terça-feira, 6 de abril de 2010

TÃO AFASTADOS E TODAVIA TÃO PARECIDOS

Público, 06/04/10, página 12

"A luta é histórica: entre o obscurantismo e o progresso. Confiam na inércia como aliado, mas deram com alguém que não desiste NUNCA.
A hidra conservadora, retrógrada e dogmática, agita-se num ataque sem regras ao Vereador que passo a passo, lhe vai vedando o espaço.
Mais um dia de empenhado trabalho na preparação de Tomar na Indústria do Século XXI: o turismo e a actividade cultural. Estamos a cumprir Tomar."

Luís Ferreira, vamosporaqui.blogspot.com

À partida tudo os separa. Um é cubano, o outro português. Um fala espanhol, o outro português. Um é idoso, o outro é jovem. Um é militar, o outro é civil. Um é o líder máximo, o outro por enquanto um simples autarca de província. E no entanto...
Ambos se sentem perseguidos. Ambos se julgam incompreendidos. Ambos consideram mera chantagem as críticas adversas. Ambos encaram os adversários políticos como bandidos (e como bandalhos ?). Ambos estão convencidos de que trabalham para a história. Ambos usam frases do tipo "heróica epopeia". Ambos pretendem demonstrar que graças à sua acção (cada um ao seu nível, claro está), o mundo vai avançar de forma decisiva. Ambos tentam forçar os outros a segui-los; um pela força bruta, outro pela força das circunstâncias. Ambos se proclamam implicitamente heróis solitários num mundo de cobardes, de conformistas e de vendidos ao grande capital, aos americanos, ao passado, à inércia e à desonestidade.
Raúl Castro e Luís Ferreira, mesma luta, mesmo combate ? Os leitores julgarão e dirão de sua justiça !

PS - Não há, evidentemente, qualquer comparação, mesmo implícita, entre o sistema eleitoral cubano e o português, nem está em causa a legalidade ou a legitimidade da actuação do vereador tomarense, no quadro dos acordos que estabeleceu, à revelia da maioria de quem nele votou. Trata-se apenas de colocar em evidência traços comportamentais que, no nosso tosco entendimento, poderão ser tudo menos consensuais, adequados, ou sequer saudáveis na actual circunstância tomarense. Isolar-se deliberadamente, em posições altaneiras e inegociáveis, quando a situação pede diálogo, é agir ao arrepio da história, cuidando estar a fazer algo de novo e útil.
Com o devido respeito e consideração, podemos estar perante uma triste repetição da conhecida história do sapo: inchou, inchou, inchou, até que rebentou; mas nunca conseguiu deixar de ser sapo, que era o que realmente pretendia.

8 comentários:

Anónimo disse...

Que mau gosto!

Comparar um revolucionário cubano consistente e consequente com um básico carreirista reaccionário!

Uma ofensa para Castro. Mas como o outro é minúsculo e insignificante acaba por passar ao largo.

Haja pachorra!!!!!!

Anónimo disse...

Do sujeito Ferreira pouco de novo, enquanto o PS não se libertar dele não passa da cepa torta.
Mas por outro lado senhor Rebelo, ao que consta queria ser presidente de câmara, como seria o senhor nesse papel se num mundo virtual o conseguisse?
E bem se sabe que outro, num mundo que só pode ser de brincadeira agora é vereador e a responsabilidade não se compara, mas não são os seus escritos, na essência o mesmo que os dele? auto-convencimento, petulância de se achar superior, de se achar detentor das melhores ideias, ou das únicas possíveis, etc, etc...

Cantoneiro da Borda da Estrada disse...

Eduardo Lourenço, numa entrevista dada ao "Público" ontém, 5/04/10, dizia, referindo-se à "classe" política portuguesa:

"talvez porque o gozo do poder aqui, interno, lhes é suficiente".

"Inércia" em política, até pode ser dinâmica em certas situações e, "não desiste nunca" em política .... tem muito que se lhe diga!

A esquerda em Portugal usa e abusa de retórica; mas na prática tem feito muita caca. "Não desiste nunca", é retórica da barata.

Por coincidência, estive hoje numa aula dada pelo Professor Pedro Calafate no Palácio da Independência, Lisboa (que escreveu a primeira "História da Filosofia Portuguesa"), e, a certo passo, disse:

"A retórica é uma subcivilização do continente europeu".

Já agora, uma sugestão para o vereador da cultura:

Inserido nos 850 anos da cidade,
porque não convida o Professor Calafate para duas ou três aulas, em Tomar, sobre a
Filosofia Portuguesa nos séculos XVI e XVII -
com toda aquela riqueza decorrente dos Descobrimentos, logo, muito relacionada com o papel dos Templários e Tomar, Humanismo e Renascimento

Posso garantir que seriam aulas deliciosas e a assistência seria da "Lamarosa" (professores, estudantes, outros interessados de Tomar e cidades próximas).

Mera sugestão.

Anónimo disse...

O trabalho desta nova Vereação está a dar lindos frutos. A cidade pela primeira vez desde que me lembra está cheia de cartazes de eventos que já terminaram.
Ele é cartazes da Fáfá, ele é a mostra de doçaria que já acabou, ele é a agenda cultural de Fevereiro, tudo com uma actualidade enorme pois já hoje é 7 de Abril. Depois são aqueles postes já meio decepados com cruzes por debaixo das bandeiras, o que significam? Não haverá nenhuma pessoa da cultura que explique aos vereadores que as cruzes ficam sempre em cima ou festejamos a nossa ignorância colectiva? Até o nosso Dom Manuel que era uma espécie de Obama do século XVI as colocava por cima das armas reais.
E para terminar gostava de dizer que a nova agenda cultural me decepcionou muito pois deixou de ser maneirinha, de usar papel reciclado para se transformar numa espécie de TV Guia em papel normal com a pobre animação cultural que por cá aparece com os Quins Roscas como cabeças de cartaz e outras pimbalhadas a quem alguém me disse a câmara paga cachés e ainda oferece dinheiro das bilheteiras aos agentes dos artistas e tudo isto nos sai dos bolsos.

Um tomarense aposentado que anda por aí

Sebastião Barros disse...

Para 23:36

Já expliquei não sei quantas vezes este assunto, mas aqui vai mais uma. Apresentei-me ao sufrágio para a escolha do candidato do PS a presidente da câmara, unicamente para que depois ninguém pudesse dizer, respeitando a verdade, que sou apenas um treinador de bancada. Graças a informações de confiança, sabia de antemão que a referida eleição estava fortemente condicionada, o que na prática me retirava qualquer hipótese de vencer, como aliás se veio a verificar. Se todavia, contra todos os prognósticos, saísse vencedor, também já escrevi bastas vezes que tinha e tenho um programa coerente e estruturado, que julgo adequado à nossa terra, mas naturalmente sujeito a debate, nos locais adequados e em tempo oportuno.
Quanto à sua opinião sobre o meu comportamento e a minha escrita, é naturalmente livre de pensar aquilo que quiser, desde que procure respeitar a realidade tanto quanto possível. Acha-me petulante, auto-convencido, superior, detentor das melhores ideias ou das únicas possíveis ? Julgo não ser de todo o caso; porém, quem sou eu para contestar os seus raciocínios ? Só lhe poderei dizer que após 18 anos de escolaridade, uma experiência internacional e duas profissões exigentes exercidas durante vários anos (guia-intérprete e depois docente)certamente que não faço parte nem dos analfabetos nem dos pseudo-competentes que por aqui abundam. Incluindo na blogosfera, ao abrigo do confortável anonimato.
Observação final: Equiparar o meu comportamento ao do senhor vereador Ferreira, parece-me ser do domínio do puro delírio, ou da acintosa provocação. Ou será cartilha ?
Saudações cordiais

António Rebelo

Sebastião Barros disse...

Para 22:34

Revolucionário cubano consistente e coerente ? Por acaso já alguma vez percorreu Cuba de uma ponta à outra ? Já se deu à tarefa de falar com cidadãos cubanos não emigrados ?
Também acha que o cidadão em greve de fome e risco de vida, que apenas pede a libertação de 26 presos políticos doentes, para recomeçar a alimentar-se, é um provocador de direito comum, com tendências autodestrutivas, como diz Raúl Castro ? Também acredita que os Estados Unidos e a União Europeia estão a chantagear Cuba ?
Tem toda a razão: Haja pachorra ! E, se é crente, que Deus lhe perdoe!

Anónimo disse...

Guia-intérprete é uma profissão exigente? Porquê, porque em alguns sítios (em Tomar não!) trabalham aos fins de semana ou fora de horas, que é como quem diz depois das 5 da tarde?

Explique-nos lá melhor senhor doutor. E já agora explique-nos também porque é a sua presunção diferente da do vereador arruaceiro. Porque você é doutor e ele não?
Fazer esta comparação é cartilha em quê?

Sebastião Barros disse...

Para 14:13

A profissão de guia-intérprete é realmente das mais exigentes,mas não só nem sobretudo por se trabalhar aos feriados e/ou fora de horas.Porque impõe vasta cultura geral, facilidade de palavra, sangue-frio, capacidade de decisão e de relacionamento. Se a isto aditarmos que um guia, intérprete ou não, quando está a trabalhar está sempre em cena, ou seja, perante os seus clientes, e não sentado a uma secretária ou ao telefone, tendo de se deslocar todos os dias, tanto a pé como de autocarro, parece-lhe que é uma actividade fácil? Se assim fosse haveria vários guias em Tomar, quando infelizmente não há nenhum.
Sobre a sua ideia de presunção, que antigamente fazia parte daquele adágio "Presunção e água benta, cada um toma a que quer", para não ser desagradável, acho melhor ficar por aqui. Felizmente não tenho de prestar contas a ninguém, uma vez que não exerço qualquer cargo público ou privado, dependente do orçamento de Estado. A minha pensão de aposentação ? Também já expliquei inúmeras vezes que é custeada pelos descontos legais que efectuei para a CGA durante os 36 anos regulamentares.Não chega ? Por enquanto o problema não é meu.
Se me permite um conselho, nunca é aconselhável confundir toalhas com panos de cozinha, nem balões de carnaval com lampiões eléctricos. Dirija as suas perguntas aos eleitos, sobretudo àqueles em quem votou.
Sobre a cartilha, ambos sabemos muito bem daquilo que estamos a falar. Como disse uma vez o Vladimiro "Quando os meus inimigos estão de acordo comigo, questiono-me imediatamente: -Que asneira terás tu cometido ?"
Fui suficentemente claro ?

Saudações cordiais

António Rebelo