quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Mais uma etapa na via dolorosa...

Vai decorrer hoje mais um ajuntamento dos sete magníficos nos Paços do Concelho. Ajuntamento, porque a uma coisa não preparada capazmente seria abusivo denominar de reunião e ainda menos de sessão de trabalho. Com efeito, há já longos meses, praticamente desde sempre, que vários eleitos do executivo se lastimam por não poderem estudar os processos, dado que só conhecem as ordens de trabalhos praticamente em cima da hora. À portuguesa...
Do longo rol de assuntos, apenas se passam a destacar alguns que, pelo seu pitoresco, melhor caracterizam a agonia custeada por todos nós que se vive naquela casa: "Transportes Urbanos de Tomar - Projecto de Regulamento de FuncionamentoEmpreitada de arranjo urbanístico da Envolvente ao Convento de Cristo - Atraso na execução dos trabalhos; Empreitada de Recuperação do Museu Castilho - Realização de trabalhos para supressão de erros e omissões do projecto; Empreitada de Recuperação do Museu Castilho - Suspensão parcial dos trabalhos; Avaliação do Património Municipal; Carta da Comissão Central da Festa dos Tabuleiros - Solicita apoio financeiro para fazer face às despesas com material eléctrico; Procedimentos concursais comuns e recrutamento excepcional de trabalhadores.
Ou seja, por ordem, para se não perder o fio à meada. Em vez de seguirem a norma comum, que visa informar o leitor de forma sucinta mas cabal, as Ordens de Trabalhos da câmara apenas fazem crescer água na boca. Por exemplo: TUTs - Projecto de Regulamento de Funcionamento. Significa que têm estado e estão a funcionar ad hoc? Não se tratará antes de uma forma encapotada de tentar aumentar as tarifas?
Obras da Envolvente ao Convento de Cristo - Atraso na execução dos trabalhos. Isso já toda a gente sabe. Mas porquê? O desastre do alambor nada tem que ver com o assunto, designadamente com a colocação do tapete na Av. Vieira Guimarães - Estrada do Convento, aguardado há mais de 6 meses.
Recuperação do edifício da antiga Comissão de Iniciativa e Turismo, dito "Museu João de Castilho": A um qualquer particular, se faltar nem que seja uma vírgula ou um outro sinal convencional no projecto de obras que apresente para licenciamento, é chamado passadas várias semanas ou até meses, para suprir as carências detectadas. Tratando-se da autarquia, como mais uma vez se constata, pode haver erros e omissões com fartura, que a coisa avança na mesma. Depois logo se remedeia, com os subsequentes custos suplementares para o Município e lucros para as empresas adjudicatárias. E ainda não chegou a altura do Elefante Branco da Levada, para o qual -segundo declarações do próprio arquitecto Chuva Gomes- ainda não há projecto mas apenas um guião. O  que significa que, uma vez concluídas as coberturas, as calhas técnicas, as especialidades e a paramentação das paredes, ninguém sabe ainda o que virá a seguir. Isto numa visão optimista, porque se calhar logo após as coberturas já ficam todos às aranhas. Aguardemos.
Avaliação do património municipal: Como dizia o meu avô paterno, que esbanjou uma fortuna, "é sempre mau quando se encomenda uma avaliação das pratas da família".
Carta da Comissão Central da Festa dos Tabuleiros . Apoio financeiro para fazer face às despesas com material eléctrico. Assim qualquer um consegue! Com a autarquia a pagar as despesas todas, a fornecer meios de transporte, pessoal, terrados, electricidade e generoso subsídio, qualquer cidadão honesto, mesmo que impreparado, consegue apresentar um saldo positivo com o actual e mais do que ultrapassado figurino organizativo da Festa dos Tabuleiros, uma vez que os contabilistas tratam disso. Havendo saldo negativo, a autarquia que pague o remanescente. Ganda terra!
Procedimentos concursais comuns e Recrutamento Excepcional de Trabalhadores: Com o país e o concelho na situação de todos conhecida; com a troika e o governo a imporem a redução de funcionários; o executivo tomarense continua a proceder como se fosse surdo e cego. E depois ainda têm a distinta lata de mencionar "Recrutamento de Trabalhadores". Salvo raríssimas excepções, se houvesse mesmo trabalhadores na Função Pública, já há muito tempo que se saberia. O que há com fartura são empregados/administrativos/burócratas, alguns dos quais, certamente para chuchar com os contribuintes e agradar aos sindicatos, têm a categoria oficial de "assistentes operacionais", quando apenas operam a respectiva conta bancária e alguma papelada geralmente supérflua...
Triste país, triste terra, triste gente, tristes tempos estes!

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