Foto 1 - Local de estacionamento da carrinha, antes do início das obras (Foto Rádio Hertz)
Foto 2 - À esquerda, o local de onde foi removida a carrinha |
Foto 3 - Aspecto actual do hediondo paredão, vendo-se o alambor tapado por plásticos |
Foto 4 - Imagem insólita, algures nas obras paradas |
Foto 5 - Aspecto da futura cafetaria, onde como se vê, não anda ninguém a trabalhar (a foto foi tirada ontem às 15 horas) |
Foto 6 - Outro aspecto das obras para edificação do paredão, vendo-se os efeitos das primeiras chuvas
Foi uma cena triste, digna de um daqueles famosos filmes neo-realistas italianos, dos anos 60 do século passado. Meteu polícia e tudo. Como se houvesse a mais ínfima hipótese de cenas de violência. Tudo num alarde de autoritarismo inútil, violento e desumano. A câmara ordenou a remoção da carrinha-quiosque, estacionada junto ao Castelo dos Templários há mais de 30 anos, que nunca incomodou ninguém. Pelo contrário. Até prestava serviço aos turistas, guias e motoristas. Inclusivamente, incomodada por tanto desmazelo e cansada de ouvir as queixas dos visitantes, a dona da carrinha limpou e cuidou durante muitos anos das retretes da Cerrada dos Cães, fornecendo mesmo papel higiénico, sabonetes e toalhas. Sem nunca pedir um subsídio à autarquia, dona das instalações...
Sabedores de tudo isto e também do facto incontroverso de que a carrinha não interferia minimamente com as obras, uma vez mudada para onde agora estava (foto 2), os vereadores Luís Ferreira e Pedro Marques tentaram, na recente reunião do executivo, evitar um desfecho tão lamentável. Lembraram que os donos da carrinha estavam dispostos a chegar a um "acordo de cavalheiros", mediante o qual tudo continuaria como estava até ser conhecido o resultado do futuro concurso para a concessão da exploração da cafetaria, conforme foi decidido numa reunião camarária anterior. Pois não senhor! É pra tirar, é pra tirar!
Lindo serviço! E agora? As obras continuam praticamente paradas, com apenas dois ou três trabalhadores e uma máquina a funcionar, para ir entretendo até mais ver, que a reunião dos credores do empreiteiro está marcada só para Janeiro e há salários em atraso. E a família, que até agora vivia dos rendimentos do quiosque instalado na carrinha? Terá de ir roubar para comer? Ou a autarquia vai começar a abonar-lhes um subsídio de alimentação?
Entretanto, o problema dos acampamentos ciganos do Flecheiro, onde já "vivem" quase 200 pessoas (entre as quais 5 inválidos), continua a incomodar todos os moradores daquela zona, devido à insalubridade, aos maus cheiros (não há retretes públicas, pelo que os ciganos se aliviam ao ar livre e onde podem...), às ocasioais cenas de violência e ao barulho durante a noite. Mas aí nem os autarcas eleitos nem as chefias tomam qualquer decisão. O que se compreende. Como diz o povo, com toda a razão, "Quem tem cu, tem medo!" e aquela gente é tradicionalmente violenta e vingativa.
Por isso, como oportunamente disse Corvêlo de Sousa, numa tirada entrementes já célebre na urbe, "Trata-se de um problema urgente, que já se arrasta há mais de 30 anos." Agora que decidiram mandar retirar pela força a carrinha junto ao Convento, que não incomodava ninguém, é de supor que esteja para breve a resolução definitiva do problema do Flecheiro, que incomoda tanta gente. Mas se calhar estou a ver mal...
2 comentários:
O poder político em Portugal nos últimos 20 anos só atrapalha, confunde, desorganiza, inferniza os cidadãos. O Sr. Jerónimo de Sousa tem razão quando disse... ao P.Ministro: "O Semhor não sabe o que é a vida..." e reafirmou que este Estado dominado pelos poderosos "é uma pessoa de bem...".
Aos proprietários da carrinha-quiosque, pelos vistos,mais não resta que ter o mesmo patético desabafo do líder da "Nomenklatura" portuguesa: "Os senhores da Câmara não sabem o que é a vida...". "Foram eleitos para cargos no Estado e esquecem-se que o Estado é uma pessoa de bem...". Será?!
O trágico, após 37 anos de democracia, é isto estar a passar-se no poder local municipalista - e não devia.
Quanto às imagens da desconstrução à volta do alambor, surgem agora à nossa vista mais estranhas, agressivas, equívocas e revoltantes. Custa a crer que algum arquiteto paisagístico tenha estado envolvido no projeto.
Sugiro, para remediar essa coisa aviltante, que contratem um bom jardineiro; não tenho dúvidas de que construiria obra digna e bela, usando materiais de construção obtidos do arvoredo circundante, construindo com eles cercas, proteções, caminhos e parapeitos e algumas plantas que os embelezassem, demarcando os espaços requeridos para os mesmos efeitos. Praticamente sem arrancar uma árvore, sem ferir a paisagem, sem afetar o equilíbrio ambiental.
Digo eu.
Partilho consigo e com a família a quem foi retirado um dos elementos de sobrevivência, a total sensação de frustração.
Em Tomar já não se vive em Democracia e as reuniões de Câmara são uma farsa, mal dirigida e com os actores desfazendo-se em salamaleques fúteis e deslocados do tempo.
Este caso, irrelevante para qualquer obra, que está parada, mais não espelha que o total desprezo pela vida das pessoas. A vereação discutiu e defendeu por maioria (PS+IpT) que o quisosque, embora indo mudando de local, pudesse ir ficando nas imediações da entrada do castelo até à concessão da Cafetaria. Isto em 27/4/2011.
O Presidente da Câmara ligou alguma coisa?
Mas no entretanto foi incapaz de prover à candidatura do Centro Escolar da Linhaceira a fundos comunitários (o tal onde os pais se tiveram de substituir ao pelouro da educação e comprar um contentor para colocar no pátio da actual escola).
Mas no entretanto soube conduzir processo de caducidade para a construção de três prédios junto à Praça de touros que renderia ao Municipio quase 600.000€ de taxas Municipais, no mesmo Municipio onde durante quase um ano não se resgatam taxas por "erro administrativo".
Mas no entretanto decidiu "pagar" à parqueT uma indemnização choruda (para a qual não há dinheiro para pagar), de "apenas" 6,5Milhões de euros.
Mas no entretanto deixou caducar a requalificação do flecheiro, com mais de 3Milhões de fundos comunitários, porque não trabalhou para que a mesma pudesse contemplar a construção de novo mercado e iniciar o realojamento da comunidade cigana.
Não. Nada disso interessava. O que era importante era retirar o quiosque, mesmo contra a opinião da maioria dos vereadores. Por vingança em relação a um litígio tido com a família aquando do tempo em que o actual Presidente era vereador do urbanismo.
Nada se faz nesta Câmara sem a assinatura do seu Presidente, por muito que qualquer vereador se esforce nada funciona...
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