refere João Elvas, descendente de um dos administradores. "A fábrica morria na mesma, não foi esse episódio que ditou o seu fim", responde Júlio Godinho, um antigo trabalhador da contabilidade.

O TEMPLÁRIO notícia o encerramento de mais duas empresas (Bowling e Martataka), ambas pertencentes a entidade que inclui Ivo Santos como sócio. Refere igualmente a recente bátega, o suicídio de um jovem de Carregueiros e o movimento de cidadãos contra o desleixo no que concerne ao ex-Convento de Santa Iria. Vale a pena ler os 7 depoiamentos reproduzidos, que não apontam qualquer solução nova, salvo esta: "Porque não pensar num local de lazer, convívio e ao mesmo tempo cultural em vez de um hotel de luxo ?", interroga o nosso colega Tomar A Cidade.
No fundo, o resultado do ensino ministrado em Portugal de há trinta anos para cá: facilidades, divertimento, igualdade, boa vida. Alguém pagará. "Correm turvas as águas deste rio/Que as do céu e as do monte as enturbaram/Os campos florescidos se secaram/Intratável se fez o vale, e frio." Assim disse Camões há mais de 500 anos. E o vale tomarense está na verdade cada vez mais intratável e frio.

CIDADE DE TOMAR destaca o vandalismo nas ruínas do ex-Convento de Santa Iria e novidades no Convento de Cristo. Na página 8 fica-se a saber que na Casa da Ordem vai funcionar um restaurante, fora das horas de visita, que se pretende seja "como uma montra da gastronomia nacional". Refere-se também uma nova entrada para os visitantes, pelo Claustro da Lavagem e a eventualidade de uma Pousada. Sobre planos estruturados de exploração turística, de visitas guiadas, de horários, de formação profissional, nada. Faz pena constatar que quase trinta anos após a transferência para o Ministério da Cultura, o agora IGESPAR continua a não saber que fazer com o património que está encarregado de gerir.
Ainda em relação com a ex-sede da Ordem dos Templários e de Cristo, pode ler-se na página 8 que "Já começou a obra do percurso de ligação ao Convento." Vai custar quase 200 mil euros (40 mil contos) e incluirá uma rede de iluminação (muito útil, quando se sabe que a Mata fecha às 5 no Inverno e às 6, no Verão...), bem como a demolição das actuais instalações sanitárias, encerradas desde há algum tempo, e a construção de outras no mesmo local. Estamos realmente num país de loucos.
Mais curioso ainda: Após concurso público, a obra foi adjudicada ao consórcio VEDAP,SA/Aquino Construções, SA, onde por mero acaso trabalha como engenheiro o ex-presidente da câmara António Paiva, autor da ideia inicial de requalificação do percurso. Há realmente coincidêncidas felizes. Como no caso de Jorge Coelho e da Mota Engil, por exemplo...

1 comentário:

Anónimo disse...

Como não há dinheiro para manter os sanitários, acaba-se com eles e problema resolvido. Nada de novo.
Com o convento de Santa Iria irá acontecer o mesmo. Com o estádio de futebol já aconteceu o mesmo.
Não há dinheiro para manutenção, destrói-se a infra-estrutura e esconde-se a incompetência.
Pobre de nós...

B.A.