quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Os grandes temas da semana

Já aqui o lamentei várias vezes, mas apesar disso não me consigo conformar, conquanto compreenda o porquê da situação. A imprensa local, visando evitar choques e tensões desnecessárias, raramente noticia problemas. Prefere relatar acontecimentos. De preferência insólitos. Dispenso-me de exemplificar, pois basta olhar para as duas ilustrações de outras tantas capas. No CIDADE DE TOMAR desta semana, praticamente apenas duas excepções: a penúltima página, com a assinatura do sempre percutante António Freitas e, na página 14, uma opinião de Luís Ferreira sobre o desenvolvimento turístico de Tomar.
Mérito para o vereador socialista, que ousa abordar uma problemática assaz complexa, embora não consiga ultrapassar o nível das generosas generalidades, numa altura em que, mais do nunca, é imperativo que apareçam ideias novas e operativas, substituindo as tradicionais, obsoletas e por isso inadequadas aos novos tempos. Mas de ideias mesmo novas, quem sabia era o Steve Jobs, que infelizmente se finou ainda novo, após ter demonstrado várias vezes a nível mundial que os problemas não residem na técnica. Resultam da nossa incapacidade para definir novos objectos, novos usos e novas direcções do progresso.


Além dos tais acontecimentos insólitos, e outros que nem tanto, como o bruxedo aquático ou o casamento VIP, O TEMPLÁRIO inclui uma excelente peça sobre o Festival de estátuas vivas, com declarações interessantes e reveladoras do seu dinamizador, o professor Eduardo Mendes. Após duas edições, considera que há agora necessidade de reequacionar o evento e, contrariamente ao que indica o título "Festival de Estátuas paga-se a si mesmo", limitou-se a afirmar que "tem potencial para se pagar a si mesmo", o que é bem diferente. Sobretudo quando se tenha em conta que a recente 2ª edição custou quase 90 mil euros (financiados em 80% pelo QREN, é verdade, mas mesmo assim) e um número indeterminado de entradas no Convento, que deixaram de ser cobradas. 
Sabendo que os fundos europeus não tardam a acabar, Eduardo Mendes já encara a hipótese de recorrer a patrocinadores em 2012, passando a cobrar entradas a "preço simbólico, popular", em 2013. Sinal evidente de que se começa finalmente a perceber que por exemplo as gratuitas excursões/tintol/comezaina/bailarico, são antes e depois pagas por todos na factura da água, nos preços elevados do comércio local, no IRS, no IRC, no IMI...bem como na falta de limpeza, no péssimo mercado e na crónica carência de instalações sanitárias. Contudo, bem vistas as coisas, com a informação semanal que temos, há problemas cuja resolução  não é mesmo nada urgente. Basta ir animando a malta, para depois sacar dividendos de quatro em quatro anos...

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