sábado, 21 de agosto de 2010

PORTUGAL VISTO DE LONGE

Em tempos foi aqui apresentado o livro "Os mitos da economia portuguesa", de Álvaro Santos Pereira, que teve excelente aceitação dos leitores. Aparece agora outro livro do mesmo autor, na Editora Esfera do Livros. Álvaro Pereira é um jovem economista (nasceu em Viseu em 1972), formado em Coimbra e doutorado em Vancouver, onde actualmente lecciona, na Universidade Simon Fraser. O facto de viver no Canadá, na costa virada para o Pacífico, permite-lhe escrever friamente sobre o seu e nosso país, as suas maleitas e as suas hipóteses.
O livro, escrito em linguagem coloquial e com quadros de fácil leitura, está ao alcance de qualquer leitor, mesmo sabendo pouco ou nada de economia. Eis os títulos das seis partes em que está dividido: I - A crise que parece não ter fim; II - O sucesso que teimamos em esquecer; III - Até Portugal tem campeões nacionais; IV - Mas afinal o que é que está realmente mal? V - Que fazer? As receitas pouco mágicas que podem ajudar; VI - Portugal, o orgulho de existir.
Os eventuais compradores/leitores do livro terão a amabilidade, de efectuar as correcções necessárias, quando se depararem com lapsos de construção frásica, resultantes do facto de a obra ter sido redigida no Canadá, por conseguinte com o autor a pensar em inglês e a escrever em português. Só quem já passou por situações semelhantes é que sabe quão complexas são, bem como os resultados, por vezes caricatos, que provocam.
Grosso modo, pode dizer-se que Álvaro Pereira procura neste seu trabalho mostrar de onde vem o país, onde estamos e para onde caminhamos, ou podemos caminhar, se tivermos coragem. Em relação à primeira parte -de onde vem o país- detalha o período do Estado Novo, com este episódio que tem tanto de original como de pitoresco: "Contudo, com tanta instabilidade, não é de estranhar que a ditadura salazarista tenha tentado convencer os portugueses de que, antes de 1926, o país estava na ruína e que a estabilização política e financeira só foi alcançada com a chegada providencial de Salazar ao governo, em 1928. Porém, esta história só é parcialmente exacta. A verdade é que o défice das contas públicas começou a ser combatido eficazmente a partir de 1924, após um programa de estabilização monetária que permitiu controlar a inflação e reduzir o desiquilíbrio do orçamento estatal. Esta política foi tão bem sucedida que "a estabilidade financeira estava praticamente recuperada quando a Iª República caiu com o golpe militar de 28 de Maio de 1926". Quem agravou de novo a situação financeira do Estado foi a própria Junta Militar, ao conceder aumentos salariais sem precedentes aos militares, deteriorando em mais de 50% o défice orçamental. Foi então que Salazar se tornou ministro das finanças, implementando aquilo que apelidou de ditadura financeira..." (página 81). É o que se chama fazer o mal e a caramunha...
Em conclusão, diremos que se trata de um bom livro para quem, não sendo economista de formação, queira tentar perceber em que país vive e como desatar os nós que nos mantêm atados de pés e mãos face ao progresso. De tal forma que, enquanto cidade e concelho, entre 1997 e 2007, já fomos ultrapassados por sete outros municípios (Alcochete, Abrantes, Almeirim, Cartaxo, Constância, Rio Maior e Torres Novas) em termos de poder de compra, de acordo com dados do INE. (Ver post "Dados oficiais confirmam: Tomar está-se a afundar", em tomaradianteira.blogspot.com
Apesar de continuarem a garantir-nos que vai tudo bem e que têm planos para a cidade e para o concelho. Calculamos que sim!

3 comentários:

Anónimo disse...

Os dados actualizados só podem ser piores. Porque encerram fábricas e não se substituem por outras. Porque os serviços públicos estão em debandada (apesar da localização de Tomar, até o centro de coordenação de combate a fogos foi para Almeirim, na lezíria(!), e o vereador da oposição/situação melhor se preocupasse com isso em vez da "conversa à porta do quartel" ou do uso da fatiota completa). Porque não há investimento nem público nem privado na cidade. Porque do comércio é melhor nem falar e
basta ver os tomarenses às compras nas grandes superfícies em Torres Novas, Santarém ou Leiria...Um destes dias até "ao" peixe, fruta e verduras!
Fica o quê?
Pedro Miguel

Anónimo disse...

até o centro de coordenação de combate a fogos foi para Almeirim, na lezíria(!)

um bom serviço prestado a Tomar pela organização do PS no Distrito!

obrigado camaradas!!!!!!

Anónimo disse...

Infelizmente só a Câmara é que não sai de cá.