quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O PROBLEMA DA JANELA E A CIDADANIA



Neste caso do apelo para tentar preservar a Janela do Capítulo, há um outro grupo social relativamente homogéneo que não está a ficar mesmo nada bem na fotografia de conjunto. Refiro-me aos meus queridos, apreciados e admirados colegas (e, não obstante, amigos e patrícios), professores. Somos à roda de 600 na cidade e no concelho. Tudo cidadãos oficialmente de alto gabarito intelectual. Todos bacharelados ou licenciados, alguns mestrados, um ou outro doutorado. Com vencimentos ao nível da Europa do Sul, como convém, somos a maior concentração de inteligêngia deste concelho e deste País, por assim dizer. Pois mesmo assim, aqui do concelho aceitaram até agora dar a cara, subscrevendo o referido apelo, meia dúzia de aposentados e um colega ainda em exercício. É só verificar no post "Salvar a Janela do Capítulo" (ir ao arquivo, do lado direito do écran, e clicar no título do post), para tirar qualquer dúvida.
Se fosse para um aumento de vencimento, uma redução de horário, a exigência de menos alunos por turma, a simplificação da burocracia, a adopção de medidas disciplinares enérgicas, a suspensão da avaliação, a progressão automática na carreira, a anulação dos quadros de zona pedagógica, etc, etc, etc, tínhamos aí dezenas de milhares de docentes na rua, a barafustar contra o ministério e contra o governo. Até íamos de autocarro até Lisboa e tudo. Agora para defender o património que nos foi legado ? Temos mais que fazer.
Entreajuda, fraternidade, bem comum, solidariedade, deveres de cidadania, reciprocidade ? Que é isso ? Neste mundo em que vivemos é cada um para si e Deus para todos, ou pelo menos para quem quiser.
Podia continuar por esta via cáustica, falando de visitas guiadas ao Convento, por exemplo, mas não irei por aí. Nunca apresentei facturas ou esperei agradecimentos de quem quer que seja. Agora já estou demasiado vivido para mudar no essencial. Prefiro por isso usar fragmentos alheios de que gosto particularmente.
Célestin Freinet, por exemplo, escreveu que um professor não ensina só, nem sobretudo, o que sabe e o que está no programa, mas sim aquilo que é. Já um conhecido padeiro, que era também filósofo espontâneo nas horas vagas, Venceslau Platão Farinha de sua graça, (estas coisas não se inventam), adorava repetir que as mesmas massas, nos mesmos moldes, cozidas nos mesmos fornos, durante os mesmos tempos e às mesmas temperaturas, produzem sempre os mesmos bolos ou pães. E parece-me que tinha toda a razão Não será certamente por mero acaso que os alunos são cada vez piores, dos autarcas é melhor nem falar, os deputados são como se sabe, o governo valha-nos Deus, e o primeiro ministro então...
Na natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma. O mesmo sucede em cada micro-sociedade.

2 comentários:

Pensamentos soltos disse...

Tenho visto muita vêz a janela do capitulo, mas agora é mesmo para ficar "escarrapachada" na lembrança.

Anónimo disse...

Dr. Rebelo escreveu o oráculo da Voluntários da República:

"E ainda bem que a cidadania em Tomar da expressao a todas as preocupacoes. Temos assim voluntarios para o patrimonio e cultura. BOA! 1 day ago
Se eu fosse Janela gritaria: 'deixem-me em paz', como nao sou, espero que os Homens saibam o que estao a fazer e a dizer. 1 day ago
Suja de liquens e do tempo, espero que a escolha das tecnicas e dos tecnicos para a sua obvia limpeza, tenham sido as melhores 1 day ago
Visitei há pouco o nosso simbolo maior, a Janela Oeste do Capitulo 1 day ago"

Está ver!

Com amigos destes Tomar nem precisa de inimigos!

E viva o cOltura! Vivó!