sábado, 22 de outubro de 2011

"Potenciar o aumento das exportações"

Sinal inequívoco de que as medidas já decididas pelo actual governo começam a dar frutos na área da credibilidade externa, o Le Monde, que tem décadas de experiência nestas coisas decidiu enviar um jornalista a Lisboa e dedicar 3/4 de página à presente situação portuguesa. Claire Gatinois, especializada em economia, enviou duas peças para a redacção parisiense -uma reportagem e uma conversa com o presidente do Tribunal de Contas.
Eis a tradução das palavras do socialista Guilherme de Oliveira Martins:
"Com o país excessivamente endividado, o governo português aprovou um conjunto de medidas de austeridade, mais severas que as impostas pelo memorando da troika. Presidente do Tribunal de Contas, Guilherme d'Oliveira Martins, membro do Partido Socialista, analisa essas medidas.
Aumento do IVA e do horário de trabalho, redução dos vencimentos da Função Pública. As medidas governamentais vão permitir uma redução do défice?
Estamos num estado de absoluta necessidade. A austeridade não é um fim em si mesma. É um meio para sossegar os mercados. As medidas já tomadas são necessários, mas seguramente incompletas. Faltam elementos susceptíveis de potenciar o incremento das exportações. O actual plano poderá vir a ser melhorado.
Os sacrifícios são exigidos sobretudo às famílias. Acha justo?
É importante que os contribuintes portugueses saibam que o Tribunal de Contas está do seu lado. O peso dos serviços públicos em Portugal é comparável ao que acontece em França. Pensamos ser necessário salvaguardar os mecanismos de coesão social. Mas podemos conseguir uma organização mais eficaz. É indispensável "emagrecer" a função pública. As respectivas despesas, que representam cerca de 50% do PIB, têm de ser reduzidas para 40 ou 45%. O Estado é obrigado a reduzir o défice público para metade. E o sistema fiscal terá de ser melhorado, simplificado e estabilizado.
"Descobriu-se" a dívida da Madeira (superior a seis mil milhões de euros) e começa a saber-se dos prejuízos dos bancos. Parece-lhe que o governo tenha gerido mal estes dois problemas?
O Tribunal de Contas identificou em 2006 o problema da Madeira e transmitiu as recomendações que julgou úteis. Vão ser aplicadas várias multas àquela região autónoma. Quanto aos bancos, fizemos uma descrição dos problemas do sector em 2008. A grande lição a reter desta crise é a necessidade absoluta de implementar muito mais disciplina e rigor, alargar os poderes de organizações como o Tribunal de Contas e reforçar os controles prévios. É indispensável que a supervisão e as políticas dos países membros da zona euro tenham melhor coordenação.
Qual a sua opinião sobre as anunciadas privatizações (TAP, AdP...) para diminuir a dívida pública?
O Tribunal de Contas já alertou o governo para os riscos de corrupção relacionados com a venda de activos do Estado. As condições são neste momento difíceis, pelo que não devem ser tomadas decisões que poderiam a médio prazo ser prejudiciais para os contribuintes. Parece-me ser preferível aguardar.
Portugal poderá evitar um segundo plano de resgate?
Se as medidas já anunciadas forem realmente aplicadas, o país poderá e deverá evitar pedir novas ajudas externas. Mas não está em condições de resolver sozinho os seus problemas.O desafio que temos pela frente consiste em conseguir que Portugal, como todos os outros países da Europa, venha a poder aceder de novo aos mercados, em condições aceitáveis. Para que isso suceda, é indispensável uma solução europeia: a implementação de um governo económico. Trata-se de uma questão de vida ou de morte para a zona euro."


Conversa conduzida por Claire Gatinois
Tradução e adaptação de António Rebelo/Tomar a dianteira

1 comentário:

Anónimo disse...

Tem sido evidente a sua dificuldade em repescar textos de apoio a este governo de aldrabões. Porque de aldrabões se trata.

Por isso se fixou entusiasticamente nesta entrevista da chacha. O homem não diz nada de substancial. Tretas das velhas, conversa fiada, retórica barata. Tantos autores que aqui citava contra José Sócrates e agora parece ter deixado de os ler...

Como sabe as nossas exportações estão a diminuir desde que este Governo de salteadores tomou posse e, infelizmente, parece que vão continuar a diminuir. Aliàs, se estes senhores não forem rapidamente mandados pela porta fora, o nosso país entrará em parafuso.

Eles mentiram. Eles enganaram o povo. O que se passou foi um golpe de Estado de direita, mas de direita saudosista do ditador Salazar. Qualquer dos actuais ministros poderia ser ministro de um governo do ditador.

Neste momento, no âmbito partidário, a bem dizer só o PCP e BE os apoiam, tal o crime que cometeram contra o 25 de Abril. O Jerónimo de Sousa parece uma idosa indignada:

"O senhor Primeiro Ministro não sabe o que é a vida..." - disse ele no Parlamento. Havia no passado quem escrevesse Cartas Abertas ao ditador apelando à boa ética e moral da ditadura. O Jerónimo começa a ser divertido...

Parece que a seguir disse:

-Dê-nos uma esmolinha...-por favor!

Há dois ou três dias até alertou o governo, dizendo que o Estado capitalista burguês era uma "pessoa de bem"... Que dirão os marxistas (?!) do PCP?.... Se é que eles existem.

O velho operário aburguesado e dançarino dos alunos da Apolo meteu os trabalhadores numa alhada daquelas, coisa que sempre fez nos últimos 37 anos. Velho reacionário encapotado que fala para o povo como para uma reunião de quadros do seu partido. Político estúpido.

O problema que se está a colocar neste momento é sobre a melhor maneira constitucional de mandar este governo de serracenos pela porta fora, para não ser a pontapé e levados à barra do tribunal pela forma desavergonhada como utilizaram a falsidade para com os portugueses.

É preciso que se diga: mentiram conscientemente em tudo quanto disseram e o seu tal S. Miguel Relvas foi o maior trafulha político que alguma vez conheci na vida. Detestável e ascoroso, sem respeito pelo povo e pela democracia. É a boa prenda que têm aí em Tomar, que manterá Tomar sem liderança séria e competente, para manter protegida a sua Lapa, tais as mancomunações com ele que por aí parecem existir. Cabe aos tomarenses denunciar esse todo-terreno, anti-democrata e golpista.

José Sócrates foi, de facto, um excelente Primeiro Ministro e convidou na altura certa todo o sistema partidário para defender a honra de Portugal.

Recusaram. E recusaram porque mostraram ser uns grandes fp. Os portugueses em devido tempo vão-lhes cobrar, quem sabe se apanhá-los num buraco, onde no século XXI estão a ser caçados todos os ditadores e inimigos dos povos.

Obviamente que respeito as opiniões do Dr. Rebelo, um filho do povo como eu, um homem do povo como eu, que comeu o pão que o diabo amassou.

Mas isto de, na política nacional, estar a fazer de Mário Crespo, custa-me ver.

Dr. Rebelo, a entrevista não diz nada..., e este governo que apoia não passa de um conjunto de bandos épicos que apenas pensam nos despojos da pátria, apoiados por bancos e ladrões, com quem o seu S.Miguel Relvas mantém almoçaradas.

Tenho hoje subido orgulho em ter sido e continuar a ser apoiante do meu Zézito!!!! Porque estive do lado de Portugal, porque estive do lado da esquerda portuguesa.