"Câmara de Tomar processada por dívidas", noticia O TEMPLÁRIO, que assim desfere um violento murro no estômago de todos aqueles tomarenses que amam a sua terra ma detestam passar por aquilo que não são. Neste caso por caloteiros. Já se sabia que a autarquia nabantina está virtualmente falida e encravada em dívidas a fornecedores, na ordem dos 12 milhões de euros = 2,4 milhões de contos. O que ninguém esperava, fora dos Paços do Concelho, era que a edilidade da sua terra fosse processada para pagamento de dívidas. Ainda para mais dívidas insignificantes, em relação ao megalómano orçamento de 66 milhões de euros = 13,2 milhões de contos. Num caso 1.200 euros = 240 contos, referentes à compra de secadores de mãos para casas de banho. No outro 11 mil euros = 2.200 contos, de uma tenda para a protecção civil. Ambas as empresas credoras são do norte e desferem assim um golpe mortal na actual executivo. Não pelos montantes reclamados, que naturalmente serão liquidados antes de se chegar à execução judicial, mas por aquilo que denotam e em termos de reputação.
Quando um município de quase 40 mil eleitores é processado por dívidas ridículas, uma de três: 1 - Ou só paga atempadamente aos fornecedores do concelho, porque são os únicos que podem prejudicar em termos de votos; os de longe que se lixem; 2 -´Ou o pelouro de administração financeira funciona de maneira tão caótica que ninguém se deu conta do atraso nos pagamentos agora reclamados; 3 - Ou a situação é de tal forma apertada que a crónica falta de liquidez obriga a desviar verbas, destinadas a pagar a fornecedores, para outros fins mais importantes em termos eleitorais. Pagar a tempo e a horas aos funcionários, por exemplo.
Qualquer que seja o caso, trata-se de um rombo praticamente irreparável na reputação do município. De tal forma grave que os próximos e inevitáveis empréstimos a obter junto da banca custarão de certeza mais de 10% ao ano.
Numa outra vertente, os fornecedores vão agir de dois modos diferentes. Por um lado, doravante apenas entregarão as encomendas do município contra dinheiro na mão. Por outro lado, os processos para cobrança litigiosa vão multiplicar-se. E Outubro de 2013 ainda tão longe... Mas como os tomarenses parecem conformados, que havemos de fazer? Sem eles nada é possível; com eles também não.
O outro assunto da semana no jornal de José Gaio é a resposta do irmão provedor Fernando Jesus ao irmão contestário Sérgio Martins. Tudo relacionado com a algo conturbada situação que se vive naquela Santa Casa, em que alguns irmãos se revelam cada vez menos fraternos. Para não entrar em politiquices, num caso que é por assim dizer do domínio privado, pois só diz respeito aos membros da irmandade, onde não entra quem quer, limito-me a lamentar que o senhor provedor intitule a sua epístola "O expatriado", modo subtil de alcunhar de meteco Sérgio Martins, quando afinal está na mesmíssima situação, uma vez que também não nasceu nem cresceu nas margens do Nabão. Deselegância por deselegância, mais valia não se ter armado em tomarista para defender os seus pontos de vista.
Esta abençoada terra gualdina -como muito bem diziam Cartaxo da Fonseca e Fernando Ferreira- sempre foi madrasta para os seus filhos e mãe para os de fora. Mas convém não abusar, que dá muito nas vistas.
No CIDADE DE TOMAR, os dois principais temas quentes situam-se na área do Estado-papá de todos nós. Teme-se que a eventual privatização da CP possa vir a prejudicar o Ramal de Tomar e destaca-se a decisão do executivo camarário que "deliberou pela isenção imediata de portagens na A13 para residentes e empresas". Se o actual executivo gozasse de boa reputação, ou os tomarenses fossem gente para reivindicar activamente os seus direitos ou simples pretensões, talvez o governo ouvisse o que agora se pretende. Mas com uma vereação já mais queimada que o carvão e uns eleitores que se mantêm impávidos e serenos face aos piores atropelos, a deliberação do executivo vale tanto como uma eventual bênção que eu endereçasse por este meio aos meus conterrâneos de boa vontade.
Em qualquer caso, uma coisa é certa: com o inevitável agravamento da crise e mais esta vergonha da cobrança litigiosa de dívidas, os actuais membros do executivo bem podem ir procurando outros pontos de queda, a partir do final dos mandatos actuais. Se por evidente e lamentável erro de casting vierem a apresentar-se nas próximas autárquicas, apenas vão contribuir para aumentar ainda mais a já preocupante percentagem de abstenção. Em política também não há milagres e o povo pode ter muitos defeitos, pode até perdoar, mas não esquece...
Sem comentários:
Enviar um comentário