quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Principais temas da semana


"Ilegalidades" na Misericórdia, refere O TEMPLÁRIO, em chamada de primeira página. Trata-se da algo agitada assembleia da irmandade da Santa Casa da Misericórdia, onde ocorreram coisas de pasmar. Por exemplo: Que quase 40 anos após o 25 de Abril, um advogado ainda ignore que, em democracia de tipo ocidental, como aquela em que vivemos, quando algum dos presentes pede, antes do escrutínio, que o voto seja secreto, o seu pedido deve ser aceite sem hesitações, deixa-me pasmado. Foi porém o que sucedeu na dita reunião, com uma interrupção dos trabalhos para decidir. 
Há depois o triste espectáculo de uma santa colectividade de solidariedade social a ter de se pronunciar sobre a possibilidade do seu irmão-provedor se poder candidatar a um sexto mandato, quando o compromisso é claro. Cada irmão apenas pode desempenhar dois mandatos. Se, como até há uns anos atrás, o desempenho do cargo não fosse remunerado, dir-se-ia tratar-se de um caso de devoção cidadã. Agora assim, com honorários mensais de 1.500 euros + alcavalas...
É afinal o corolário lógico da lenta transformação da solidariedade cristã em indústria assistencial, no seio de sociedades com o denominado modelo social europeu. O qual, infelizmente, está a dar as últimas, por falta de "pulmão".
O outro assunto importante vem na página 15, assinado por Guilherme Duarte. Aborda de forma crítica a problemática do pretenso fórum romano, que agora os eleitos socialistas pretendem novamente vedar. O autor cita e reproduz um outro texto seu, de Janeiro de 2006, no qual focava o que lhe acontecera 25 anos anos antes. Ou seja, em termos actuais, há 30 anos. Só mesmo em Tomar é que três décadas passadas a questão continua em ponto morto.
Custa-me repetir evidências, mas isso sou forçado. Consultei, li, estudei, ouvi, indaguei, sem conseguir qualquer prova de que aqueles toscos alicerces possam ter sido outrora parte de um fórum romano. A única pessoa que o afirma desde há mais de 30 anos é Salette da Ponte, que infelizmente não apresenta dados substantivos, para além da sua própria opinião, baseada não se percebe bem em que documentos escritos ou achados arqueológicos verificáveis por todos.
Li várias vezes tudo aquilo que escreveu sobre o assunto nos sucessivos boletins culturais da Câmara de Tomar, tendo detectado um caso evidente de "pescada de rabo na boca". Quando a senhora refere textos de outros autores, ou publicações nacionais e internacionais, em apoio da sua tese, lendo as obras e  os autores citados, constatei que lhe devolvem a citação, apresentando-a como única fonte da escavação e da identificação do achado. Será preciso dizer mais?
Quanto aos ditos alicerces, na minha humilde opinião de simples aprendiz de história (tenho apenas as unidades de crédito necessárias para um bacharelato que nunca solicitei), só merecem um destino -dar lugar a qualquer construção tida por conveniente pelo proprietário do terreno, bem entendido sem ligação alguma aos romanos. Quase 40 anos de palhaçada, chega e sobra para envergonhar quem ainda saiba o que isso é.


                                   

Não me parece que o caso dos bancos frente ao quartel dos bombeiros, agora deslocados por ordem do vereador respectivo, seja tema para primeira página. Contudo, reconheço que cada órgão de informação tem inteira liberdade de alinhamento editorial. Tanto mais que, logo a seguir, se pode ler "Quim Barreiros em dia de aniversário da Rádio Cidade de Tomar". Mais palavras para quê? É um jornal tomarense e um artista português típico.
Na última página, o director António Madureira escreve em defesa da Santa Casa, cuja irmandade integra, e da sua actual mesa, sem todavia justificar os 5 mandatos já cumpridos por Fernando de Jesus, que pretende obter condições para nova candidatura.
Antes, na página 12, Nelson Santos critica forte e feio os membros da Assembleia Municipal, naquela questão do estacionamento gratuito no ex-ParqueT. A atitude é assaz rara por estas bandas, o que me leva a dar-lhe destaque. Pode ser que a moda pegue, e Tomar possa começar a sonhar outra vez...
Infelizmente, logo a seguir, na página 14, a propósito do fórum "Cidades de futuro, turismo e história com energia", que teve lugar no Convento de Cristo, tendo sido patrocinado pela EDP, Corvêlo de Sousa não perdeu a ocasião para brindar os participantes com mais umas considerações assaz curiosas. Destaco uma, reportada por Manuel Subtil: "Corvêlo de Sousa mostrou-se disponível para aceitar o desafio para que se tente perceber de forma científica porque é que a grande maioria dos visitantes do Convento de Cristo não visita a cidade." Nem mais, nem menos! O presidente que adjudicou a empreitada para construção de parques gratuitos para ligeiros e autocarros lá em cima, coisa rara ou até inexistente junto às atracções citadinas, preocupado com as consequências daquilo que está a tentar facilitar ainda mais. É fazer o mal e promover a caramunha.
Abstenho-me por ora de outros comentários, limitando-me a referir que nem sequer estou seguro de que a maioria dos visitantes conventuais não venham cá abaixo. Apesar da gritante falta de condições!

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