terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ficamos sempre muito bem na fotografia!



Perante as ilustrações acima, alguns leitores estarão algo incrédulos, pois pensavam que João Baião não seria bem um dos meus autores preferidos. Pois têm toda a razão. O simpático apresentador não constava na minha lista de autores a ler ou já lidos. Ocorreu todavia que o livro me veio parar às mãos e que eu nunca fui capaz de recusar aprioristicamente qualquer leitura. E desta vez, confesso não ter perdido o meu tempo. O texto é agradável, ligeiro, num português escorreito, aspecto que é sempre de assinalar, por se estar a tornar relativamente raro.
Melhor ainda, o autor até se mostra bastante simpático para com a nossa cidade: Publica uma receita das Fatias e confessa que "Outra das minhas cidades preferidas... ...é Tomar, conhecida como a Cidade Templária.  ...Passei uma temporada em Tomar. Lembro-me do Rio Nabão, de um jardim muito agradável e de uma capelinha muito bonita, dedicada a Nossa Senhora da Piedade... ...Imponente é também o Convento de Cristo, nas suas enormes proporções.  ...Levou quatrocentos anos a ser construído e conjuga vários estilos arquitectónicos, como  românico, gótico, renascentista, barroco e manuelino."
Após estas amáveis referências, cabe reproduzir outras tantas farpas, muito bem colocadas, reconheça-se: "A Festa dos Tabuleiros de Tomar envolve música e foguetes, charretes, bois, jovens, mordomos e cavaleiros.  ...Hoje em dia é uma aparatosa romaria popular que atrai muitos visitantes a Tomar. Em 2010, a Câmara Municipal tomou a iniciativa de avançar com a candidatura da Festa dos Tabuleiros a Património Imaterial da Humanidade."
"Na Freguesia de Formigais, perto de Tomar, existe uma praia fluvial com características terapêuticas. É a praia fluvial do Agroal, cuja nascente está rodeada por um muro, que forma uma espécie de barragem, onde é possível tomar banho.
... ...Há poucos anos, a zona foi requalificada e hoje constitui um agradável e refrescante espaço de lazer, ao fundo de um vale, rodeado por árvores e outra vegetação. Para lá chegar, as indicações não são claras, mas nada que umas perguntas pelo caminho, ou um bom GPS não resolvam."
Mais adiante, João Baião é franco: "Mesmo quem nunca visitou o convento, conhecerá dos livros de História a famosa Janela da Sala do Capítulo, que exemplifica bem o original estilo manuelino.
Todo o espaço é monumental, mas lamento que tenha tão pouca vida e que conte aos visitantes tão pouco da sua rica história: salas vazias, pouca informação explicativa. Em Portugal, por vezes aproveitamos mal os magníficos legados que a História nos deixou."
E assim acontece mais uma vez: Ficamos sempre bem na fotografia. Mesmo quando, como no caso presente, o autor termina com mais um louvor às nossas coisas: "Mas o Convento de Tomar é, ainda assim, um espaço magnífico, imperdível para quem esteja nas redondezas. Felizmente, abriu as suas portas a uma companhia de teatro local, o Fatias de Cá, para servir de cenário a originais peças de teatro, que aliam a gastronomia à arte teatral e ao património."
Deve ter sido o Carlos Carvalheiro, incansável motor do Fatias, que moveu mais uma vez as suas influências... quem sabe, sabe!

João Baião, Pelo coração de Portugal, Esfera dos livros, Lisboa, Julho 2011, 175 páginas, 14, 40 Euros na FNAC, 16 euros nas livrarias.
 O negrito e as cores são de Tomar a dianteira.

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