sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Uma bela unanimidade!

Foto Rádio Hertz

Sim senhor! Louvado seja Deus! Segundo a página da Rádio Hertz -cujos jornalistas têm acesso ao santo dos santos- foi uma bela unanimidade. Até os PS e os IpT, conhecidos inimigos de estimação, estiveram desta vez do mesmo lado da barricada, confirmando assim o conteúdo do nosso texto "Cumplicidades", de 30/10. Temos por conseguinte PSD/PS/IpT/Outros independentes/Mesmo combate! Abaixo o governo de exploradores! Toda esta bela, provisória e fraterna união para quê? Pois para zurzir no indelicado governo que temos, que ao que parece ousou faltar ao respeito aos senhores autarcas, na questão das portagens cobradas e a cobrar pelos concessionários. Vejam bem e vejam só! Isto é lá coisa que se faça? Na Nabância mandam os senhores locais -os nobres, pois então!- e mais ninguém!
Os consumidores tomarenses, espantados, assistem assim a algo de bastante insólito. Pagam a água à tarifa máxima; o tratamento de esgotos à tarifa máxima; os resíduos sólidos à tarifa máxima; o IMI à tarifa máxima e o IRS na totalidade (sem beneficiarem dos 5% que a autarquia lhe podia devolver, coisa que nunca fez). Tudo sem qualquer alternativa. Estilo "é pagar é nada de bufar!" E perante isto os senhores autarcas moita carrasco! Nem ai, nem ui! O que se compreende, dado que se trata de alimentar a máquina que lhes fornece gamela e outras mordomias.
Surge o problema das portagens -anunciado há vários meses-e catrapuz! Todos contra o governo. Mesmo o ortodoxo e obediente Carrão! Uma vez que a responsabilidade pela portagens incumbe à empresa concessionária, estamos numa situação homóloga à que levaria um cliente da Estalagem de Santa Iria a atacar a autarquia, porque naquele estabelecimento hoteleiro (cujo concessionário nada paga à autarquia desde há anos, diga-se de passagem...) lhe cobraram os preços anunciados. É claro que perante semelhante despropósito os senhores autarcas responderiam nada ter a ver com o caso. E aproveitariam para assinalar que havia e há várias alternativas. Exactamente como no caso da A13, paralela à qual existe a EN 110.
No fundo, todo este estranho comportamento parece provir da velha mentalidade que prevaleceu designadamente em Espanha até à morte do ditador Franco. A sociedade divide-se em dois grandes grupos de importância muito desigual: Los peones, que aguentam tudo; e los de a caballo, com os quais todo o cuidado é pouco. É claro que os senhores eleitos locais, apesar de simples peões de brega na política, têm-se na conta de los de a caballo. Sobretudo o inefável e pitoresco socialista torrejano Rodrigues, que lidera este protesto na região e que, por outro lado, chega a não cumprir sentenças judiciais, quando não lhe agradam. Um belo exemplo de cidadania e de impoluto comportamento cívico, sem sombra de dúvida.
É muito provável que após leitura destas linhas, algumas cabecinhas pensadoras, nabantinas e outras,  exclamem mais uma vez que "Este gajo anda mas é à procura de tacho!" Para eles, aqui fica a antecipada resposta: Se pretendesse algum tacho, alguma honraria ou viver à custa da política, teria bastado não me afastar voluntariamente da liderança do PS tomarense, em 1982. O resto, como se sabe, viria por acréscimo.

2 comentários:

Anónimo disse...

DE: Cantoneiro da Borda da Estrada

Há tempos prognostiquei aqui o surgimento de milhares de entendimentos, alianças,coligações políticos os mais surpreendentes. Estão a brotar.

E vamos ter mais, ainda mais surpreendentes. Basta estar atento e ter juízo para não descarrilar e os entendimentos chegarão a bom termo. Convém mesmo que assim seja. E que não seja como tem sido até aqui. Especialmente, para nos distinguirmos das oposições gregas..., já que as nossas são sempre a bem do país.

Tudo em nome do "País". Está menos envolvido em mitos, simbolos, desígnios, história, cultura; certo, é menos poético, empolgante e inspirador que pátria e nação. "País" é mais concreto, mais físico, mais material, mais terreal, mais redutor. Mais localizado. Portugal, Pátria, Nação, Povo é mais para o nacionalismo, fascismo. "País" é que é.!

Diz-se agora: austeridade é para "bem do país", "proteger o país", "defender o país", "salvar o país da bancarrota", "recuperar o país", etc.. E, de facto, não está mal dito.

E nunca como agora se invocou tanto as "futuras gerações", tudo pelas futuras gerações (deste país, já se vê). Uma inspirada maneira de invocar o Céu como compensação dos sacrifícios presentes nesta terra.

Em nome do "País"... florescerão mil entendimentos. E os de âmbito local inserem-se no esforço da defesa do país.

E "A minha Pátria" deixará de ser a "Língua Portuguesa" para passar a ser "O meu País".

Só que este "País", se não estou enganado, também ele é do povo. Este povo e não outro que tanto desejam inventar para o substituir. E não há volta a dar para o ignorar.

Chego até a pensar que este "País" precisa de novo de ser invadido, como em 1383-1385, 1580, 1807/9/10, para que os habituais defensores deste "País" fujam do país e o povo recupere a Pátria, a Nação - e o futuro outra vez.

Não perceberam?!

Anónimo disse...

Um exemplo de defesa do "País":

"O modelo escolhido para as privatizações é completamente discricionário. Não implica concursos, consultas abertas ao mercado, nada que possa ser escrutinado pelos concorrentes e pelos portugueses. O governo vai decidir por si, por razões que só ele define e avalia, e não tem contas a prestar a ninguém. Considerações como os “interesses estratégicos” são outra maneira de acentuar a discricionariedade com grandes palavras, cuja vacuidade pode servir para tudo. Isto é um absurdo, está diante dos nossos olhos, e passa incólume pela indiferença geral. Pior ainda, o primeiro-ministro revela preferências em público, no caso da EDP, pelos brasileiros, ainda nem sequer está definida uma qualquer short list de concorrentes às privatizações. Acresce que a privatização da EDP parece ser uma das mais apetecíveis e que mais concorrência suscita entre grandes grupos estrangeiros."

José Pacheco Pereira

A justificar todos os entendimentos em curso - para defesa do "País", já se vê.