"Alguma psicologia, bastante rigor, acompanhamento constante individualizado". São estes parâmetros que estruturam o modo de trabalhar com os nómadas, diz-nos Didier Granger, 47 anos, um dos cinco directores regionais de L'Hacienda, lider francês das sociedades privadas de gestão dos parques de acolhimento para "viajantes". Esta sociedade e o seu emblema -uma caravana com o tecto azul e os lados vermelhos e amarelos- apareceram em 2003, na sequência da Lei Louis Besson, de 5 de Junho de 2000, tornando obrigatória a existência de tais parques de acolhimento em todas as localidades com mais de 5 mil habitantes.
"Respondemos aos concursos lançados pelos presidentes de câmara, ou das comunidades urbanas, que têm necessidade de gestores especializados para estes processos muito específicos." Os parques de acolhimento são pagos mensalmente pelos seus utentes e L'Hacienda entrega depois as "rendas" às Finanças.
L'Hacienda não fia. Antes de se instalar num parque, cada chefe de família assina o respectivo regulamento interior, um título de ocupação e uma declaração do estado de conservação dos 150 metros quadrados, previstos para duas caravanas. Cada espaço dispõe de instalações sanitárias próprias, em alvenaria, compostas por lavatório/duche, com água fria e quente, sanitários separados, um canto-cozinha equipado com torneira e tomada eléctrica, e um estendal.
Depois de assinar os formulários obrigatórios, o chefe de família entrega 100 euros de caução, mais 50 para o consumo de água e de electricidade, pagas de acordo com o tarifário de cada localidade.
Oficialmente limitados a 3 meses renováveis, os períodos de permanência em tais parques são facilmente prolongáveis, mediante a apresentação de certificados de assiduidade escolar. "Uma criança escolarizada socializa inevitavelmente a sua família", disse-nos o responsável de L'Hacienda.
Tendo começado com 35 parques em 2007, a referida sociedade gere actualmente 215 em toda a França. Quinze responsáveis territoriais dirigem entre um e três distritos, 140 monitores a tempo inteiro ou parcial, e 15 equipas de limpeza e manutenção que percorrem todos os parques. L'Hacienda incita os autarcas a antecipar-se aos problemas eventuais. No distrito de Loir-et-Cher, onde a sociedade é responsável por 7 dos 21 parques, existe um trabalho conjunto. O responsável da Hacienda tem reuniões de trabalho com o governador civil, pelo menos qautro vezes por ano, para fazer o ponto da situação. "Convida" também para "mesas redondas" os representantes locais dos serviços sociais, da polícia, da guarda republicana (gendarmerie), da educação, etc.
"Somos apenas intermediários para acompanhar em cada local os "viajantes", que têm os mesmos direitos e deveres de qualquer outro cidadão, nos termos da lei", disse-nos um responsável, que aproveitou para referir o forte aumento dos pedidos de sedentarização dos "viajantes". Temos de evoluir, porque presentemente há cada vez mais jovens que nos interrogam: Mandaram-nos para a escola, para aprender a ler e a escrever. E agora?"
Patricia Jolly/Le Monde
Tradaptação de António Rebelo/Tomar a dianteira
14 comentários:
Certo o texto, embora me custe a compreender o porquê dos pruridos linguísticos nómadas, ciganos. No contexto Tomarense, não temos nómadas. As famílias estão radicadas cá há 40 anos, e não parecem interessadas em sair. Logo,ainda que a solução seja boa, eles não têm caravanas, têm barracos de madeira com telhados de zinco. Também não estou a ver como se opracionalizam, no nosso contexto a existência de equipas de 140 monitores e equipas para limpar os espaços. Cá nem gente há para acompanhar os beneficiários do RSI, seja para capacitar as famílias na educação dos filhos, seja para contribui para a sua inserção no mercado de trabalho(qual?)e no tecido social. Na lei sabemos que tudo existe, na prática bem sabemos como é. Atiram-se subsídios aos problemas e espera-se o milagre da resolução. É assim em tudo. Há hábitos e vícios adquiridos que nem equipas de 500 resolveriam, pelo menos em tempo útil. Mas tem que se começar por algum lado. A situação actual é insustentável e piora a cada geração. Tem que se reabilitar o flecheiro, concordo. Mas não se devia ter deixado transformar este espaço numa lixeira a céu aberto, com os custos, quer para os moradores da Avenida Nuno Álvares, que vêm transformadas as bases dos prédios em WC públicos e vasadoros de lixo, quer para a comunidade cigana debaixo de chapas de zinco, com 40º. Mas, se é para construir casas, ou fazer um parque sem o devido acompanhamento e supervisão, vamos criar um barril de pólvora, seja ele onde fôr. É como começar uma casa pelo telhado, ou chamar os bombeiros depois da casa ardida. Temos condições para criar equipas de acompanhamento? Comecem a formá-las primeiro. Envolvam gente da comunidade. Ponham as pessoas a participar na solução e não a engrossar o problema. Há vastos exemplos de más práticas nos bairros sociais, mas também existem exemplos de boas práticas. É só escolher o caminho por onde queremos ir.
para 11:52
O problema para o tradaptador foi a complexidade da situação francesa nesta matéria, que naturalmente aparece no texto. Não se trata de pruridos, antes e apenas da preocupação em ser fiel ao escrito original, uma vez que é bem conhecida a expressão clássica "tradutore = traditore".
A suprareferida complexidade francesa provém da situação no terreno, onde os ciganos pertencem a diversos grupos -manouches, roms, gitans,nomades, gens do voyage- consoante o seu grupo étnico e os conhecimentos de quem escreve.
Em França também existem cerca de 200 acampamentos ciganos clandestinos, que o presidente Sarkozy prometeu mandar destruir, na sequêdncias dos recentes incidentes com membros da comunidade, na região de Blois.
As 140 pessoas asseguram a limpeza e manutenção de mais de uma centena de parques, conforme se lê no texto. Por cá talvez não fosse má ideia começar por efectuar a recolha do lixo e colocar lá luz e a água. Tudo A PAGAR, para se irem acostumando...
E instalações sanitárias, incluindo casas de banho a manter limpas, como forma de acabar com o cheiro pestilencial que por ali se respira. Seria menos típico, mas mais saudável e acolhedor.
E os ciganos portugueses alinhariam civilizadamente neste esquema?...
É um mal endémico de Tomar: falar sem absoluto conhecimento de causa.
Compreendo e desculpo as opiniões do António Rebelo no seu esforço em ajudar a encontrar uma solução para o guetto cigano do Flecheiro.
Fala em colocar sanitários, água canalizada e luz no acampamento cigano, tudo a pagar e a limpar, na ingénua convicção de que mitigaria assim as asperezas da vida a que uns, os ciganos, e outros, os moradores da av. Nuno Álvares Pereira, estão sujeitos.
Pois deixe-me dizer-lhe sr. Rebelo que quanto aos sanitários nem uma semana durariam intactos. E ao fim de alguns meses já só restariam as paredes. Quanto à água e à luz garanto-lhe que os SMAS e a EDP iriam ficar credores daquela gente para sempre. Aliás, depois de instalados iria ser um problema arranjar funcionários que lá fossem fazer a contagem. Sabe o que se passa com os bombeiros, não sabe?
Pergunte a quem de direito quantas lâmpadas foram colocadas num poste que se encontra no meio de um terreiro por detrás da firma Roalfe, até que desistiram de lá voltar! Aquela luz fazia muita diferença para os negócios da noite!
Tomou conhecimento do que se passou há alguns anos em Portimão onde a Câmara fez um bairro para a etmia cigana? Chegou a saber o estado em que aquilo ficou ao fim de um ano? E o que se passou a seguir?
Acredita que no dia em esta comunidade cigana de Tomar for alojada, segundo parece na zona industrial, alguém lhes vai cobrar água e luz...e mesmo renda de casa? Isso serão tudo encargos a suportar por você, por mim, e por todos do concelho!
Será que estamos todos errados na maneira como vemos a comunidade cigana? Ou será que eles não perdem oportunidade para se fazer repudiar?
Aliás, temos ou não direito ao repúdio quando há motivo para isso?
Caros leitores e prof Rebelo:
Sobre este tema apetecia comentar imenso, mas como diz o último comentador, 'EM TOMAR TODA A GENTE FALA SEM CONHECIMENTO DE CAUSA..."
De facto, sempre que os SMAS ali colocaram um contador, para ser pago pelas familias ciganas que para tal se colectavam... FICARAM MILHARES DE EUROS POR PAGAR COMO CALOTE!!!
Sabem os senhores que há familias que ali vivem na miseria e que têm mansões de 400.000,00 a 500.000,00 euros no Entroncamento e que estão à espera de receber casa da CMT? Todas a gente sabe quem eles são.
Sabem que há familias a receber o rendimento minimo e depois têm caros pagos a pronto tipo mercedes, bmw e carrinhas de elevado valor?
Ah.... afinal toda a gente sabe. Mas, toda a gente diz 'COITADOS DOS CIGANOS'
Fico por aqui porque o último comentador foi sucinto e directo.
Não falem sem conhecimento e averiguêm... É tão fácil e não é demagógico.
Para anónimo das 19:54
Tenho a intenção de responder detalhadamente ao comentador das 16:20, a quem aproveito para agradecer a frontalidade.
Para poder averiguar da veracidade das suas afirmações, importa-se de esclarecer quem são esses das mansões no Entroncamento e dos carros de alta cilindrada, comprados a pronto?
Se assim o achar mais conveniente, poderá endereçar para o mail a.frrebelo@gmail.com
Aceite os meus antecipados agradecimentos,
Cordialmente,
António Rebelo
E não haveria forma de descontar as despesas de água e luz directamente no RSI? Poderia dar trabalho a criar este procedimento, mas temos muitas cabeças ditas pensantes a receber do bom e certo ao fim do mês!...
Um dos que está em Tomar para receber casa e tem casa no Entroncamento, ao que dizem espectacular, é o Roflim.
Acho que a Câmara de Tomar devia averiguar caso a caso se as famílias ciganas têm casa fixa noutros locais antes de atribuir habitações no concelho.
Pois é, quem ensinou esta maralha a orientar-se?
Para além da proverbial habilidade dos latinos em encontrar esquemas de desenrasca, os Rui Pedro Soares, Tó Mexia, Tó Vitorino, Dias Loureiro, Nobre Guedes, Paes Amaral, Manuel Damásio, Pinto da Costa, Valentim Loureiro, Zé Penedos Filho, quejandos e afins.
A diferença é que os referidos senhoritos têm o poder e a lei.
E ... se o exemplo vem de cima!
O que fazer?!
Abrunhosa cantava ... talvez f......r!!!!!!
E siga a marinha!
Sou o comentador das 16:20 e dirijo-me ao comentador seguinte e ao sr. Rebelo.
Eu não escrevi "EM TOMAR TODA A GENTE FALA SEM CONHECIMENTO DE CAUSA..."
Eu disse "É um mal endémico de Tomar: falar sem absoluto conhecimento de causa.", o que é substancialmente diferente. Cuidado com as interpretações que mal feitas levam a conclusões erradas.
O que eu pretendi dizer é que por vezes é necessário conhecer os problemas bem a fundo, todas as suas nuances, para se chegar a correctas conclusões. E referi que pode ser este o caso em que o sr. Rebelo tem uma expectativa que face aos intervenientes em jogo poderá sair gorada. Isto não retira qualquer mérito ao seu empenho nem o menoriza, pelo menos aos meus olhos. Toda a gente sabe que o problema da etnia cigana do Flecheiro é complicado e de difícil resolução. Mas também sabemos todos porquê! E há que colocar tudo isso no prato da balança na altura de agir.
E os outros que acamparam em pleno Mouchão?... Também tinham uma vivenda lá para o Norte e pouparam uns cobres a fazer campismo selvagem no centro da cidade.
caros amigos esse problema com ciganos tambem existe em Braga, e veja-se o que se passou: deram-lhes casas condignas e passados neia duzia de meses já lá se intalava um hipermercado de venda de droga, isto vão já pelo menos 8 a 9 anos, rendas das casas nunca pagaram, luz e agua, igual e haja quem lá vám tentar cortar? provavelmente nunca chegaria a casa.
tudo isto a 1Km do centro da cidade, e depois venham-me esses iluminados dizer que são coitadinhos.
Poderia alongar-me mais sobre este assunto pois tenho conhecimento de causa, infelizmente tenho de lidar com essa "tropa" casualmente por motivos proficionais.
A esses iluminados só lhes desejo que lhes calhe na porta um destes acampamentos, ou melhor, basta uma familia (sim que uma familia são mais de 20)as portas de casa para ver como falavam depois.
assim me despeço e força Sarcosi.
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