São bem conhecidas, de todos os que fazem o favor de ler o que por aqui se vai escrevendo, as minhas divergências e convergências políticas com Luís Ferreira, as quais nunca interferiram na nossa fraterna relação pessoal, cada uno en su sítio. Respeito mútuo, franqueza, lealdade e fraternidade, são alguns dos princípios que nos norteiam.
Tal como tenho criticado, por vezes de forma agreste, algumas opções ferreiristas, como por exemplo a infelicíssima coligação com os laranjas, que só veio contribuir para agravar ainda mais a já bem problemática situação da urbe e do concelho, saio agora a terreiro, -dou a cara-, em defesa da decisão de Luís Ferreira que visa redisciplinar o corpo municipal de bombeiros. Que, embora pareça disso não se darem conta, são uma força militarizada. Têm uma cadeia de comando, usam uma farda, alojam num quartel quando estão de serviço e agem em grupo, de forma organizada. Tudo, bem entendido, no respeito pelas liberdades fundamentais de cada um dos seus membros.
Já no século XVII, o Conde de Lipp, contratado para reorganizar o exército português, mandou elaborar um RDM (Regulamento de Disciplina Militar), o qual começa assim: "Sendo a disciplina a principal força dos exércitos, importa que a mesma seja acatada prontamente e sem hesitações ou objecções."
Quem comandou homens fardados durante a guerra em África, sabe bem, -e nunca mais esquecerá, salvo doença cerebralmente incapacitante-, o que são a auto-confiança, a confiança nos outros, a serenidade, o temor, o respeito mútuo, a lealdade, a fraternidade, a franqueza, a entreajuda e a disciplina, necessárias para andar horas e horas a pé, em plena mata ou no meio do capim, na vanguarda de dezenas de homens armados e prontos a disparar... mas todos cientes de que "Conhaque é conhaque, serviço é serviço".
Fica-se curado do medo irracional para o resto da vida, e ainda bem.
Agora que, após um longo período de crescente autogestão e bandalheira, um pouco por todo o país, um eleito tem a coragem de tomar medidas fundamentais e urgentes, no âmbito dos pelouros que lhe foram atribuídos, é dever de todos os cidadãos sinceros defensores de Tomar apoiá-lo nesta questão. Naturalmente que vai haver resistências, descontentes, oportunistas políticos, hipócritas, etc. É o costume. Naturalmente também, que o vereador continuará a cometer erros, pois tem a coragem de ousar, de ir em frente, de fazer mal e de recomeçar para melhorar. Por isso aqui estou a divulgar o meu apoio, que pouco vale, nesta questão da redignificação dos bombeiros de Tomar. Tal como continuarei a estar para o criticar em termos ásperos quando seja caso disso. Ou para conversar fraternalmente, dentro e fora do âmbito político. Afinal, a divergência é o que há de mais normal em democracia, quando esta não é só uma palavra bonita.
13 comentários:
Qundo há bandalheira, desmandos e assim a responsabilidade é do Comandante e da sua cadeia de comando!
Não é assim Sr. ex-militar António Rebelo?!
Logo as medidas de redisciplina deveriam vir a ser aplicadas por outro comandante e por outra cadeia de comando.
Mas não é assim, porque todo o comando fica intocável.
Pelo que, não tendo tido capacidade para assegurar a disciplina até agora o comandante e a cadeia de comando também a não vão ter nesta nova situação.
Gostei do que li. Mas infelizmente os bombeiros acabaram de o nomear "persona non grata".
PM
Á muito que tenho as mesmas ideias. Mesmo não, perdendo o respeito que a nossa sociedade lhes deve, mas estão ali coisas mal. Mas não digam que estão numa prisão, pensem como um trabalhador. Quando não tem saídas, pelo menos dantes, tinham um bar que tinha televisão, hoje não sei.O senhor vereador Luís Ferreira, não vai ter uma vida facíl,por parte de alguns, mas tem boas ideias.Depois à coisas que não consigo entender aqui à uns tempos tive alguém doente, ligo para os bombeiros porque o tinha pensado que era mais rápido, (asneira)tive de dar o número da pessoa em causa, para o 112 lhe ligar, se eu já tinha dito o que se passava para quê tanta política? Se temos os bombeiros dentro da cidade que a conhecem bem para quê ligar para Lisboa? Não faz sentido na minha cabeça nem na cabeça de muita gente.
Nem sempre, nem sempre.Se me dá licença, apenas militar miliciano, no cumprimento do serviço militar obrigatório, entre 1962 e 1965. Mas, lá está, andar horas e horas, dias e dias, meses e meses, com dezenas de armas automáticas carregadas atrás das costas,empunhadas por homens em serviço comandado e obrigatório, dá uma outra visão da vida,da disciplina, da cadeia de comando, da lealdade e da pronta obediência às ordens recebidas. Que nunca mas se perde.
Muito bem. Os bombeiros têm de ter uma cadeia de comando e disciplina.
Estes princípios aplicam-se a todas as organizações, e não só aos bombeiros.
E não deviam aplicar-se aos restantes serviços da autarquia ?
Nestes, onde é que está a cadeia de comando e a disciplina ?
E tais princípios não deviam aplicar-se a toda a vida no Concelho ?
Hoje, de manhã, entrada da Praça da República, edíficio da ex-CGD, onde funcionam, salvo erro, serviços culturais da CMT, havia uma enorme fila de idosos que vinha até à Gráfica. Eram candidaturas para o passeio dos idosos ? Se eram, onde é que está a disciplina na autarquia tomarense ? Em época de crise, onde paira o bom senso e a solidariedade comunitária ?
Em Tomar continua-se a trabalhar avulso.
Lancelot du Temple
Bastaram umas medidas de bom senso(mesmo sem diplomacia e, ao que parece, tipo patrão para o serviçal) da parte do vereador da oposição/situação para contentamento de "críticos", incluindo o autor deste blogue. Realmente a fasquia de Tomar está muito baixa.
Pedro Miguel
Sr. Dr. António Rebelo
Também fui militar miliciano e estive na guerra colonial como o senhor.
Se a tropa é indisciplinada a responsabilidade é SEMPRE do comandante e da sua cadeia de comando, isto é do dia a dia.
Nos Bombeiros havia bandalheira, maus hábitos, porque o tal comandante assim o permitia.
Isto é a verdade Sr. Dr.Rebelo!.o resto são cantigas
Mas não respondeu directamente à questão que o anónimo de 18 de Agosto de 2010 10:28 colocou e que repito eu:
As medidas de redisciplina deveriam vir a ser aplicadas por outro comandante e por outra cadeia de comando.
O seu amigo vereador devia ter a coragem de substituir o comandante por outro que cumprisse e fizesse cumprir as novas regras.
Mas não, a criatura mantém o comandante e até se perde o valor exemplar que pretendia.
Um mau comandante não obtém quaisquer melhorias nos Bombeiros.
Não tem moral para se impor, porque a disciplina não funcionou e não será agora que vai funcionar!
É assim como varrer o lixo para debaixo do tapete!!!!!
Para o anónimo das 17:47:
Tudo tem o seu tempo (ou timing, como diz o Vereador)!
Agora foi assim e o Comandante até está completamente de acordo, como disse na Hertz (até foram os dois, muito juntinhos, como amiguinhos).
Pura estratégia do Vereador! Quando for oportuno e para sacudir a água do capote, tira-lhe o tapete e põe-o a andar (também pode ser para colocar lá um amigo, ou alguém a quem deva um favorzito)! É preciso lembrar que este Comandante foi lá posto por outro...
Quanto ao papel do Comandante, é mesmo de embrulho! Qualquer das medidas (se concorda com elas) podiam ser tomadas por ele. Para mim está a prazo!
Consta por aí que há a intenção do Presidente da Junta de Freguesia de S. Pedro ir à próxima Reunião Pública da Câmara, manifestar a sua indignação (não sei se mais alguma coisa), pela ausência de resposta da Autarquia na reparação da Estrada dos Coxões!
Falta-me saber se o seu amigo Presidente da Junta de Asseiceira (foram os dois eleitos pelo PSD), é capaz de fazer o mesmo por uma situação tanto ou mais grave, que é o deplorável estado das ruas da Roda Grande e da Roda Pequena, assim como da Estrada de ligação das duas povoações!
Para Pedro Miguel:
Como deve saber, pois a sua escrita denota alguma experiência da vida, numa povoação como Tomar, situada numa cova, e que já foi uma cidade, é um sério perigo começar a colocar a fasquia demasiado alta. Designadamente por causa do vento partidário. Mas se você quiser correr esse risco, só lhe posso desejar todas as venturas deste mundo. Afinal audaces fortuna juvat, que é como quem diz a sorte protege os audazes.
Cordialmente,
AR
Em relação ao levantamento dos autarcas de freguesia eleitos pelo PSD, está a começar a implosão.
E honestamente não deixo de pensar que este pessoal que o PS lá colocou dentro da autarquia, Becerra e Ferreira, correm o risco de vir a ser os únicos a lucrar de uma situação, acordo, político contra-natura realizado em momento único e irrepetivel nas próximas décadas em Tomar.
Sem comentar politiqueces que não me interessam para nada, concordo plenamente com a decisão do Vereador, já que se ninguém se decidiu a tomar decisões (frase esquisita :D ) que haja pelo menos alguém...
Os bombeiros sem disciplina ficam, no meu ponto de vista, tanto sem "operacionalidade" como sem credibilidade aos olhos do povo...
Já só falta os Bombeiros de Tomar começarem a "sujar a farda", pelo menos há vários anos que a sua fama nas outras corporações da zona é a de não sujarem a farda.
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