AS OBRAS DO LARGO DO PÒZINHO

Além das obras da rotunda, do paredão do Flecheiro, do Mouchão, do ex-estádio, da placa central da Várzea Pequena, que acabou com o estacionamento para autocarros, e da colorida ligação pedonal cidade/castelo através da Mata, outro empreendimento camarário que correu assaz bem foram as infra-estruturas do Largo do Pelourinho, a que alguns moradores próximos chamam agora "Largo do Pòzinho". Parece que faz muito bem à pele do rosto, tal como o antigo pó de arroz. E nós acreditamos piamente. Basta reparar com calma naquela espécie de névoa, nas traseiras da carrinha, para disso ficar convencido. Deixa na pele uma aveludada película protectora, superior a qualquer outro creme de rosto. Tem, porém, um inconveniente: Suja tudo -automóveis, sapatos, roupas a secar, cortinas, tapetes, móveis, plantas, telhados, etc. etc. Mas é bem capaz de vir a ficar muito bonito, quando tudo estiver concluído. E quando será isso? Logo que possível, segundo a frase usual de certo autarca. Que também se serve de "Na altura certa", "No momento oportuno" ou "Está a ser tratado, não se preocupe".

Para já, temos excelentes imagens de tipo rural, que dificilmente se conseguem obter em qualquer outra terra portuguesa mesmo ao lado do pelourinho, símbolo das liberdades locais. Até as mais remotas aldeias das berças já têm tudo bem pavimentado desde o tempo da Cachucha.

Este troço da Calçada dos Cavaleiros, ( que não se sabe por que carga de água foi rebaptizada "Calçada de Santo André" nos projectos da autarquia), ficou muito à moda da Idade Média, desde as obras. Emparceira muito bem com a parte superior da Calçada de S. Tiago, igualmente a aguardar calceteiros, mas há mais de 300 anos. E constitui um excelente cartão de visita para todos os que por ali passam.

Digam lá que esta vista da esplanada do restaurante A Grelha não é susceptível de cativar turistas, mesmo os mais exigentes. Isto é que é típico. Coisas calcetadas, cuidadas e sem pó têm eles nas respectivas origens. Por aí não nos governamos. O melhor é continuar a pagar mais uns "passeios-compra-votos", que as verbas para concluir o arranjo do largo de algum lado hão-de aparecer. É capaz é de levar o seu tempo. Mas enfim, Roma e Pavia não se fizeram num dia. Sejamos pacientes e benevolentes.

O chamado "passeio das senhoras Mouzinhas", datado de 1875 (está lá escrito a pedra preta, na calçada), depois das obras ficou mauzinho. Todavia, igualmente digno de registo e susceptível de ser aproveitado para rodar um filme sobre a decadência das cidades portuguesas do interior, onde já nem há dinheiro disponível para acabar obras começadas e interrompidas sem mais nem menos. A tal falta de planeamento a médio e longo prazo...

O mais curioso é que, cumprindo as directivas europeias, colocaram no local este painel, no qual se pode ler que a empreitada foi concluída ou inaugurada em 31/12/2009. Terá sido unicamente para informar a população? Ou para não perderem direito aos fundos europeus consignados para 2009?