sábado, 26 de dezembro de 2009

SEBASTIANISTAS SERÔDIOS

D. Sebastião, rei de Portugal - Fundación Casa de Alba - Sevilha
Os tomarenses e outros habitantes da urbe que continuam pacatamente calados, à espera que o próximo ano venha a ser melhor do que este, bem podem mudar de ideias. Ou de terra, que ainda será melhor. Para que isso fosse possível, seria necessário que os senhores autarcas da circunstancial maioria 3+2 soubessem o que é preciso, o que querem e como lá chegar. Infelizmente tal não parece ser o caso. Factos recentes e convergentes indiciam mesmo o contrário.
Enquanto noutras cidades, com problemas igualmente graves (Santarém, por exemplo, que está à beira da falência), o orçamento para 2010 já foi elaborado, debatido e aprovado no executivo; discutido e votado favoravelmente, na assembleia municipal, aqui em Tomar ainda nem sequer está feito. Os senhores que nos governam parecem aguardar mais dias de nevoeiro, esperançados que talvez D. Sebastião... Como não quero que lhes falte nada, aqui lho deixo, com 18 anitos. Ainda a tempo de ser educado "à tomarense" -instalar-se à mesa do orçamento e esperar que outros vão fornecendo o indispensável.
Entretanto, instigados pelas bem remuneradas agências de comunicação, os edis lá vão fornecendo, aos semanários habituais porta-vozes da maioria, o pouco que há para dizer, e mesmo assim bem espremido. A semana passada foi o pedido de viabilidade de mais uma residencial na Corredoura. Esta semana temos direito à monitorização da qualidade do ar em 2010 e à rede de águas e esgotos na Pedreira. Como são assuntos visivelmente de lana caprina, os coitados dos jornalistas lá foram mais uma vez forçados a puxar pelo bestunto, tentando transformar tordos magros em perús gordos. Assim, enquanto num dos jornais somos informados que as obras da Pedreira já estão concluídas a 36 %, no outro há bastante mais factos dignos de menção. Ei-los: O presidente visitou as obras apesar de estar a chover, as obras estarão prontas no fim do próximo ano e, imaginem os leitores !, as obras incluem a repavimentação das vias e a construção de valetas. Não é mesmo extraordinário ?
Quanto ao facto de, uma vez as obras prontas, os pedreirenses terem de começar a desembolsar no mínimo, a preços actuais, 15 euros por mês (2,5 de água e o restante de taxas várias), o que vem dar 30 e tantos contos anuais, isso pode esperar.
Enquanto isto, os dirigentes das muitas associações culturais e desportivas do concelho foram convocados recentemente para uma reunião, "de trabalho", pois claro ! Diz quem participou que a dita durou duas horas bem medidas, e que nunca ouviu tanta banalidade e tanta palermice junta. Quanto ao senhor vereador da cultura, que presidia, esclareceu logo de início que estava para ouvir. Supõe-se que tendo em vista o tal orçamento para o próximo ano. Foi um balde água fria para alguns dos presentes que, imagine-se, também tinham vindo para ouvir. Infelizmente, segundo relataram mais tarde, não ouviram nada de aproveitável. E da boca do respeitável autarca então, nem uma para a caixa das almas. É o que vos digo: Vamos ter um rico ano novo !

1 comentário:

Maria disse...

Amigo Sebastião

Só lhe posso responder, com este poema de Manuel Alegre (poeta, não interessa a cor política). Parece-me, que ainda hoje está certo.
Ora repare.

Abaixo el-rei Sebastião

É preciso enterrar el-rei Sebastião
é preciso dizer a toda a gente
que o Desejado já não pode vir.
É preciso quebrar na ideia e na canção
a guitarra fantástica e doente
que alguém trouxe de Alcácer Quibir.

Eu digo que está morto.
Deixai em paz el-rei Sebastião
deixai-o no desastre e na loucura.
Sem precisarmos de sair o porto
temos aqui à mão
a terra da aventura.

Vós que trazeis por dentro
de cada gesto
uma cansada humilhação
deixai falar na vossa voz a voz do vento
cantai em tom de grito e de protesto
matai dentro de vós el-rei Sebastião.

Quem vai tocar a rebate
os sinos de Portugal?
Poeta: é tempo de um punhal
por dentro da canção.
Que é preciso bater em quem nos bate
é preciso enterrar el-rei Sebastião.

Manuel Alegre

Um abraço

Maria