domingo, 13 de dezembro de 2009

VERY TYPICAL IN-DEED !!!




Os turistas que chegam a Tomar de automóvel, de autocarro ou de comboio, vindos de Lisboa, são a esmagadora maioria. Pois ainda bem que assim é, porque ficam seguramente encantados com a paisagem urbana, logo à entrada da urbe gualdina. E satisfeitíssimos. Não pode ser de outra maneira. Numa altura de poupança, ver uma paisagem do terceiro mundo, de Tegucigalpa, Bombaim ou Monróvia, sem sair da Europa Ocidental, é um verdadeiro achado. Uma autêntica pechincha, que convém aproveitar e desfrutar enquanto há.
Se forem cidadãos da União Europeia, então ainda ficam mais entusiasmados. Constatam que os milhões para cá mandados têm sido muito bem aplicados. Até há projectores de solo na Corredoura (que por acaso nunca acendem, mas isso agora também não interessa nada, que o importante era pô-los lá; o resto é só maledicência de gente ressabiada...), pavilhões e recintos desportivos por todo o lado e auto-estradas paralelas, como na China. E até encontram, se procurarem bem ou tiverem um guia competente, duas pistas cicláveis que vão desembocar no parque de campismo "dos cidadãos de etnia cigana", como convém escrever, para não ser inconveniente, ou até reles racista.
Não há habitações sociais ? Não há alojamento urbano decente para o Rogério, que dorme de chapéu aberto quando chove, nem para o Zé Carlos, da casa de banho, nem para os velhotes da casa abandonada da Estrada de Leiria ? Calma ! Não se pode fazer tudo ao mesmo tempo ! Agora vamos fazer os museus da Levada, que são prioritários, sem sombra de dúvida. Vão custar uma pipa de euros, mas criarão mais uns quantos empregos públicos, que é o que está a dar. Depois logo se verá. Que diabo ! Não há dinheiro para tudo ! Primeiro a cultura e o desporto ! E as iluminações de Natal, claro ! Já que não vamos ter o TGV a passar por aqui, devido a uma birra do governo...
Lembram-se daquele cidadão que nadava, nadava, nadava, e continuou a nadar, mesmo quando já não havia água ? Há autarcas assim...
Pois ! Pois! Pois ! Não vale a pena dizer mais. Para bom entendedor...



4 comentários:

Maria disse...

É realmente impressionante, a entrada de Tomar.
Como você diz, claro que é muito mais importante, por holofotes que não acendem, fazer Museus, que pouca gente vê. Que importa se o Rogério tem de dormir de chapéu, ou o Zé Carlos vive numa casa de banho? Os senhores autarcas, vivem em boas casas, sem chapéu, com casas de banho de luxo, que provavelmente só servem para vista. Porque, se eles lavassem toda a porcaria que acumulam no corpo e na cabeça.
Tenho gostado (tristemente) destes últimos postes. Continue.
Maria

Pensamentos soltos disse...

Aquela "tabuleta" na primeira foto, parece querer incentivar alguém a fazer alguma coisa(obras por ex,)para mudar aquele postal nada convidativo, mais para turista, porque para os da casa essa vista á muito está enraisada, bem visto!

Anónimo disse...

Bom dia António Rebelo,

Eu sempre chamei a atenção para este estado de coisas naquela que é a principal entrada em Tomar, e por via disso o seu mais mediático cartão de visita. Convém realçar que muitas vezes a primeira impressão é aquela que mais perdura. É assim, como você pode constatar "in loco", e deixar aqui bem patente, o aspecto terceiro mundista que a cidade de Tomar, Templária para alguns, turística para outros, se apresenta a quem, conforme a direcção em que segue, nos visita ou nos deixa. Pedimos meças ao Soweto, a Manila, à Guiné-Bissau e a tantos outros locais desgraçados deste mundo donde nos chegam imagens muito semelhantes.
Claro que aquele aspecto quase "dantesco" que se avista da estrada não reflecte as condições de vida gerais da população, mas que não deixa de ser confrangedor...´

Há, no entanto, mais um aspecto associado à degradação profunda do campo do Flecheiro, principalmente na extremidade sul: o fedor intenso a dejectos humanos que irradia daquela orla de terreno entre a avenida e o rio, agora "camuflado" pelo frio, mas que no Verão, conforme o António Rebelo certamente já terá notado nos seus passeios pedestres pela zona, se espraia em todo o seu explendor pelas imediações. Quem por ali passe nos meses mais quentes, a pé ou de bicicleta, poderá confirmar. Para quem lá vive, ali mesmo em frente, nem quero imagiinar o que será abrir uma janela...
E é assim Tomar! Terra a que alguns teimam em chamar de cidade-jardim...

LoPes Cada disse...

Mas porque é que a autarquia há-de financiar alojamento para quem não trabalha, para quem rouba, assalta, espalha o pânico nos mais jovens e vai extorquindo os restantes ? Quando as polícias de intervenção lá entram nas barracas, aquilo é luz eléctrica, grandes plasmas, às tantas até ligação à net têm. Era o que mais faltava ser o reles contribuinte a pagar pela falta de trabalho dos outros !