segunda-feira, 16 de agosto de 2010

DADOS OFICIAIS CONFIRMAM: TOMAR ESTÁ-SE A AFUNDAR

Toda a imprensa portuguesa, incluindo a regional, destacou na passada semana o estudo do INE, o organismo oficial português de estatística, sobre o poder de compra por concelho. No caso da nossa cidade, Cidade de Tomar noticiou, em chamada de primeira página, que estamos em 91º lugar a nível nacional, o que é verdade, porém enganador.
Aprende-se em todas as grandes escolas de jornalismo (que não frequentámos mas cujos livros essenciais lemos) que qualquer assunto deve ser trabalhado, antes de publicado. O que significa confirmado, comparado, contrastado, cruzado, perspectivado, etc. Por estranho que possa parecer à primeira vista, foi coisa que nenhum órgão de comunicação fez. Mesmo o EXPRESSO, o mais conceituado representante do periodismo português, se limitou a publicar o mapa do INE, acompanhando-o com declarações de alguns autarcas e um comentário geral, assinado por Cristina Bernardo Silva.
Surgem aqui duas vertentes do mesmo problema -o que a imprensa portuguesa não tem capacidade para fazer, por um lado; os inconvenientes que daí resultam para os leitores, por outro. Sobre a capacidade, é óbvio que o chamado jornalismo de investigação, o tal que apura, contrasta, compara, cruza e perspectiva, exige muito tempo e muito dinheiro, duas coisas de que os periodistas portugueses não dispõem. As tiragens não permitem ter o pessoal necessário, as ajudas de custo escasseiam...e o jornal não pode sair com páginas em branco. Donde a constante superficialidade, pois há que tocar vários "burros" ao mesmo tempo.
As consequências de tal penúria envegonhada são também elas evidentes. Para não alargar demasiado, são da mesma ordem da diferença entre os baixos relevos egípcios e as pinturas italianas de quatrocentos. Neste caso de EXPESSO, por exemplo, o título a toda a largura da página, "Poder de compra Lisboa concentra riqueza", teria sido diferente caso a autora tivesse procedido a alguma ou algumas das operações acima enunciadas, como veremos mais adiante.

Neste mapa do INE, reproduzido pelo EXPRESSO, quanto mais escuro está o concelho, mais elevado é o seu poder de compra. Os dados recolhidos para a sua elaboração remontam a 2007. Ao meio, do lado esquerdo, a indicação das percentagens, de 45-50, a mais baixa, a 120-235, a mais elevada. Em baixo, do lado direito, o total de concelhos em cada nível de rendimento.

Conscientes das lacunas que acabámos de assinalar, Tomar a dianteira muniu-se de tempo e de paciência de monge beneditino. O resultado é o quadro acima, que faculta aos leitores uma perspectiva dos últimos dez anos da economia de cada cocncelho do distrito de Santarém, bem como dos três concelhos que ocupam o pódio. Deve ler-se da forma seguinte: As primeiras três colunas da esquerda referem-se a 1997. A primeira indica a classificação a nível nacional; a segunda o nome do concelho; a terceira a percentagem de poder de compra, em relação ao todo nacional. As três colunas seguintes englobam os mesmos elementos, recolhidos em 2007, ou seja dez anos mais tarde. A última coluna indica a tendência: Manteve/Subiu/Desceu, consoante o caso, referem-se sempre e só à posição no ranking em 2007, quando comparada com a de 1997. Assim, por exemplo, Lisboa "Manteve", porque conservou a primeira posição da tabela classificativa, apesar de ter descido de 305,19% em 1997, para apenas 235,74%, dez anos anos mais tarde, o que representa um considerável trambolhão, cuja origem é conhecida: a progressiva desertificação da cidade, com a migração de pessoas e actividades para a sua periferia, que no caso lisboeta já pertence a outros concelhos.
Temos assim que o título do EXPRESSO, no nosso entender, para reflectir a realidade, deveria ter sido "Lisboa mantém a liderança mas perde poder de compra". Seria tanto mais correcto quanto é certo que outros concelhos aumentaram o poder de compra mas desceram na tabela classificativa. É o caso da maior parte deles.
Temos assim que, numa primeira leitura rápida, bastará procurar o nome do concelho em ambos os lados do quadro. Se do lado direito estiver mais acima, significa que evoluiu favoravelmente no contexto nacional, nos dez anos referidos. Se estiver mais acima do lado esquerdo, será caso para rezar aos santinhos, caso o leitor seja crente: a evolução é negativa.
No que concerne a Tomar, não há qualquer dúvida. Aumentou ligeiramente o poder de compra mas os outros concelhos foram bem mais lestos. A cidade nabantina deu um tombo de 32 lugares, só ultrapassada por Alcanena (as peles asiáticas!!!), Barquinha (os militares que se foram!!!) e Ourém (o santuário e as casas da igreja, que não pagam impostos, em virtude da concordata).
Aqui temos, portanto, a confirmação oficial de que Tomar se afunda pouco a pouco, desde há pelo menos dez anos, pelo que urge virar a proa do barco nabantino para outros rumos. E não se trata de opinião. Apenas da realidade veiculada pelo organismo governamental de estatística. E esta hein?!?

13 comentários:

Anónimo disse...

E em 2007 o mundo ainda não tinha mudado subitamente em duas semanas...quando, daqui por uns anos, nos derem os dados de 2010, que estas coisas demoram a fazer porque os computadores são lentos e há dados que convém guardar para melhores núpcias, é que vamos ver o progresso do senhor Ferreira e Cª...com um bocadito de sorte suplantamos a capital.

Anónimo disse...

Caro Rebelo,

Bom trabalho jornalístico.
No entanto gostaria de efectuar dois destaques na sua peça:
1ª - Parece que as assimetrias entre os concelhos do país atenuaram-se um pouco em 10 anos. Os concelhos aproximam-se mais da média nacional.
2º - Por outro lado, e em termos médios, Tomar, em 10 anos, passou de 76,68 % da média nacional para 82,55%.

AA

Anónimo disse...

Tudo isto existe, tudo isto é triste, tudo isto é (o) fado (de Tomar)!

Continuem assim de vitória em vitória até à derrota final!

E já não falta muito!!!!!!

Anónimo disse...

Para AA

Tem razão. Repare, no entanto, que nesta tabela só Lisboa e o Porto é que decresceram -69,45% e -68,27% respectivamente. Todos os outros concelhos aumentaram o seu poder de compra per capita.
Sobre o aumento no concelho de Tomar, bastará dizer que fomos ultrapassados em dez anos por sete concelhos, a saber: Alcochete, Cartaxo, T.Novas, Rio Maior, Abrantes, Constância e Almeirim. Quer maior vergonha que esta de ser ultrapassado por vilórias ?
Cordialmente,

António Rebelo

António Rebelo

Anónimo disse...

Esta a prova que faltava para demonstrar o mal que o PSD, Antonio Paiva, Fernando Corvelo, Carlos Carrao, Rosario Simoes e Ivo Santos fizeram a Tomar.

Eles são os timoneiros da derrocada. E agora já não há duvidas que os números estão aí a prová-lo.

Durante anos chamaram nomes às pessoas que alertaram para o caminho ou a sua ausência, que vinha sendo tomado. Muitos vacilaram e foram fazendo o "frete" ou o favorzinho à espera de uma benecezinha.

Agora têm a prova.
Limpem-se ao guardanapo e não mudem de rumo que verão o que vós acontece.

Bravura Lusitana disse...

Será preciso voltar a afirmar que com o PNR isto não teria acontecido ?

Porque é que não temos empresas de jeito na zona industrial ? Porque é que os fundos do programa polis foram gastos em empreitadas sem o mínimo de utilidade ?

ABRAM OS OLHOS.

Por Thomar, Por Portugal, PNR SEMPRE PRESENTE !

Anónimo disse...

Que culpa temos nós de não ser Lisboa? Nenhuma parece! (e os nossos autarcas têm?...)

Temos culpa sim, de não reivindicarmos a capital do distrito, já!

Que culpa temos nós, habituais compradores, de termos um comércio à imagem dos anos oitenta do século passado, e, de quando queremos ou temos necessidade de algo comprar, termos que sair cá do sítio? (não há para aí algo chamado de ACITOFEBA? O que tem feito, o que faz?... – manda bocas, como todos!) – ( e que culpa têm os autarcas eleitos deste pantanoso estado de coisas?)

Temos culpa sim, de não reivindicarmos, a Avenida da Liberdade para Tomar, já!

Que culpa temos nós de os industriais de construção civil, agentes locais, poderem ser, ou serem, patos bravos perseguidores do lucro imediato e fácil, com pouca visão estratégica e nada sustentável? (e os nossos autarcas têm?...)

Temos culpa sim, de não reivindicarmos, a Parque-Expo e seus investimentos associados para Tomar, já!

Que culpa temos nós de ter um rio lindo, um Mouchão mais ainda, uma Várzea Pequena verdejante e apelativa, uma Mata dos Sete Montes paradisíaca, um Castelo e um Convento que não precisam de ser inventados e, de termos uma Gastronomia e serviço de restauração associado, decrépitos e ultrapassados? (e os nossos autarcas têm?...)

Temos culpa sim, de não reivindicarmos, o Governo da nação para Tomar, JÁÁÁ!


análisesocial

Anónimo disse...

Na sua aparente ironia, o seu comentário é de uma tristeza confrangedora. Que culpa têm os nossos autarcas? Toda. Porque quem não sabe dançar não deve meter-se em bailes, está a entender?
É claro que os autarcas, sejam de que cor forem, não podem criar desenvolvimento, e muito menos riqueza. Pelo contrário, se pelo menos diminuíssem as despesas, já não seria nada mau. O que se lhes exige é que saibam reunir as condições para atraír população e investimento. Sem isso nada feito. E não é aumentando os impostos, as taxas, a burocracia, o desmazelo, a falta de informação e a falta de qualidade que o vão conseguir.

Anónimo disse...

Meu caro escriba em jactância e turbulência: não é aparente ironia mas é uma tristeza confrangedora: a nossa hodierna realidade!

Deve-se a mim, a si, e a outros que tal, que muito falam e pouco fazem….
(há-os, mais ainda, às carradas, coçando rabos por cafés e tascas, também esquinas, dessa Templária cidade.)

Blá blá blá, Blá blá blá, e o resto?
Faça, - e o exemplo começa em cada um, não é assim que se costuma dizer? - por favor, para nós, um pequeno léxico da obra por esta terra, que diz sua!...Se for um milésimo da prosa verborreica que às toneladas produz, nos delicia e faz sorrir, humildemente, dar-lhe-ei os parabéns…

E repare, não estando por perto, mas sempre atento, dá-me a ideia que, tempo, já teve (o seu) mais que tempo!...
E tempo que vai (é pena), mas é tempo que não volta!


análisesocial

Anónimo disse...

Para análisesocial

Tenho a impressão que se enganou de destinatário. Adiante. Realmente é aborrecido só poder vir a Tomar passear o cão aos fins de semana.
"...não estando por perto, mas sempre atento..." Não será antes "atenta"?
Quanto à conversa sobre o "blábláblá" e o faça, estamos conversados. Todos os dias faço, sem necessidade de tomar qualquer medicação para o efeito.

Anónimo disse...

Meu caro escriba mor, para a azia mal tolerada, haverá ainda, aí, na chamada Corredora ou Rua Serpa Pinto, ao fundo virado para nascente, do lado direito, uma Pharmácia onde serão vendidas (e a si talvez lhas ofereçam em função da aflição) as vetustas, mas sempre distintas, pastilhas RENNIE (passe a publicidade não paga).

E faça por ficar bem, porque como muito melhor sabe, (e fico preocupada por si, mas fique certo, se cão ou cadela tivesse, como refere, far-lhe-ia dele(a) envio e presente; nele(a) afagaria o pêlo, e, exorcizaria a sanha miudinha, evidenciada na curta epístola - com os cuidados necessários naturalmente, porque, em insistência, poderiam morder…) e diria alguém célebre e seu conhecido, a verdade fere, a verdade dói!

Melhoras sinceras.



análisesocial

Anónimo disse...

Há pessoas assim. Mesmo prevenidas, continuam a atirar para longe do alvo, porque lhes convém, de forma a poderem expelir a verrina acumulada durante anos e anos. Resultado: o autor destas linhas, que nada tem a ver com quem faz o Tomar a dianteira, vai tendo direito a um discurso de donzela ofendida, manifestamente destinado a outro ou outros. Que se há-de fazer? É ler e calar. Continuando bem entendido a gostar mais da Ásia que da azia.

Anónimo disse...

Fala-se muito da culpa do Paiva para a situação hoje de Tomar. E o sr. Relvas? O de Tomar, cidade turística? E essa figura chamada Vitor Gil? Os Fanfarrões do Templo, no "bom tempo das maiorias"!
Onde andam eles? Que contas prestam?