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O repentino agudizar da crise política local, para além de constituir um sempre benéfico safanão na rotina, já evidenciou uma vantagem: destravou a veia crítica de alguns intervenientes. Um deles apresenta um balanço sucinto da contabilidade autárquica. O outro alarga-se em opiniões, das quais se destaca a sua oposição a eleições intercalares. Deixemos desta vez a questão dos números. Fixemo-nos na repentina e inusitada crise política tomarense, cujas causas são por demais conhecidas.
O repentino agudizar da crise política local, para além de constituir um sempre benéfico safanão na rotina, já evidenciou uma vantagem: destravou a veia crítica de alguns intervenientes. Um deles apresenta um balanço sucinto da contabilidade autárquica. O outro alarga-se em opiniões, das quais se destaca a sua oposição a eleições intercalares. Deixemos desta vez a questão dos números. Fixemo-nos na repentina e inusitada crise política tomarense, cujas causas são por demais conhecidas.
Como é sabido e bem disse o poeta espanhol Miguel Herdandez, "o futuro é o único sítio para onde podemos ir". Por outras palavras, não adianta tentar travar o tempo, que ele não se compadece com infantilidades ou patetices. Donde resulta que, no estado actual do charco político nabantino, não é difícil perspectivar as várias hipóteses: A - Arrastar as coisas, engonhar, queimar tempo, para que tudo continue mais ou menos na mesma até Outubro de 2013; B - Tentar governar em minoria, graças à abstenção de pelo menos uma das componentes oposicionistas; C - Governar com maioria caso a caso; D - Negociar um executivo de unidade local; E - Renunciar e convocar eleições intercalares.
A primeira hipótese, se for tentada, terá vida breve, uma vez que depende quase inteiramente da passividade da oposição. Com uma urgentíssima e indispensável revisão orçamental a aprovar na AM e o orçamento para 2012 a debater no executivo, nunca chegará a meados de 2012, por falta de "combustível", quanto mais até Outubro de 2013. A segunda possibilidade padece da mesma debilidade temporal. Poderá durar um mês ou dois, caso a oposição se deixe "adormecer" mediante contrapartidas, mas nunca até finais de 2013. Governar em minoria caso a caso, exige um esforço negocial constante, bem como uma destreza política que a relativa maioria laranja nunca demonstrou até agora. Negociar um executivo de unidade local poderia ser a melhor solução para Tomar, caso houvesse disponibilidade de parte a parte. Infelizmente não há. O PSD nunca praticou o diálogo com os seus parceiros de coligação, apesar de ter subscrito um documento onde se compromete nesse sentido; o PS não teria denunciado o acordo, se estivesse interessado em continuar coligado com a relativa maioria, com todos os inconvenientes daí resultantes; os IpT não negoceiam com o PS nem querem comprometer-se, seja de que forma for, com as numerosas "alhadas" que a maioria relativa tem pela frente e às quais se não pode eximir.
Por conseguinte, tendo também em consideração que o executivo está impossibilitado de governar durante muito tempo em regime de duodécimos, dada a sua dramática situação perante os fornecedores, a hipótese de eleições intercalares aparece no estado actual das coisas como a menos má de todas. Diria até a única realmente viável até às autárquicas de Outubro de 2013.
E que ninguém venha com quimeras ou com desculpas de circunstância. É dispendiosa uma eleição local? Pois é! E então? Acaba-se com a democracia porque é cara? Não vale a pena convocar eleições intercalares, porque ano e meio mais tarde haverá novas eleições? Não brinquem com coisas sérias! Seguindo semelhante raciocínio, também não valeria a pena celebrar este Natal, uma vez que para o ano há outro e assim sucessivamente. O mesmo se diga, aliás, de qualquer outra actividade humana: almoçar, tomar banho, ir de férias, acasalar...
Quando será que os nabantinos se habituam a encarar as coisas como elas são realmente e a agir em consequência, em vez de insistirem em fantasias pessoais sem qualquer base sociológica?
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