terça-feira, 1 de dezembro de 2009

OIÇAM QUEM TEM EXPERIÊNCIA

Há leitores que me apodam de pessimista profissional. E sobretudo, sobretudo, de especialista de má-língua. Sabedor de que assim é, procurei indagar o que pensam outros cidadãos na minha posição -aposentado, amigo do meu país e apaixonado pela minha terra, sem ambições políticas, sem nada a ganhar ou a perder. Por conseguinte com inteira liberdade para dizer o que penso.
Tive sorte. Na sua habitual crónica semanal "O tempo e a memória", no Diário de Notícias, Mário Soares é frontal, como habitualmente, e expõe numa página inteira aquilo que lhe vai na alma, naturalmente sem qualquer constrangimento. Peço licença para reproduzir, com a devida vénia, a parte que mais nos diz respeito, aconselhando os leitores a substituirem governo por autarquia, primeiro ministro por autarcas, PS por PS/PSD, e assim sucessivamente, quando for caso disso.
"A situação portuguesa está a deteriorar-se, perigosamente acho eu, tanto no plano económico-social como político-institucional e moral. E o pior é que assim vai ser muito difícil vencer a crise global de que -atenção !- estamos longe de ter saído. Tanto a União Europeia como nós. Mas não basta fazer o diagnóstico da situação. É necessário um plano estratégico concertado de ataque à crise e, sobretudo, agir em conformidade com ele.
Todos os meus leitores sabem que, por natureza, não sou pessimista. Antes pelo contrário. Mas procuro ser realista. Sinto junto das pessoas com quem contacto, de todas as condições sociais, do litoral e do interior, que há uma grande incerteza -e mesmo preocupação- quanto ao nosso futuro colectivo. Não estamos ainda perante uma crise de regime, como alguns profetizam, mas para lá caminhamos, se a sociedade civil e, especialmente, os partidos -do governo e da oposição- não forem capazes de criar um mínimo de concertação para podermos mudar as coisas. ... ... ...
Quando me refiro aos partidos políticos estou a pensar, naturalmente, nos que têdm assento na Assembleia da República -da esquerda e da direita- sem excluir o PS, que não deve limitar-se a apoiar o governo -cela va sans dire- , mas ter uma vida própria, autónoma e a debater internamente, e com os outros partidos e associações cívicas, os grandes problemas que nos afligem. Sem um PS mobilizado pela discussão livre e o debate interno, dando voz e ouvindo os militantes, que têm sugestão a dar ou críticas a fazer, o governo, nas condições actuais, dificilmente aguenta até ao fim da legislatura. Mas com o partido activo e mobilizado será diferente". ... ... ...
Aqui em Tomar, digo eu, estamos bem, felizmente. Há debates por todo o lado, sucedem-se as mesas redondas sobre políticas locais e, sobretudo, há carradas e carradas de ideias realmente operacionais. Tantas que ninguém sabe por enquanto qual a ponta por onde lhes pegar. Há até pessimistas -eu, por exemplo- que asseguram estarmos nas margens do Nabão numa situação redonda. Sem ponta por onde se lhe pegue, nem pessoas capazes de lhe pegar. Mas deve ser só má-língua. Vamos esperar, no duplo sentido do termo. Aguardar e ter esperança. Depois não me venham com a velha desculpa de que ninguém vos avisou a tempo e a horas...
(Ler a totalidade da crónica de Mário Soares em wwwdn.pt )

4 comentários:

Anónimo disse...

Olhe que às vezes conseguem-se coisas tidas como impossíveis em situações "redondas".
Por exemplo: sabia que Monica Lewinsky ganhou um prémio internacional de arquitectura? Sabe porquê? Porque conseguiu fazer um bico numa sala oval!

Anónimo disse...

Também as situações, consoante o seu enquadramento têm leituras diferentes! Sabia, por exemplo, que se a lady Di fosse espanhola ter-se-ia chamado Mercedes Del Pilar?

Anónimo disse...

O que agora Mário Soares diz, na sua escrita no DN, já começa a ser velho, mas tende a agravar-se.
A nível nacional, porque o PS está fechado, no apoio cego ao governo.
E o PSD fechado sobre as suas tricas de liderança fraca sem alternativas políticas ao governo do PS que lhe ocupou completamente todo o espaço politica com as práticas políticas que antes o PSD defendia. Daí o crescimento do CDS e até do BE.
A nível local soma a isso, estarem os dois partidos ao serviço de algumas pessoas, que os dirigem, sem projectos mobilizadores ou mesmo práticas diferentes da gestão de Tomar.
Assim não se justifica militância nos partidos e por último inclusive ir a votos que legitimam esta democracia já podre e caduca.
Bem pode Mário Soares preocupar-se e alertar, o vírus já contaminou e ainda não se produziu a vacina. Mas vamos a seu tempo pagar caro isso, cada vez mais os Portugueses incluindo os Tomarenses concordam, só que estão acomodados como de costume.

Anónimo disse...

No primeiro caso., apesar da redundância, havia ponta por onde pegar!