quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

OS FACTOS NÃO MENTEM

Começo com uma fotografia escura e sem horizonte. à imagem do que me parece ser o nosso futuro como comunidade.
Quem votou PSD ou PS, em 27 de Outubro, convencido de que essas candidaturas tinham realmente aquilo que proclamavam -projectos coerentes e articulados- já terá percebido que, no fim de contas, era só palavreado. O posterior arranjinho local feito à pressa, bem como aquilo que se tem seguido, mostram que não há planos à altura, nem capacidade ou sequer vontade para os elaborar ou mandar executar. Faltam ideias fecundas, eis tudo.
A actuação do "quinteto três mais dois", que resultou do tal arranjinho alinhavado a correr, designadamente em relação aos grandes problemas locais, como por exemplo o cada vez mais provável atentado à integridade e autenticidade da Janela do Capítulo, ou a elaboração do Orçamento para 2010, já permite perceber que, em termos sociológicos e políticos, apareceu e está a desenvolver-se em Tomar uma nova camada social.
Como os leitores que fazem o favor de nos seguir com alguma atenção bem sabem, tradicionalmente e desde o tempo da outra senhora, havia e há em Tomar três grandes grupos humanos -os tomarenses, os tomaristas e os tomarudos. Os primeiros gostam da sua terra e das suas gentes mas não fazem disso um emblema, embora estejam sempre prontos para ajudar, dentro das suas capacidades. Os tomaristas usam Tomar na lapela, proclamam por todo o lado que não há mais tomarense do que eles, mas só ajudam mediante retorno ou por cálculo. São os oportunistas. Tanto aqueles com estes, por razões que falta apurar convenientemente, integram na quase totalidade o grupo dos tomarudos. Ar de monjes arrependidos, mudos e quedos, com cara de poucos amigos, parece que todos lhe devem e ninguém lhes paga. Ou que lhes aconteceu nas véspera uma tragédia familiar. Como se os outros cidadãos tivessem alguma culpa de que tais tomarudos nem sequer gostem do que vêem quando estão frente ao espelho.
à juntar a estes três grupos havia e há um outro, muito reduzido, composto por todos aqueles que são capazes de trabalhar em prol do interesse geral, sem esperar benesses, agradecimentos ou reconhecimento social. São os tomarensistas, entre os quais julga contar-se este vosso tosco servidor.
Nos últimos anos, sobretudo com o reforço dos fundos europeus e respectivas consequências, bem como o já citado arranjinho, aos quatro grupos anteriores veio juntar-se uma outra camada, composta por cidadãos que se consideram um escol, mesmo quando nem sequer foram eleitos. Estou a falar dos tomarenseiros, que são os tomarenses interesseiros, cujo lema parece ser primeiro eu, primeiro eu, primeiro eu, depois nós, depois nós, depois nós; os outros que se lixem.
Basta reparar, entre outros factos que não mentem, na atitude face ao "Apelo para salvar a Janela do Capítulo". Nenhum dos eleitos coligados assinou. Todos alegaram dúvidas. Todavia, nenhum pediu esclarecimentos. É preciso ser mais claro ?
Estamos, claramente, perante uma situação original -Elegemos gente para nos representar na defesa dos nossos interesses e nos da cidade que somos. Os escolhidos não só não fazem aquilo para que foram eleitos, como recusam apoiar-nos quando pretendemos apenas fazer aquilo que a eles competia. Mas nunca se esquecem de receber pontualmente o vencimento e de beneficiar de outras alcavalas.
Se julgavam que ninguém dava por isso, aqui fica o reparo. Com clareza mas sem acrimónia, que o que não tem remédio, remediado está. Pelo menos por agora, mas largos dias têm cem anos...
Agravando a nossa triste situação, o prestígio da actual coligação, o citado "quinteto três mais dois", junto do governo central, é nulo ou mesmo negativo. Quem presume que o facto de estar coligado à pressa com o PS dá ao PSD local algumas vantagens negociais junto do governo Sócrates, bem pode mudar de lentes. O novo presidente do IGESPAR, que é um mero funcionário superior de nomeação política, abaixo de secretário de estado ou até de director-geral, veio a Tomar recentemente. Manda o protocolo, a etiqueta, as boas maneiras, se preferirem, que qualquer membro da administração central, mormente quando nem sequer foi escolhido pelos eleitores, venha cumprimentar em pessoa o presidente da câmara, (seja ele quem for e seja qual for a sua cor política), na qualidade de representante legítimo e legal de todos os habitantes, e por isso o primeiro entre eles. Pois o senhor presidente igespariano, que já antes havia tentado esclarecer por telefone o presidente tomarense na questão da lavagem da Janela, tendo-lhe mentido, (se calhar involuntariamente), limitou-se a visitar as obras do Convento e a telefonar a Corvêlo de Sousa. Apresentou-lhe os seus cumprimentos e pediu desculpa por não ter tempo para vir cá abaixo.
Perceberam, ou querem que vos faça um desenho ?

6 comentários:

Anónimo disse...

... uma espécie de "Figurinos do Rosa & Teixeira", é isso, plagiando o meu amigo "pró-7RA" que utilizou esta expressão para caracterizar certas pessoas.... , que gostam de preservar o seu bom nome, a sua privilegiada posição, o seu "status",
a sua institucionalidade oficial, as suas fidelidades, etc.

Como o APELO já não é só seu, é agora também meu e de todos os que o subscreveram, não queria vê-lo fracassar. Já contactei por telefone quatro pessoas, mas eles responderam: esses gajos lá dos "Patrimónios" sabem muito dessas coisas! - Está bem abelha...

(Estas coisas de APELOS e PETIÇÔES da sociedade civil são mais contundentes com os instalados do que se imagina. O resultado está à vista.... ).

FAÇO UMA PROPOSTA: se se organizarem, entre os que subscreveram, duas ou três comissões de recolha de assinaturas
para actuarem a partir de àmanhã até domingo, estarei aí para participar.

Fernando Rosa Marques
-Subscritor-

Sebastião Barros disse...

Agradeço a tua generosa ideia. Desde que as pessoas não sejam constrangidas a assinar, serão todas bem-vindas.
Mas não te esqueças que a argumentação que apresentam pode geralmente ser resumida numa de duas fórmulas: 1-Estou de acordo com a limpeza da Janela. Eles sabem muito bem o que fazem. São especialistas. Se houver azar logo se vê; 2-Tenho medo de perder a gamela.

Um abraço
Sebastião Barros

Anónimo disse...

Lá saber, sabem. Já nos Jerónimos e na Senhora da Conceição também sabiam. É preciso é sacar.

Anónimo disse...

Pergunto (séria e genuinamente)? A Igreja de Nossa Senhora da Conceição não estava em estado avançado de degração? Em perigo que lhe caísse o telhado? Com fissuras a indicar eminente derrocada? O restauro que lhe fizeram não serviu para que ela se mantenha em pé, para que as gerações vindouras possam testemunhar o passado?

Sebastião Barros disse...

Para 09/12, 19:16

Quem lhe contou essa história não deve ser muito amigo da verdade. A fotografia que publiquei, com a telha vidrada verde, é dos anos 90 do século passado. Se clicar sobre ela duas vezes, para a ampliar, verificará que o telhado estava em bom estado, até porque assente sobre abóbadas e não sobre madeira.
Quem difunde tais informações deve visar certamente objectivos menos claros. Mas é o que mais vamos tendo.
Aliás, o grande problema é mesmo esse. As empresas contratadas para fazerem as obras dizem que fizeram assim e afinal fizeram assado. Como não há fiscalização, podem mentir à vontade...e lucrar muito dinheiro.

Anónimo disse...

Já percebi... então, mentiram-me! Obrigada pelo esclarecimento