domingo, 22 de agosto de 2010

O POSSÍVEL E O DESEJÁVEL

Meu caro vereador, amigo e conterrâneo Luís Ferreira:

Vais desculpar que te responda aqui, e não no espaço dos comentários. Faço-o unicamente porque assim me posso alargar um pouco mais. Fica, todavia, desde já garantido que poderás enviar-me, se assim o julgares conveniente, uma resposta mais longa por mail, que logo aqui será publicada.
Agrada-me a tua pronta resposta. Porque ninguém gosta de escrever "para o boneco". Porque corresponde quase ponto por ponto ao que eu previa. Porque -sobretudo- constitui mais um exemplo positivo daquilo que, tal como eu, entendes por democracia: divergência, díalogo calmo, fecundo e fraterno, debate permanente, ultrapassagem de discordâncias, aceitação sem reservas das decisões maioritárias.
É claro que não concordas! O contrário é que seria surpreendente. Pois se até és tu que propões os subsídios e outras benesses... Dito isto convém lembrar-te, uma vez mais, a lamentável situação orçamental em que se encontra a autarquia, com uma dívida a aumentar à roda de um milhão de euros (200 mil contos) por mês, de acordo com os elementos que indicas no teu blogue (dívida de 29 milhões em 31/05, dívida de 3o milhões em 30/06). O que me leva a usar uma alegoria: Dois bêbados, pobres e vagabundos, discutiam na baixa de Lisboa -O qu'é que preferes pr'a ir jantar? A tasca do Maloio? Ou o Gambrinus? -O Gambrinus é muita melhor. Vou nele. -Não vais não, que não temos dinheiro p'ra isso! Vamos ao Maloio!
Em Tomar estamos numa situação semelhante. A política dos subsídios a fundo perdido, e dos passeios+comezainas+tintol+bailarico, é muita melhor. Dá mais votos, mais popularidade, diminui as críticas e grangeia apoios. Mas não pode continuar, que não temos dinheiro para isso. Ou continuamos e vamo-nos arruinando. Lentamente mas com segurança.
Há, é claro, a falaciosa argumentação de sempre. O turismo, dar a conhecer a cidade, a imagem...
Pois! Mas o turismo, o ser conhecida, a imagem, só interessam na medida em que os visitantes cá façam despesa. E despesa que se veja. Se assim não acontecer, nem os lucros cobririam os gastos, quanto mais agora os impostos recolhidos.
Temos aliás um excelente exemplo -a Festa dos Tabuleiros. Nunca ninguém se queixou de falta de espectadores, mas apesar disso, tem sido cada rombo no orçamento municipal, que até arrepia. Basta lembrar que, mesmo quando a festa não dá prejuízo, a autarquia entra com mais ou menos 100 mil euros (20 mil contos), a fundo perdido, e o turismo de Portugal com outro tanto. Valerá a pena tanto trabalho anterior, tanto transtorno naqueles dias e os espaços públicos que ficam num estado lamentável? Julgo que não. É assim mais ou menos como se a velha carreira da Índia não facultasse lucros substanciais, susceptíveis de compensar as perdas humanas.
Para além do caso exemplar da festa, é meu entendimento que não adianta atraír visitantes, quando todos sabemos, inclusivé tu e os teus colegas da vereação, que não estamos equipados, nem preparados, nem fornecidos para os receber capazmente. Ainda a semana passada fui assediado por alguém que pretendia "um guia em condições"... Dado que, sobretudo no turismo, a promoção de imagem é feita boca-a-orelha, quanto mais visitantes cá vierem, mais propaganda negativa teremos... E há que contar também com os candidatos a investidores. Que uma vez recebidos "à tomarense", sem elementos estatísticos, sem administração célere, sem interlocutores específicos e sem preços convidativos...procuram fugir daqui a sete pés! Até o Convento de Santa Iria, que tinha alguns interessados, segundo referiu várias vezes o presidente da edilidade...
Pensa nisso Luís ! Dentro de três anos, se não for antes, haverá novas autárquicas. Nessa altura, a manter-se o ritmo actual, a dívida global do município rondará os 70 milhões de euros, = a um milhão e quatrocentos mil contos. Cerca de mil setecentos e cinquenta euros por habitante = a 350 contos por cabeça. Vai preparando a tua parte, que já o Salazar foi para a pasta das finanças em 1928, exactamente para acabar com o défice. O que veio a acontecer depois é do conhecimento geral...

Cordialmente,

António Rebelo

12 comentários:

Anónimo disse...

Vereador eleito, legitimado, com direito a! Carece, de facto, de pachorra mais que muita, para ouvir e digerir todos aqueles que, nunca nada tendo feito, nem fazem a mínima ideia de como se faz(a elite…), lhe lançam farpas e faíscas...
Desenfeze neles, que, por mais náuseo que seja o fedor, nunca atingirá a flatulência abjecta, manhosa e ciumenta, do turbilhão de gorgolões que, enjoados uns, invejados outros, vão emporcalhando as páginas e folhas desta janela de doutos!
E, pousados que estamos em mote de enlambuzo, deixe lançar-lhe o emprazo (que cuido não depender de si, mas, estando lá dentro, o empurrará a seu modo); de visita à cidade hoje, ontem e antes de ontem, naturalmente chamado pelo escritor (que não apareceu, … isto quem tem cu tem medo…), e pelos outros apelos que longe chegam, impressiona, pela negativa, a quem chega, o estado conspurcado das ruas e praças desta cidade tão linda!
E, sem grandes zelos, sem os imensos fundos aqui sempre falados, de bastante, uma rigorosa programação eseu cumprimento pelos serviços competentes, de planos e frentes de lavagem dos vários quarteirões da cidade! É só, pôr a trabalhar quem pago para isso é! …
E até à próxima, em que espero ver uma cidade mais limpa.
De resto, em frente, e novidades sempre.

Até.

Luis Ferreira disse...

Obrigado pela consideração Prof.Rebelo, mas a resposta global à sua visão já está antecipadamente por mim respondido em <a href="http://vamosporaqui.blogspot.com>vamosporaqui.blogspot.com<\a>.

Em todo o caso, toma como base de analise financeira apenas a evolução da divida do minicipio entre Maio e Junho, esquecendo por exemplo o "pequeno pormenor" de em Junho se pagarem todos os subsidios de ferias dos colaboradores e portanto em todos os Junhos e Novembros as contas naturalmente reflectirem isso. 8 milhões€ anuais de despesa nessa rubrica, dos quais em Junho se pagam 1/7. basta fazer as contas, como dizia o Guterres. Mas essa será uma discussão interessante para se ter, noutro tempo e noutro lugar: como, porquê e por que razão o nível de endividamento do Municipio é o que é e como tem evoluído.

Sobre o investimento no Turismo e cultura, tal
nem merece mais uma linha de discussão, uma vez que se não houvesse dinheiro para pagar a Festa dos
Tabuleiros, num concelho que destruiu em menos de dez anos mais de 500.000€ numa rotunda e outro tanto em
lombas dissuadiras de velocidade, seria um verdadeiro crime, que apenas nos poderia colocar numa caça ao responsável por tal dislate, do tipo Western: Wanted, dead or alive.

Apesar do Paulino ter sido o que foi, o aburguesamento da terra não permite, ainda, tal actuação.

Por isso meu caro, vamos lá à Festa que o retorno é maisnverto do que imagina.

Sempre a considerá-lo

Anónimo disse...

Ai a matematica!!

70 milhões de euros = 14 milhões de Contos e não 1 milhão e quatrocentos mil!!!

O matematico

Anónimo disse...

Para 17:08

Está a ver ?! Acontece a todos! Agora imagine o que poderá vir a acontecer com gente que nem ideia tem do bêabá de economia. Em todo o caso, obrigado pela correcção.

Anónimo disse...

Pois, cuidado com as contas dos festivais e respectivas transparencias...cá estamos a aguardar publicação, para saber quem paga. Ou se pagamos...
Porque isto de botar figura com o dinheiro publico é barato...

Anónimo disse...

O Turismo é importante:
- em complemento de outras actividades mais poderosas.
ou..
- como meio para criar povos submissos e decadentes; não é por acaso que o Turismo mais cresce entre os povos do Terceiro Mundo.

Não é com Turismo que se ganha posição no Mundo, é com sectores que criem Poder - O Turismo não cria Poder.

Tomar apostará no Turismo e perderá poder de compra. Torres Novas, Abrantes, Constância e outros apostarão em sectores que criam Poder e criarão maior poder de compra.
Os tomarenses continuarão subservientes e agradecidos.

Quanto ao "TELL LAURA" ser foleira. A maior parte das músicas dos anos 50 e 60 são foleiras, mesmo a dos Beatles.
O meu gosto vai para todo o tipo de música, porque toda a música tem alguma centelha de interesse - Nunca leu "A centelha da vida" ?

Utilizei o título da canção apenas para ser simpático para uma Senhora, porque prezo o cavalheirismo e respeito a dignidade feminina, e muito...
Lancelot du Temple

Anónimo disse...

Para o amigo Luís Ferreira: De guerras não percebo nada. Só participei parcialmente em duas, uma em Angola e outra no Egipto, em ambos os casos sem querer. Do pouco que tenho lido sobre o assunto, ficaram-me as conclusões seguintes: A - Optimista ou pessimista, nenhum general ganha batalhas (e muito menos guerras) sem planos ou com maus planos e sem a colaboração empenhada de toda a tropa. B - Já se ganharam algumas batalhas sem generais. O 25 de Abril, por exemplo. C - Nunca um general, optimista ou pessimista, conseguiu ganhar uma batalha sem soldados.
D - Sempre houve, e continua a haver, batalhas que nem sequer vale a pena travar.
E para terminar um dito popular chinês, civil mas milenário: Se tem remédio, porque te queixas? Se não tem remédio, para que te queixas?

Cumprimentos,

AR

Anónimo disse...

"O escritor António Lobo Antunes negou este domingo que a sua ausência de uma iniciativa em Tomar no sábado esteja relacionada com as ameaças públicas de alguns militares e diz-se enganado por Manuel Faria, do Turismo de Lisboa e Vale do Tejo.

Em declarações à agência Lusa, Lobo Antunes recusou que a sua ausência de uma iniciativa relacionada com livros fosse uma consequência da notícia do semanário Expresso segundo a qual um grupo de oficiais reformados admitia «dar um par de murros em público» e «ir ao focinho» do escritor.

«Estou indignado, é completamente mentira a justificação dada por Manuel Faria», vice-presidente da entidade de Turismo, disse o escritor.

Lobo Antunes explicou que foi convidado para ir a Tomar falar sobre livros e dar autógrafos e que, na sexta-feira, durante a viagem, leu num jornal que o objectivo da organização era que fosse falar dos seus tempos de tropa.

«Senti-me enganado, foram desonestos comigo. Afinal aquilo era uma operação de propaganda do senhor do turismo», afirmou o escritor, garantindo que não é cobarde nem tem medo de ameaças.

Questionado sobre a polémica aberta entre alguns militares e ele próprio, Lobo Antunes garantiu que «nunca pretendeu ofender as Forças Armadas portuguesas», das quais fez parte, lembrando que os seus avôs materno e paterno foram militares."

IN TVI 24

Anónimo disse...

Mas nada disto admira!
A queda do manel do turismo é vender vinhos, castanhas, nozes, figos, chu-chu e outros frutos secos lá na sua baiuca, onde diz vender turismo de qualidade…
Se o rapaz alardeou aquela cena para mordomo da festa grande, se, se julga rei do rio ali ao lado e da corredora, se trapalhou em festivais que dizia de cinema e afins, se vendeu notícias a soldo de interesses não declarados, quem se admira que o enorme, sério e verdadeiro escritor, não esteja a dizer a verdade sobre a sua anunciada vinda ao paraíso…
E são estes os senhores que se dizem os autos representantes de Tomar nas feiras onde se vende a sua imagem (a facturar em subsídios de viagem, hotéis de cinco estrelas, boas jantaradas só para defecar postas de pescada acerca de tudo e de nada…)

Safa!

Anónimo disse...

OH Faria tu nãos mereces isto! Sacanas... ès um gajo tãoi fixe. Levaste trwww.visittemplarios.com ê4s semanas de reuniões com todos os intervenientes e lá se foi a tua promoção.
Depois de tanto esforço ainda passas por trapalhão, mas que chatice! Lá se foi a tua promoçãozita. Nem as colunas de som para a Corredoura te valeram. AH Lobo Antunes isto não se faz ao senhor do turismo.

Amigo do MAF

Anónimo disse...

Rei morto, rei posto.

Que viva o rei, republicano assumido, que lá para as bandas da Mata, vai tecendo a urdidura do poder que tem e quer conquistar.

A bem de Tomar, já se vê!

Anónimo disse...

A Câmara deu 20.000 ao Festival dos Bons Sons.
Concordem ou não foi uma decisão pública e democrática!
Mas, o pior é quanto prometeu (e irá dar) o vereador da cultura de forma discreta (mas eleitoral!!!!).

Vejam as contas do Congresso das Sopas para perceberem como é que o artista faz os milagres!!!!!!!.