segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Aflições são aflições, mas...


A câmara de Tomar terá, sem dúvida alguma, urgente e imperiosa necessidade de contratar um técnico superior de conservação e restauro. É o que se deduz da versão oficial deste anúncio, publicado no Diário de Notícias de 04/11/2011, página 4 - publicidade, a qual não é totalmente coincidente, pelo que a seguir se transcreve na íntegra: Diário da República, II série, nº 211, "Aviso nº 21851/2011 - Abertura de procedimento concursal comum para recrutamento excepcional de um trabalhador para a carreira e categoria de técnico superior em regime de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado -código da oferta nº 22/2011, página 43761".
Tratando-se de um recrutamento excepcional (negrito de Tomar a dianteira), factos graves e ponderosos haverá que o justifiquem, uma vez que contraria as orientações governamentais, que são de austeridade e redução de despesas com pessoal, bem como a dramática situação económico-financeira do município. É claro que a usual política de mutismo não facilita nada o esclarecimento de situações particulares como esta, que além de transgredir normas governamentais e de carecer de bom senso, deixa perplexos alguns funcionários e observadores externos.
Assim à primeira vista, a grande utilidade do técnico a contratar poderá ser a conservação do actual executivo e, sobretudo, o restauro da sua há muito perdida credibilidade. Porque quanto ao resto, não se entende de todo tal iniciativa. Pois se a autarquia recorre ao outsourcing para a comunicação, a jardinagem, a segurança, o acompanhamento de visitas turísticas e a advocacia, por exemplo, porque não há-de fazer o mesmo em relação à conservação e restauro? Tanto mais que o Instituto Politécnico de Tomar dispõe, ao que consta, de excelentes recursos tecnológicos e óptimos técnicos nessa área, com amplas provas já dadas por esse país fora, nomeadamente no magnífico restauro da estatuária manuelina da Charola templária.
Acresce que, perante mais uma contratação, ainda por cima numa área pouco ou nada essencial ou prioritária em tempo de crise, aqueles funcionários que aguardam há anos por promoções que continuam congeladas, ficam perplexos e com sérias dúvidas a respeito da equidade tão reclamada pelo senhor Presidente da República, no que toca ao município tomarense nalguns dos seus sectores. Quanto aos observadores externos, alguns até já garantem e estão prontos a apostar que se trata de mais um concurso "com fotografia", avançando com o nome de determinado arquitecto. No entanto, tendo em conta a fraca remuneração proposta (1.201,48€ brutos), quando comparada com o que o dito aufere neste momento ao serviço da autarquia, persistem fortes dúvidas. A menos que, com a próxima mudança na liderança do executivo, que continua a estar prevista para meados deste mês, se temam algumas dispensas imprevistas e prematuras, que por isso urge remediar...
Há também e finalmente a população, que tudo consente e tudo paga, mas lá vai refilando pela calada. Com toda  a razão de resto, pois contratar pessoal em vez de o reduzir, como é necessário, inevitável e urgente, se não é  uma afronta, imita muito bem.

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