domingo, 11 de abril de 2010

VÃO-SE OS TELHADOS POR FALTA DE TELHÕES

Pois é. Lá ruiu mais um telhado do ex-Convento de Santa Iria. Nitidamente por falta de ideias...e de telhões. Sem uma coisa nem outra, alguns dos nossos autarcas recusam-se obstinadamente a dar o braço a torcer. A render-se às evidências: Ninguém aceitará comprar aquilo por milhão e meio de euros, nem coisa parecida. Porque o sítio é muito problemático em termos de construção. Porque a autarquia tem fama de complicar, em vez de simplificar. Porque a cidade está a definhar a olhos vistos. Porque os autarcas que temos, ou se vão calando (PSD), ou vão falando, falando, mas não lhe acodem... Os tomarenses e os visitantes olham, meditam e ficam com a imagem, de telhões irremediavelmente caídos. Triste sina, nesta época de viagra...

Outra vítima da incúria, do deixa andar, do improviso, do desenrasca, do logo se vê. Cismou-se num museu polinucleado, achou-se muita piada à ideia e vá de a candidatar a fundos europeus. Lá se irão mais alguns milhões de euros, num óbvio elefante branco que apenas proporcionará mais alguns lugares bem remunerados, naturalmente para os afilhados de quem estiver no poleiro na altura da conclusão das obras. Se chegar a haver conclusão, que os tempos já não estão nada para brincadeiras de mau gosto. E não se vislumbram melhoras. Pelo contrário.

Mais um exemplo de desmazelo e falta de telhões. Neste antigo lagar/moínho da Ordem de Cristo, jaz o arquivo da Manuel Mendes Godinho e Filhos, Fábricas Mendes Godinho e Casa Bancária Manuel Mendes Godinho. Pelo caminho que as coisas levam, vai acontecer como no caso do ex-Convento de Santa Iria, na oposta margem do Nabão. Quando já não houver grande coisa para salvar, começarão as obras do tal museu milagroso. É mais um caso em que se fica a ver, os telhões caídos...
Último exemplo de incúria, nesta série dos telhados que caem, por nítida falta de telhões. Neste caso trata-se das instalações da antiga moagem "A Portuguesa", uma das primeiras do país, de princípios do século passado. Será, ao que consta, um dos núcleos do dito museu/elefante branco, caso haja telhões suficientes para levar o empreendimento até ao fim.
Tal como as ilustrações anteriores deixam perceber, o grande problema de muitos tomarenses, sobretudo de quase todos os autarcas, é a enorme e evidente desproporção entre o ego demasiado grande e outras coisas demasiado pequenas. Ou mesmo inexistentes. Essa é que é essa ! Contra factos, pouco adianta argumentar.

2 comentários:

Anónimo disse...

Isto não é um problema de viagra. É mesmo um problema de tomates! Ou de falta deles.

S.A.

Anónimo disse...

Boa tarde António Rebelo,

O estado de degradação a que chegou o Convento de Santa Iria reflecte a política camarária relativamente ao acervo histórico de Tomar: não fazer rigorosamente nada!
Bem perto, do outro lado do rio, estendem-se desde a Ponte Velha até à Ponte Nova os edifícios que foram propriedade da firma Mendes Godinho, e que, à excepção do edifício da antiga Pensão Lisbonense, agora transformado na Repartição de Finanças, devidamente recuperado, jazem aos olhos de quem passa na quase completa miséria. Os telhados do Arquivo Geral ameaçam ruir a todo o momento. O edifício do Refeitório, outrora considerada a melhor sala de refeições do distrito, ainda vai tendo alguma apresentação, mas o cheiro intenso a mofo e a falta de manutenção da estrutura de madeira e vigamentos que suportam o telhado poderão trazer-nos uma "bela surpresa". Do edifício da antiga Central eléctrica nem vale a pena falar.
A Moagem era a "menina dos olhos" da empresa, não só pela qualidade do produto fabricado - farinha para panificação considerada uma das melhores do país e que tinha clientes de todo o centro do país - mas também pela estrutura e método em que foi concebida. Esta unidade industrial mereceu em tempos lugar de destaque numa grande e duradoura exposição de Arqueologia Industrial na Central Tejo em Belém-Lisboa, nos idos de 80. Era muitas vezes visitada por estudiosos da área, portugueses e estrangeiros. Aqui, irá a Câmara de Tomar ganhar a sua maior dor de cabeça, pois que recuperar (não para laboração) um conjunto de máquinas bem como a envolvente do edifício, a ser bem feito, só será possível com recurso a gente especializada.

Quem conhece minimamente todos este edifícios sabe perfeitamente que o tempo e a inércia dos governantes locais jogam contra eles. A derrocada, sobretudo do Arquivo Geral está eminente e depois que fazer?

Estará na mente dos nossos autarcas esperar pela eminente falência da Citaves, prevista para daqui a uns 2 meses, para tratar toda a cidade de Tomar como um imenso Parque Arquelógico Industrial?