sábado, 19 de novembro de 2011

Alergias...

É dos livros mais elementares. Em democracia plena, como aquela em que felizmente vivemos graças ao impulso inicial dos militares, somos todos iguais, temos todos os mesmos direitos e deveres, somos todos inocentes até prova em contrário. Resulta por isso algo inesperado constatar que há gente na política com epidermes demasiado sensíveis, daí advindo manifestações alérgicas, nem sempre do melhor gosto. Compreende-se que, de quando em quando, um ou outro se possa irritar perante evidentes calúnias ou apreciações da vida privada. Quanto ao resto, porém, é totalmente inaceitável que cidadãos no desempenho provisório de cargos políticos, para os quais foram eleitos, possam comportar-se como se estivessem acima de qualquer suspeita, nunca cometessem erros e integrassem uma tribo isenta de defeitos.
Em menos de 24 horas os transitórios autarcas Corvêlo de Sousa e Rosário Simões, por acaso da mesma maioria relativa, foram notícia por se terem manifestado contra críticas legítimas aos seus respectivos desempenhos. Rosário Simões, cujo carácter difícil é bem conhecido desde há muito, pelos vistos não melhorou nada com a ida para a política. Numa animosa troca de galhardetes com José Vitorino, reportada pela sempre oportuna Rádio Hertz, teve este desabafo bem elucidativo: "Quem esteve à frente disto fui eu e como tal não admito este tipo de insinuações." Extremamente comichosa, dirão os mais populares; hipersusceptível, dirão os mais punhos de renda; alérgica à critica, digo eu. Pelo que está numa área errada, uma vez que quem manifesta intolerância às opiniões alheias, deve abster-se de ocupar lugares políticos, em democracia sempre sujeitos às piores ventanias de toda a ordem.
Poucas horas mais tarde, Corvêlo de Sousa foi justificar-se na Rádio Hertz durante duas horas e não perdeu a ocasião para ir injuriando pacatamente quem dele discorda. Num estilo da família do de Rosário Simões, mas em muito mais mavioso e diplomático, lá foi dizendo que quem aventa a hipótese da sua próxima renúncia ao cargo que ocupa provisoriamente, é porque não tem mais nada que fazer. Para logo mais adiante acrescentar que deve haver alguma intenção em tudo isto, no que está cheio de razão. No que me diz respeito há uma intenção que nunca escondi: livrar o concelho da actual maioria relativa e acólitos, antes que seja demasiado tarde. Se Corvêlo de Sousa e os seus pares estiverem interessados, posso fundamentar de forma detalhada porquê e para quê. Basta que escolham e me indiquem a hora e o local.
Noutro passo da sua intervenção, afirmou não estar agarrado a coisa alguma, sentindo-se bem, entusiasmado e persistente. Exactamente o que eu temia desde há muito: Não há pior cego do que aquele que não quer ver, nem pior surdo do que aquele que não quer ouvir. 
A propósito: Quando é que estoira a coligação? A renúncia colectica da maioria relativa ainda vai demorar muito? Há ocasiões que nunca mais se repetem.

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