ANÁLISE DA IMPRENSA REGIONAL DESTA SEMANA

"Encerramento da sede da Associação de Folclore dos Templários, inaugurada há quatro meses", é a grande notícia local d'O MIRANTE, desenvolvida na página 17, com fotografia e tudo. Aí ficamos a saber que nem o responsável local, Manuel Faria, nem o "big boss" Rosa do Céu, deram qualquer explicação sobre o assunto. Em anteriores conversas de rua, foi possível ouvir que a inauguração da referida sede não passou de uma manobra eleitoralista, tendo como objectivo o lugar de mordomo da Festa dos Tabuleiros. Abandonada a corrida ao voto popular, a sede foi igualmente posta de parte. Este versão teve agora um reforço de credibilidade, ao saber-se, através do site da Rádio Hertz, que Joaquim Rosa do Céu declarou, já depois da publicação da notícia, nunca ter recebido qualquer pedido de subsídio para pagamento da renda de 500 euros, da loja situada na Rua Silva Magalhães, frente à antiga biblioteca municipal. Gato escondido com o rabo de fora, em suma.

"Oito postos médicos vão fechar no nosso concelho", escreve O TEMPLÁRIO em manchete. Trata-se do agravamento das medidas de austeridade, que estão a ser implementadas em todo o país. São, portanto, situações sem retorno possível, devido à cada vez maior escassez de verbas. Habituados a determinado estilo de vida, muito mais recente e frágil do que aquilo que pensam, os cidadãos protestam e recusam aceitar que o tempo das vacas gordas acabou, para não mais voltar. Vão ter de se habituar, contrariados ou não. A outra notícia do jornal dirigido por José Gaio é mais agradável. Após múltiplas peripécias, parece haver boas perspectivas para a reabertura da Platex, indo os trabalhadores receber tudo aquilo que lhes é devido, mas com o efectivo laboral reduzido em 35%. Competitividade é cada vez mais uma condição essencial para sobreviver num mercado implacável.

No Cidade de Tomar, além da manchete sobre a redução dos postos médicos, com o vereador Carlos Carrão a manifestar preocupação, o que é bem capaz de vir a roubar o sono à ministra da saúde, ou até ao próprio Sócrates, como se calcula, há duas outras notícias a merecer algum desenvolvimento da nossa parte. Uma refere-se à conferência de imprensa em que os bloquistas definiram a situação tomarense como "de calamidade social". Bem se vê que nunca foram atingidos por nenhuma calamidade real. Porque a questão é esta -Os cidadãos tomarenses, sobretudo os trabalhadores desempregados, não precisam que lhes venham caracterizar a situação. Necessitam, isso sim, de soluções viáveis, que não passem pelos subsídios pagos pelo estado, sol de pouca dura, uma vez que não haverá verbas disponíveis dentro de muito pouco tempo. Bem entendido, cada qual é livre de sonhar à sua vontade, convindo no entanto ter em conta que a Grécia já vai na sétima greve geral este ano, sem que o governo se tenha comovido minimamente. Pior ainda, a Eslováquia, uma antiga região comunista, acaba de informar a Comissão Europeia de que se recusa a cumprir a sua quota-parte no auxílio conjunto dos 26 à Grécia. Quando a crise aperta realmente, cada governo procura chegar a brasa à sua sardinha.

A outra notícia é sobre o "Índice nacional de poder de compra concelhio", referente a 2007, mas só agora divulgado pelo INE. Sem o fazer intencionalmente, CIDADE DE TOMAR acaba por enganar os seus leitores com a verdade. Titulando "Tomar em 91º lugar" e publicando, na página 16, a lista do 308 concelhos, dá a ideia que o nosso posicionamento até nem é nada mau. É certo que acrescenta, no ângulo inferior direito, uma pequena relação que coloca à nossa frente o Entroncamento, 24º, Santarém, 42º, Torres Novas, 62º, e Abrantes 75º, mas igualmente, bem atrás de nós, Ourém, 127º e Ferreira do Zêzere 222º. Do mal o menos, pensarão os leitores. E realmente, bem vistas as coisas.... Erro crasso! Em idêntico documento do INE, datado de 2000, a que Tomar a dianteira teve acesso, Tomar aparece em 59º lugar, à frente de Abrantes e de Torres Novas. O leitor fará o favor de ler os detalhes, se assim o entender, no nosso comentário de amanhã. Por agora apenas uma nota final: Regra geral, quando se publicam documentos estatísticos oficiais, por muito fiáveis que sejam, como é o caso, sem os comparar com os anteriores, de forma a conseguir retratar uma continuidade de sinal positivo ou negativo, está-se a cair na conhecida frase popular "com a verdade me enganas". Acontece aos melhores. O jornalismo é cada vez mais trabalhoso e mais mal pago. É a crise!