sábado, 26 de novembro de 2011

Realidade virtual



Já votou, na consulta à opinião pública, à direita do ecrã?

Num recente evento para empresários da região, organizado pela NERSANT no Hotel dos Templários, compareceu o Secretário de Estado adjunto do Primeiro-Ministro, Carlos Moedas, acolhido pelo vice-presidente Carlos Carrão. No uso da palavra, o eleito tomarense debitou as habituais frases de circunstância:"É bom que haja articulação entre as autarquias e o mundo empresarial. Vivemos dias difíceis e Tomar não foge à regra. Estamos numa situação complicada, conforme demonstram as inúmeras insolvências. Tem de haver consciência, por outro lado, que as crises devem ser momentos de oportunidade. A autarquia irá apostar em criar as melhores condições para os nossos empresários." (Rádio Hertz)
Aceita-se o "Tomar não foge è regra", conquanto haja bastantes excepções e cinco autarcas a tempo inteiro num município falido, tal como a ideia de que "as crises devem ser momentos de oportunidade", quando bem sabemos que todas as crises, mesmo as mais breves, duram sempre uma eternidade. E então esta que atravessamos... O que já não pode deixar de causar um sorriso condescendente é a afirmação de que "A autarquia irá apostar em criar melhores condições para os nossos empresários." Com efeito, todos os geralmente bem informados sabem que Tomar tem a mais complicada e chatérrima burocracia da zona centro do país, as taxas e regulamentos mais desfavoráveis ao investimento, casos de projectos que levaram mais de dez anos a ser aprovados e, garantem alguns investidores escaldados, sem mais detalhes, um nível de corrupção que custa o dobro do usual na zona, incluindo mesmo Leiria.
Tendo em conta que a autarquia nabantina é dominada há 14 anos pelo PSD, torna-se evidente que o vice-presidente Carrão, tal como quase todos os outros eleitos, vive numa bolha de realidade virtual. Infelizmente para ele e para os tomarenses.
Outro exemplo de semelhante alheamento do mundo real foi dado por uma senhora eleita laranja na mais recente sessão da Assembleia Municipal. Debatia-se a contratação de meia dúzia de cantoneiros de limpeza, técnicos de salubridade urbana além-Pirinéus, engenheiros do ambiente para as bandas escandinavas. João Simões disse que os IpT votariam a favor com satisfação, pois a cidade bem precisa, porque está suja, causando má impressão a quem nos visita. Logo a senhora retorquiu que discordava de tal afirmação, pois a cidade não está suja. As fotos supra mostram que a distinta eleita PSD, ou não vive cá, ou não circula pelas artérias da cidade antiga, aquelas que os visitantes procuram. É, por conseguinte, mais um caso de evidente realidade virtual.
Como dizia o meu avô, na primeira metade do século passado, "Esta gente não se enxerga!" Porque será?

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