Com aquela sua maneira ao mesmo tempo singela mas solene de dizer as coisas, Jerónimo de Sousa foi ao fulcro do problema, numa recente declaração aos jornalistas. Em vez de longo fraseado, de entendimento muito duvidoso por parte da maioria dos eleitores menos escolarizados, o líder comunista usou o método usual dos jesuítas -respondeu a uma pergunta com outra pergunta. Só que, neste caso, a interrogação foi habilmente formulada, de forma a pôr a nu uma das principais contradições do sistema económico em que vivemos -a apropriação da mais-valia, da riqueza, do valor acrescentado, ou como lhe queiram chamar, que a este nível de escrita tanto importa. Foi assim: (Cito de memória) "Se o Banco Central Europeu faculta liquidez aos bancos a 1%, como se explica que estes ["os mercados"] exijam depois mais de 7% ao Estado?"
É simples, é directo e nunca falha: fica assim demonstrado que o sistema económico em que vivemos não é justo, não é coerente e não é racional. Infelizmente, o substituto que se lhe arranjou e que tinha como farol a então União Soviética, revelou-se ainda pior. De tal sorte que implodiu. Não foi derrubado, foi-se derrubando a pouco e pouco, até à derrocada final.
Quanto à acutilante pergunta de Jerónimo de Sousa, todos os economistas dignos da designação conhecem a resposta. E o dirigente máximo do PCP também. A atitude dos bancos explica-se em termos económicos pelo facto de ser essa a lógica do sistema. São comerciantes de dinheiro. Se puderem ganhar 6%, não vendem por menos. Já em termos políticos, que tendem a condicionar sempre a esfera económica, a atitude é outra, embora neste caso compatível e mesmo facilitadora da anterior. Sob a égide alemã e dos europeus do norte, procura-se vacinar os países ditos "periféricos" contra as constantes tentações de assalto desenfreado ao orçamento, muito para além do razoável. Dito numa frase topograficamente situada, trata-se de procurar inculcar em políticos desprovidos de formação económica -como por exemplo os autarcas nabantinos- coisas simples, do tipo "uma dívida aos bancos de 33 milhões a 1,5% é igual a uma de 3,3 milhões a 15%." Uma taxa de juro incomportável para qualquer empresa, em período de muito baixa inflação, quanto mais agora para uma entidade que em geral não produz mais-valia. Pode parecer comezinho, sobretudo aos habituais especialistas de ideias gerais, mas a triste realidade actual...
Porque não adianta continuarmos a ter ilusões. Na Irlanda, o problema foi provocado pela banca; em Espanha pelo rebentamento da bolha imobiliário; na Grécia e em Portugal pelo excessivo peso da dívida pública, a exigir cortes drásticos e dolorosos para que a situação retorne ao aceitável em termos internacionais. Tais cortes vão implicar uma considerável diminuição do peso do Estado em todos os domínios, designadamente na saúde, na educação e nos benefícios sociais. O que levará a que cada vez mais cidadãos se interroguem. Se tenho de pagar os medicamentos, as portagens, a educação, a saúde, a água, a luz, o gás, o saneamento, os resíduos sólidos e por aí fora; então pago IVA, IRS, IMI, IRC para quê? Quais são os benefícios? A segurança? A defesa ? O direito de voto? Não me façam rir!
5 comentários:
De facto, o Sr. Jerónimo de Sousa é um mestre da política portuguesa, muito útil para a resolução dos nossos problemas sociais e políticos e económicos.
E até para a sempre propalada união de vontades.... para a resolução dos problemas vitais de Portugal.
Especialmente para a modernização das forças produtivas portuguesas e de Portugal no mundo.
Politicamente, tem o discernimento de um seixo, o raciocínio de um meteorito, a perceção da realidade dos interesses do nosso povo como se estivéssemos no PREC, há 36 anos. Ele não aceita o fecho desse ciclo. Ainda tem na memória e nos desígnios o discurso de Vasco Gonçalves na Lisnave e o cerco à Assembleia Constituinte.
Um operário trauliteiro e radical, atrelado a um livro que Lenine escreveu ("Que Fazer?") no princípio do século XIX para um partido para enfrentar uma realidade específica de então - um livro para o aparelho.
Os tempos mudaram e as relações sociais, as forças produtivas, são outras.
Provavelmente ainda hoje terão, ele e os seus correligionários, um Pseudónimo para a eventualidade de um regresso à clandestinidade, caso fracasse um golpe contra-revolucionário em que se aventure com o apoio dos reacionários das nossas forças armadas, como aconteceu em 25 de Novembro.
Certo. Terá sempre os dirigentes do BE, como à altura a UDP e bombistas (muitos deles acolitados no BE), para lhes darem cobertura à tentativa de instaurar feroz ditadura sobre o povo português, caso a oportunidade se apresente.
O BE que os anda a atrapalhar e a definir a sua agenda política.
Só não vê quem não quer ou se deixa levar pelo jogo político conveniente: O PCP DE JERÓNIMO DE SOUSA É UM PROBLEMA PARA PORTUGAL, para os trabalhadores, para o povo.
Jerónimo de Sousa dirige-se aos portugueses da mesma maneira como se dirige aos militantes do PCP nas reuniões e assembleias do seu partido.
Jerónimo de Sousa é um potencial ditador, num partido que persiste em viver na "clandestinidade", como portador da Mensagem Divina.
Mas as pessoas comem e querem viver todos os dias. E se um dia revolução houver, é o povo que a vai decidir e não este torneiro-mecânico que descansa e quase adormece naquela cadeira da A.da República, incapaz de manusear e explorar o Computador público que lhe facultaram.
Jerónimo de Sousa é uma ameaça à DEMOCRACIA PORTUGUESA.
E não tem cura. Infelizmente.
Consta que a Misericórdia apresentou prejuízos em 2010 ?
O que é que se sabe desta situação ?
Se a Misericórdia apresenta prejuízos então está explicado por que é que os funcionários não foram aumentados nos seus salários.
A farmácia da Misericórdia não está a perder clientes? Esta questão não tem sido levantada neste bolg?
Como é que a Misericórdia vai financiar investimentos?
Alguns irmãos não avisaram, já há muito, da possibilidade de agravamento da situação?
Não aumentaram os salários de 2009 nem os de 2010!
Admiram-se da farmácia da Misericórdia perder clientes? 1º vendem certos produtos mais caros que na concorrência; 2º os funcionários parecem funcionários do Estado: lentos no atendimentos que até aborrece!
Quinta-feira, 31 de Março, vai haver Asembleia Geral da Misericórdia para apreciação e votação do Relatório e Contas de 2010.
Como é habitual, desde que Fernando Jesus foi eleito Provedor, aquelas peças são aprovadas apenas com os votos dos funcionários da Misericórdia, que não discordam, nem podem (como aconteceu no CIRE). E os irmãos, por onde andam? Porque é que não aparecem na Assembleia? Porque é que as Assembleias passaram, com Jesus, a serem sempre à noite, quando antes eram ao Sábado à tarde?
Dizem que o ano de 2010 foi terrível para a Misericórdia, por causa da crise nacional e de Tomar, e como serão os próximos anos, com a situação a piorar e muito?
O que esperam os irmãos?
Há anos atrás a Misericódia esteve à beira da falência, foi o general Oliveira quem a salvou.
Os tomarenses olham para o lado, como fizeram e fazem com tudo?
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