terça-feira, 8 de março de 2011

CARNAVAL, CRISE E COISA E TAL...

Foto António Freitas, com os agradecimentos de TaD

Tencionava nem sequer escrever sobre o cortejo de Carnaval. Porém, o amigo Freitas trocou-me as voltas. Enviou-me uma série de excelentes fotos, entre as quais a que encima este texto. Começo portanto por aí. Se, como proclama a quadra, o bicho vinha para Tomar a dianteira, então deve-se ter perdido, porque ainda aqui não apareceu... Ou tratou-se simplesmente de tomar a dianteira do patusco desfile?
Quanto ao cortejo, parece-me ter sido do mesmo estilo do actual executivo autárquico. Honesto, simples, modesto, fracote e carote. Em todo o caso, com menos figurantes e carros alegóricos das colectividades do que na anterior edição. E uma nítida falta de ideias, de originalidade. Mesmo a pedir um argumentador em condições para as edições vindouras. É de mudança acelerada o tempo que corre, pelo que sem qualidade e sem algum requinte, não se consegue ultrapassar uma envergonhada mediania, mesmo que bem intencionada.
Entretanto li, no blogue o jumento, o  post "Os problemas que o FMI já nos resolveu", que termina assim: "Mas para a direita, a vinda do FMI resolve o seu maior problema: a falta de um programa e a incapacidade de disfarçar a fome pelo dinheiro dos contribuintes."
Quem diria! Se o autor do dito texto está a ver bem as coisas -e tudo indica que sim- então temos em Tomar uma situação homóloga, com uma diferença que altera tudo. Mesmo que o FMI acabe por despachar os seus técnicos da finança, para tentar arrumar a Casa Lusitana, o efeito será por assim dizer nulo nesta  amada Casa Gualdina. O que significa a perenidade do problema fulcral. Nem a direita, nem o centro, nem a esquerda, nem a extrema-esquerda destas paragens dispõem de qualquer programa adequado à zona e ao actual contexto. Nem parecem capazes de conseguir elaborar tal coisa. Por ignorarem o que seja ou como se faz. Pois se até o PCP -de longe o mais calejado partido político português- está na situação de usar como palavras de ordem "Mais produção, liberdade, socialismo", já se pode ver a profundidade do buraco em que nos encontramos, no que concerne a modelos teóricos a difundir e implementar. Não estão a ver? Mais produção? Seja! Mas como? Com que recursos? Liberdade? Seja? Mas precisamente para quê? Socialismo? Seja! Mas de que tipo? Para quando? E quem paga? 
Verdade seja dita que a tarefa também não se afigura nada fácil tanto a nível nacional como local. Por um lado, a paisagem económica nabantina é um campo de ruínas, com cada vez menos contribuintes, num contexto em que o governo falido se vê constrangido a reduzir o mais possível as transferências para a autarquia. Grande penúria à vista para este e para os próximos anos, por conseguinte. Por outro lado, uma maioria relativa, muda e queda em termos de projectos para remediar o desastre e procurar vias de recuperação, uma dívida global da ordem dos 40 milhões de euros (incluindo já a indemnização à ParqT), o que equivale a praticamente 100% das receitas anuais efectivas e, a coroar a situação, um despesa corrente primária próxima dos 60% das mesmas receitas. A catástrofe económica inevitável, a curto ou médio prazo.
Dirão os incorrigíveis optimistas, em geral portadores de óculos com lentes laranja ou rosa, que não é bem assim. Não seria, caso o orçamento aprovado não fosse, como habitualmente, um documento virtual, bastante empolado e que por isso mesmo já só engana quem gosta de ser iludido. Todavia, se tiverem a coragem de ir verificar em relação ao ano passado quais as receitas totais efectivamente arrecadadas, comparando-as depois com as previstas para este ano, estou certo que vão cair do cavalo da ilusão em que insistem em viver.
Subsiste, portanto, a cruel dúvida: Sem planos, sem programa, sem projecto, sem capacidade para elaborar tais documentos, sem ideias susceptíveis de  fecundar a história, que estão lá a fazer os actuais membros do executivo? Constrangidos pela acima citada "fome pelo dinheiro dos contribuintes"?
Quaisquer que venham a ser as respostas, uma coisa é já absolutamente certa e redibitória -quanto mais tarde houver mudanças radicais, mais difícil, dolorosa e longa será a resolução do problema local. O qual, não o esqueçamos, já nada tem a ver com a crise internacional, ou sequer com a nacional. Não foi Bruxelas nem foi Lisboa que  meteram o pé na argola vezes sem conta, ou que continuam a asneirar como se nada fosse...

11 comentários:

Anónimo disse...

ai ti rebelo ti rebelo se não fosse a tua boa disposição o que seria de tomar? um mar de velhos!
oh avozinho vai tomar conta dos netos vai lá meu.

Anónimo disse...

Este "tomar a dianteira" quis dizer que o carro da tauromaquia tomava a dianteira do cortejo carnavalesco, era o primeiro a desfilar, nem mais.

Mas o prof Rebelo, com um ego do tamanho do mundo e sempre a olhar para o umbigo, viu ali o retrato do seu berloque.

Enfim.....!!!!!!!

Que lhe preste!!!!!!!!!!!!!!!!!

Anónimo disse...

Para anónimos da meia-noite e das nove da manhã:
Por uma questão de economia e boa organização, respondo aos dois num só comentário Desculpara-me-ão certamente.
Sou agora o patriarca de uma família cujo modelo de vida nunca assentou em avós a tomarem conta dos netos. Cada casal só tem descendência quando dela possa tomar conta. Neste momento, por isso mesmo, só há netos franceses, de que os pais só tomarão conta até aos dez anos. A partir daí cada qual toma conta de si, embora viva na casados pais.Isso dos outros tomarem conta é um modelo que já deu o que tinha a dar.
-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-x-

A vantagem de ser dotado de uma cabeça fora do comum! Obrigado amiga/o das 9 da manhã! Sem o seu luminoso e percutante naco de prosa continuaria nas profundas trevas da ignorância, per secullum secullorum. Amen.
Uma perguntita, se me permite: Leitura atenta, ironia, sarcasmo, sentido de humor, sabe o que é? A julgar pelo seu comentário, não parece...É pena! Para si, claro!

Anónimo disse...

Gostaria de deixar um comentário ao artigo do sr. Rebelo.

é por causa de pessoas como o sr. " Velhos do Restelo " que a cidade está na situação que todos nós sabemos.
a Tomariniciativas pelo menos tenta promover alguma coisa pela cidade, ao contrário do sr que só faz é criticar de forma destrutiva tudo o que se tenta fazer. Todos nós pretendemos fazer mais e melhor que que o ano transacto. No entanto, fazemos consoante as condições que nos são dadas, que como muita gente sabe não são as que pretendiamos.
Todo o trabalho relativo ao Carnaval, foi realizado com 1 mês de antecedência, pois foi só no final de Janeiro que nos foi dada pela Câmara Municipal a luz verde para avançar, e não sei se sabe, presumo que não ,que realizar um evento deste género com 1 mês de antecedêndia não é nada fácil.
Em vez de passar o tempo a divagar com criticas a tudo o que se faz, proponho que tente fazer alguma coisa pela cidade, pois sentado em frente a um computador a criticar tudo o que se faz,seja por quem for. Em suma, tenta ter alguma iniciativa positiva e não apenas denegrir tudo que os outros fazem.

Anónimo disse...

ti rebelo obrigado por seres um belo avozinho!
sim tens cabeça mas quando ninguém te liga o ti rebelo auto-elogia-se. isso é doença mas não ligues. continua na busca da tua perfeiçao e ja agora e que tal reduzires a barriguita? ou achas que já não vae a pena?
abraço ao ti rebelo e obrigado pelo que não tem feito por tomar.

Anónimo disse...

Caro senhor redactor do comentário das 11:35 de hoje:

Chegam aqui tantas dezenas de comentários, uns que vão logo para o lixo e outros para publicação, que em circunstâncias normais, nem sequer perderia tempo a responder. Abro no entanto uma excepção por se tratar, visivelmente de alguém ligado à realização daquele cortejozeco de ontem que, na minha tosca opinião, não prestigiou ninguém.
Diz vossa mercê que "é por causa de pessoas como o sr. (eu) "Velhos do Restelo" que a cidade está como todos nós sabemos." Será mesmo? Então porque será que Tomar sofreu o que é do conhecimento geral, durante os mais de 20 anos em que mantive o mais rigoroso silêncio? Não será antes devido ao feitio de pessoas visceralmente alérgicas a qualquer forma de crítica?
Refere a seguir que "A Tomariniciativas pelo menos tenta promover alguma coisa pela cidade, ao contrário do sr. que só faz é criticar de forma destrutiva tudo o que se tenta fazer."
Deixe-me dizer-lhe frontalmente, com assinatura por baixo, como sempre foi e é meu timbre, que o sr. mente. Nunca critiquei algo "que se tenta fazer". Limitei-me sempre a emitir opinião fundamentada sobre o que está concluído e foi mal feito. Nunca veio ninguém rebater os meus comentários. Porque terá sido?
Uma última nota. "A cidade está como todos sabemos...Tomariniciativas pelo menos tenta promover alguma coisa pela cidade." Pois Deus nos livre de promotores assim, que vão arruinando paulatinamente os cofres municipais, de cada vez que os rendimentos obtidos são inferiores aos subsídios concedidos, como é o caso.
Entende-se que numa cidade de conformistas acomodados, que nunca conseguiram viver sem a ajuda do orçamento de Estado, directamente ou via autarquia, Tomar a Dianteira incomode. Pode contudo ficar descansado. Não faço nada pela cidade, como escreveu, mas também nunca pedi nem pedirei um cêntimo que seja à autarquia. Estou até persuadido de que se todos fizessem como eu, outro galo nos cantaria. Infelizmente...

António Rebelo

Anónimo disse...

Ao António Rebelo,

É sempre um prazer ler os seus artigos e comentários, até pela lucidez e inteligência a eles associados. Coisa rara cá pelo burgo.

O meu Amigo foi por mim questionado num certo dia sobre a permissão de aqui deixar que se alojassem alguns comentários francamente ignóbeis. A sua resposta foi lapidar e inteligente: "a melhor maneira de educar é deixá-los "falar" que neles não deixarão de aprender a melhorar os seus comportamentos em democracia, desde que não ultrapassem as marcas da boa educação..."
Quero felicitá-lo pela coragem e dedicação à educação cívica que tem demonstrado ao longo da sua vida, e da qual sou testemunha, coisa rara nos tempos que correm.
Eu sei muito bem que não é nada fácil a sua tarefa, por muito que o critiquem nunca chegarão aos seus calcanhares, porque é gente cheia de medo, até pelos telhados de vidro, que todos temos, e que são incapazes de conviver com a crítica sempre saudável e uma forma sã de viver, quer socialmente quer politicamente. Aí o António Rebelo ganha, não aos pontos, mas aos quilómetros.

Com um saudoso cumprimento
José Soares

Anónimo disse...

A Tomariniciativas pelo menos tenta promover alguma coisa pela cidade....Com 25.000€ oferecidos pela Câmara!!! A Linhaceira fez bem mais, com menos.

Anónimo disse...

Fazer alguma coisa pela cidade ou pelo concelho ?
Estes citadinos tomarenses têm uma visão muito focada no umbigo. É preciso virem os de fora apresentar políticas para o concelho e não só para cidade.
E o que é que os tomarenses fazem pelo concelho ou pela cidade ? Nada! Eles só sabem destruír o património que herdaram deixando a terra à rasca.

Souto Lopes disse...

Os de Tomar os que nunca perderam o castelo de vista, ou vão mamando da teta, ou a sua visão acaba no padrão de S. Lourenço. Estes aristcratyas pés de barro que destruiram o que herdaram ds pais, estão falidos e o futuro da cidade e concelho está nas mãos dos rurais como lhe chamam. Não vale a pena irem na frente do desfile dos tabuleiros, porque nada valem, ou valem muito pouco e a prova está em a LINHACEIRA mostar a provar como se faz um cortejo de Carnaval em Carregueiros uma festa do Espirito Santo/Tabuleiros.

susbídio ao Carnavald eve ser dado em partes iguais às duas Comissões e no de Tomar mais um subsídio a cada associação que participe..Já agora pORque os que pagamos apeso de ouro por mês com os nossos impoSTos, ou seja os eleitos não se veem nestas ocasiões. Teriam ido para o da MEALHADA

CAROLINA SIMÕES disse...

PADRE MÁRIO VAMOS LÁ CHAMAR O BOI PELOS NOMES E DIGA

A VEREADORA COM RESPONSABILIDADES NESTE PELOURO A ROSÁRIO SIMÕES JÁ DEVIA TER-LHE SIDO RETIRADO TODOS OS PELOUROS POR INCOMPETÊNCIA E MAIS, NÃO A DEXE ESTAR A MASCAR PASTILHAS NAS SUAS MISSAS. OUVIU

IN HETZ

TOMAR - Padre Mário Duarte afirmou que o caso do cidadão que ocupa a Capela de São Gregório é «degradante» e «vergonhoso»


O Padre Mário Duarte aproveitou os microfones da Hertz para solicitar uma maior atenção da Câmara Municipal aos casos mais preocupantes de cariz social. O pároco de Tomar deu como exemplo o processo relacionado com o cidadão José Carlos, que ocupa a Capela de São Gregório desde há vários anos sem que se encontre outra solução. O Padre Mário Duarte classifica mesmo esta situação como «degradante» e diz estar «envergonhado» com a imagem de «pobreza e de miséria» que este e outros casos transmitem a quem visita a cidade:


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«Tenho falado do caso do José Carlos e, como ele, há outras situações. É degradante o que se está a passar em São Gregório e julgo que não seria necessário muito dinheiro para se encontrar uma solução. Sinto-me pessoalmente envergonhado com esta situação, ainda para mais nas imediações de um empreendimento turístico. Trata-se de um cartão de visita nada recomendável. Aliás, as entradas da cidade mereciam um melhoramento também ao nível da promoção humana. De um lado, encontramos a etnia cigana... há muitos anos que se fala do seu realojamento mas a imagem continua de pobreza e miséria. Do outro lado, está o José Carlos, bem ao lado do Mouchão, que é bastante visitado. Lamento, até, que lá continue uma árvore caída, já enfeitada para o próximo Natal... Espero que tudo isto se resolva antes da próxima Festa dos Tabuleiros, senão será uma vergonha para todos nós». O concelho tem, assim, vários casos identificados a necessitar de intervenção social e, como é óbvio, de apoios financeiros. A Hertz aproveitou a passagem do Carnaval, nomeadamente o investimento da Câmara Municipal de Tomar nos desfiles da Linhaceira e da cidade, e questionou o Padre Mário Duarte sobre se, em tempos de crise, estes gastos encontram justificação: «É uma questão muito difícil, pelo que talvez não me caiba fazer comentários. Sei que o divertimento é importante e faz falta nos tempos que correm. Mas julgo que os orçamentos podiam ter sido repensados. Talvez tivesse sido necessário canalizar alguns desses fundos para outros fins. Mas não me cabe fazer julgamentos. Espero que a Câmara, assim como outras instituições, respondam às suas obrigações».