Jornal i, 21/11/2011, páginas 18/19
Percorrendo o jornal i de hoje, veio-me à memória uma velha anedota, quando lia o excelente trabalho de Sílvia Caneco sobre os municípios, a crise e as iluminações de Natal. A bem dizer, um trabalho da Caneco!
Ao constatar que vários municípios, nomeadamente o do Entroncamento, deliberaram suprimir as tradicionais iluminações da quadra e com o dinheiro assim poupado distribuir comida aos pobres, concluí que a autarquia nabantina deve estar convencida de que a luz se come. Que outra explicação plausível para o facto de manterem as iluminações habituais, apesar da crise e de tanta miséria, explícita e escondida, que por aí há? Foi nesta parte do raciocínio que rememorei a tal chalaça.
Noutros tempos não ousaria publicá-la aqui, uma vez que se tratava de conversa só para cavalheiros e adolescentes já vividos. Hoje porém, com a brutal liberalização dos costumes, julgo que passaria por bota de elástico se me abstivesse de a contar, alegando o seu carácter assaz picante. Ela aí vai. Se quem lê aprecia o puritanismo, fará o favor de passar adiante, a outra leitura mais banal.
Em determinada família da classe média alta, um menino de 4 anos faz inesperadamente uma pergunta insólita à mãe: -Oh mamã, a luz come-se? -Olha que pergunta mais parva! Claro que não, menino! Porque é que pergunta? -Porque ontem o papá fechou-se com a empregada no quarto e ouvi-o dizer-lhe -Apaga a luz e mete na boca!
Os senhores autarcas executivos nabantinos da relativa maioria também devem estar convencidos, tal como o menino da história, de que a luz se come. Só que, como já são adultos e bem vacinados, dúvidas é coisa que nunca têm, pelo que nunca fazem perguntas para se esclarecer. É pena! Sempre iam aprendendo alguma coisinha...
Sem comentários:
Enviar um comentário