sábado, 26 de dezembro de 2009

UMA DESGRAÇA NUNCA VEM SÓ




É do conhecimento geral que cada povo é formatado de determinada maneira, essencialmente pela língua e pelos costumes. O chamado peso sociológico. No caso português, logo nos primeiros séculos da nossa era, um viajante romano deixou escrito que "no ocidente da hispânia vive um povo, os lusitanos, que se não sabe governar nem deixa que o governem". Muitos séculos mais tarde, na primeira metade do século passado, Unamuno, um escritor espanhol, anotou que os portugueses eram um povo de suicidas, não tanto por porem termo à vida mais do que os outros, mas simplesmente porque, mesmo quando avisados de que caminham para o abismo, prosseguem impávidos e serenos a sua marcha.
Nestas condições, não espanta demasiado que em 2009/10 estejamos, aqui em Tomar, numa situação assaz curiosa, em termos de conservação do património e de acolhimento dos turistas. É o caso que, enquanto o IGESPAR, por razões difíceis de descortinar, (ver foto acima) , resolveu mandar limpar/lavar a Janela do Capítulo, com o apoio objectivo da actual maioria autárquica tomarense, e dos que dela dependem; a Câmara adjudicou a empreitada da requalificação do caminho pedestre entre a cidade e o Castelo, pela Torre da Condessa. Esta empreitada inclui igualmente a iluminação do citado percurso, quando é sabido que tanto a Mata como o Castelo/Convento encerram às 18 horas no verão e às 17 horas no inverno, bem como o arranjo da casa do guarda, situada à esquerda de quem entra na antiga Cerca conventual.
Praticamente a dois passos do Convento e da entrada da Mata, o Tanque da cadeira d'el-rei, da primeira metade do século XVII, está conforme documenta a fotografia há mais de dois anos. Na vertente oposta, a Charolinha, edícula renascentista do reinado de D. João III, sofre as agruras do tempo e os atentados dos homens, tudo na indiferença geral. Ambos os monumentos já pertenceram ao Convento, um integrado no sistema de abastecimento de água, o outro como logradoura da Cerca dos Frades, sendo actualmente da responsabilidade do ICN- Parques Nacionais. Perante situações destas, com dinheiro mal gasto nuns lados e a fazer tanta falta noutros, não dá mesmo vontade de bater com a cabeça nas paredes ?

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