quinta-feira, 29 de abril de 2010

ANÁLISE DA IMPRENSA DESTA SEMANA

COLABORAÇÃO PAPELARIA CLIPNETO LDA.

Já foi dito, mas repete-se com todo o gosto, por ser útil relembrar. O MIRANTE não pode nem deve ser comparado com os dois semanários tomarenses, visto ser um semanário regional, no qual os assuntos tomarenses são tratados com fazendo parte de um conjunto mais vasto. Inversamente, CIDADE DE TOMAR e O TEMPLÁRIO focam a atenção na nossa cidade, e só depois nas outras zonas do distrito.
Exemplo de tal diferença é a notícia "Hotelaria da região beneficia da visita do Papa a Fátima", na primeira página do referido semanário distrital. Na página 22, no corpo da notícia, pode ler-se isto: "No dia 16 de Abril, pelas 13 horas, apenas o Hotel 3 pastorinhos, em Fátima, indicava ter ainda três quartos para alugar, para 12 e 13 de Maio. As restantes ofertas [do site Booking.com] encaminhavam o turista para S. Martinho do Porto, Nazaré, Marinha Grande, Monte Real, Óbidos, Ferreira do Zêzere, Cernache do Bonjardim, Constância, Caldas da Rainha, Figueiró dos Vinhos, Dornes e Cumieira." Tomar ainda fará parte do mapa turístico/hoteleiro da zona ?
Igualmente na primeira página mirantina "Câmara de Tomar quer anular contrato com a ParqT" e "Tomar homenageia antigo mordomo da Festa dos Tabuleiros" Com o devido respeito e amizade pelo Luís Carlos, cuja festa de homenagem devia ter sido decidida pelo município e feita no Salão Nobre dos Paços do Concelho, pois é ali a casa de todos os tomarenses, ao ler semelhante título fica-se com a ideia de que resolveram homenagear mais uma antiguidade nabantina...

Ao compulsar a edição desta semana do semanário sob a direcção de António Madureira, fica-se com a ideia de que a sociedade tomarense está a evoluir, apesar de tudo, mas com facetas algo paradoxais. Vejamos. Logo em manchete "Entrada da Mata apresenta aspecto desolador". Ao lado "Empresa Manuel Freitas Lopes investiu 600 mil euros no tratamento de pinheiros e ainda não recebeu o apoio prometido". Na página 12, as opiniões do presidente da junta de Santa Maria dos Olivais e de Joaquim Margarido. "Demagtogia, falta de ética, incoerência e desconhecimento da lei", escreve aquele autarca. "O Tê que falta a Tomar", titula Margarido. Há ainda a habitual crónica de Mário Cobra, esta semana com o prometedor cabeçalho "Recuperar monumento através do facebook" e, sobretudo, a Nota do Director, na última página, desta feita contundente como poucas.
Temos assim que o usualmente pacatíssimo e muito conformista decano da imprensa tomarense, por motivos que de momento nos escapam, resolveu passar ao ataque e fá-lo de forma nada camuflada, o que com muita satisfação se saúda com frontalidade.

"Espancado à porta de bar", "Obrigado, Luís Santos", "Droga levou-a à morte", "Europassion em Ferreira do Zêzere", "Quinta do Bill: novo álbum já gravado" e "Riachense campeão distrital", são os títulos de primeira página d'O Templário, por esta ordem. No interior, páginas 2 e 3 sobre "Ex-toxico-dependente encontrada morta", páginas 5,6,7,8 e 9 sobre a homenagem a Luís Santos, página 11 com o caso do jovem espancado, e assim sucessivamente. Sobre a presente situação de crise, apenas o caso do trabalhadores da Platex, a visita do deputado do PCP, os Independentes tomam posse e o diferendo entre a autarquia e a ParqT.
Perante isto, torna-se claro o presente paradoxo tomarense. Um jornal até agora consensual e conformista parece ter encetado um caminho mais interventivo. Inversamente, outro jornal em geral tido por mais jovem, irreverente e imparcial, parece estar a tornar-se pouco a pouco num órgão de imprensa do tipo designado na Europa por "people", que em português podemos substituir por "socialite" ou "de frivolidades".
E não custa a crer que assim seja, porque o reinado do facilitismo, que já dura há 35 anos, inculcou nas gerações mais novas a ideia de que tudo se obtém sem esforço, as coisas caem do céu, os cidadãos só têm direitos, os contribuintes aguentam e pagam tudo, os papás têm o dever e a obrigação de nos sustentarem e de pagarem as nossas extravagâncias, o governo só não dá aquilo que não quer, porque eles têm lá uma máquina de fazer notas e aquilo é só pô-la a trabalhar...
Por isso estamos como estamos. E vamos estar cada vez pior, se tal mentalidade se não alterar pela força das circunstâncias. Oxalá !

3 comentários:

Anónimo disse...

De acordo, o Tomarismo repentino do Madureira é suspeito. Madureira sente o terreno a fugir debaixo dos pés, por causa da crescente afirmação de outros orgãos de comunicação social em detrimento do CT, por culpa sua, e procura colocar-se à frente da sociedade tomarense. Como muitos tomarenses que estão fora da vida e do Mundo, o director do Cidade de Tomar volta-se para a manifestação dos anos 6o do século passado, há quase 50 anos, sobre o desvio do Nabão, com o objectivo de mobilizar os tomarenses. Os tempos são outros, bem como os problemas; hoje a sobrevivência comanda a vida; aquela manifestação, hoje, não diz nada.
Foi pena que António Madureira não tenha mantido sempre uma linha editorial Tomarista, como o fazia Remualdo Mela. Quem viu o CT no tempo de Mela e quem o vê nos tempos de Madureira, reconhece que o Jornal nada tem de maduro, de onde deriva Madureira.

Anónimo disse...

Senhor Professor António Rebelo, gosto de ler a sua revista da Imprensa, que inclui os dois semanários que se publicam em Tomar e o Mirante. Esta semana, chamou a atenção para um pormenor importante: o Cidade de Tomar está a despertar! Noutro passo, estranha o Professor que a justa homenagem a Luís Santos não tenha sido feita no Salão Nobre dos Paços do Concelho. Tem razão. O Salão Nobre dos Paços do Concelho é para receber o presidente do maior clube português, o glorioso Benfica! Voltando ao Cidade de Tomar: vem noticiado na página 9 que o gradeamento da ponde pedonal, no Flecheiro, vem sendo destruído "desde há cerca de um mês". Acrescenta o jornal que "contam-se já cerca de três dezenas de ferros arrancados..." Desde há cerca de um mês. E ninguém da Câmara ainda deu por isso?
Um tomarense preocupado

Anónimo disse...

Boa tarde António Rebelo,

Não percebo a azia que causa a algumas pessoas o facto de uns serem homenageados na Biblioteca Municipal e outros no salão nobre da Câmara!
Se eu algum dia fosse alvo duma homenagem pública como o foi agora Luis Santos, e me fosse dado a escolher o local, sem dúvida preferiria a biblioteca. Pela estética, pelo conforto, e pelo ar algo intimista que aquele anfiteatro transmite.
Ao invés, o salão nobre da Câmara, àparte o seu simbolismo por ser o local que é, não é bonito, não acolhedor, não é nada. Aquilo, à excepção talvez dos quadros que lá estão pendurados, mais parece um armazém para alfaias agrícolas, um pouco ao género do pavilhão das feiras de stocks e romarias, também conhecido por Pavilhão Multiusos ou lá o que é...
Aquele salão com aquelas lâmpadas fluorescentes e aqueles ferros transversais tem tudo menos dignidade para ser nobre, e se é a primeira sala de visitas da cidade como deve ser, então representa muito mal a cidade.
Ah, a propósito, o quadro por detrás da mesa está torto. Alguém faça o favor de pedir ao senhor presidente da câmara que mande um técnico endireitá-lo.

Post Scriptum - Ao Luis Santos, tanto quanto eu conheço dele, é indiferente o local da homenagem. Para ele é mais importante sentir que o acto reflicte um sentimento sincero de amizade...