sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Não há nada melhor que exemplos concretos

Copiado do JORNAL DE NOTÍCIAS, 14/10/2011, página 19

Todos os que por aqui vivemos  há décadas sabemos bem como somos casmurros, obstinados, relapsos e contumazes. Quando cismamos numa coisa, praticamente não há nada a fazer para mudarmos de opinião. No que se refere à dívida global camarária, por exemplo, é ponto assente que qualquer crítica não passa de má-língua e reles manifestação de doentia inveja, da parte de ressabiados de baixa estirpe. Será mesmo?
O recorte acima é bastante esclarecedor. Começando pelos dados básicos, Valongo (distrito do Porto) tem 76.885 eleitores, um executivo de 9 elementos (4 PSD, 3 PS e 2 Ind.) e um passivo de 69, 5 milhões.  Tomar tem apenas 38.724 eleitores, um executivo de 7 elementos (3 PSD, 2 PS e 2 IpT) e um passivo  t de 72 milhões.
Em Valongo, a oposição acaba de rejeitar um empréstimo de 25 milhões para saneamento financeiro, considerando um dos vereadores PS que "A câmara está neste momento descredibilizada", ao ser-lhe exigido pelos bancos um spread de 4,9%.
Em Tomar, com apenas metade da população de Valongo, e um passivo superior em 3 milhões de euros ao daquela cidade nortenha, a oposição não viu nada de extraordinário nos spreads  exigidos, de 7 e 7,5%, tendo aprovado o empréstimo recente, que nem sequer era para saneamento financeiro. 
Perante isto, algumas perguntas: A Câmara de Tomar não estará descredibilizada? Com explicar então a diferença entre o spread de Valongo e os de Tomar? Haverá boas práticas orçamentais em Tomar, cujas contas anuais nunca foram auditadas por uma entidade externa, ao arrepio do disposto na Lei das Finanças Locais? Quando será que a oposição tenciona impor ao executivo medidas de rigorosa austeridade? Dado que o poder central vai reduzir drasticamene as várias transferências, como tenciona a autarquia vir a honrar os seus compromissos? Com almoços e jantares bem regados? Ou com excursões comezaina+tintol+bailarico, tudo à borliu?
Será talvez oportuno relembrar a sentença de Einstein: "Só conheço duas realidades infinitas -o Universo e a estupidez humana. Mas não tenho a certeza em relação ao Universo."

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