Graças à dedicação, eficácia e boa vontade dos senhores deputados Heloísa Apolónia e José Luís Ferreira, do grupo parlamentar OS VERDES é possível publicar hoje, uma vez obtida a respectiva autorização, a resposta do Senhor Secretário de Estado da Cultura à pergunta feita por aqueles parlamentares sobre o chamado "incidente do alambor templário".
Como os leitores poderão constatar lendo o documento supra, apesar de segundo afirma já ter visitado o local por três vezes, aquele ilustre governante continua mal informado. Ou a entender mal o problema. Com efeito, ao contrário do que afirma, não se trata "da construção do passeio pedonal que ligará o centro histórico de Tomar ao Castelo e Convento de Cristo", mas do alargamento da estrada municipal para o Casal do Láparo, de modo a possibilitar a instalação de um parque de estacionamento para autocarros de turismo, encostado à fachada norte do Convento de Cristo, Património Mundial, ao arrepio das normas ambientais europeias.
Também não corresponde à verdade factual "que a intervenção foi logo redimensionada, numa colaboração estreita entre a Câmara de Tomar, os técnicos do IGESPAR e a direcção do monumento". Se assim fora, não teriam sido edificados os dois troços do paredão, já depois das visitas do Senhor Secretário de Estado. Na verdade, Câmara, IGESPAR e direcção do Convento falharam redondamente, o que os levou mais tarde a tentar camuflar, ou pelo menos adulterar, a realidade acontecida.
Acresce que qualificar o alambor ou sapata como "uma espécie de segunda muralha" constitui um claro abuso de linguagem, tendente a desvirtuar a realidade e por isso podendo induzir os leitores em erro sobre o valor da alegada descoberta.
Há contudo três aspectos a saudar no citado documento. Reconhece que "se confundiu um muro ... de talude com o alambor"; lamenta que as obras "infelizmente se prolonguem há tempo demais", colocando-se assim em perfeita sintonia com os tomarenses defensores do património, e assevera que "o alambor será totalmente reconstruído, como é evidente." Só é pena que os tomarenses tenham muitas dúvidas em relação a essa evidência de querer reconstruir o património involuntariamente danificado. Por um lado, porque o presidente da câmara nabantina continua a afirmar que se tratou de apenas meia dúzia de pedras, quando estão em causa 25 a 30 metros quadrados. Por outro lado, porque na mais recente sessão da Assembleia Municipal, uma moção defendendo a protecção e reconstituição do alambor, foi rejeitada com os votos contra do PSD e do PS, atitude algo estranha da parte de quem garante agora tencionar reconstruir o que foi apeado. Finalmente, se a intenção é mesmo repor a situação primitiva, menos os entulhos, para que servem as partes já edificadas do muro de betão (ver foto supra), de qualquer maneira inaceitáveis à ilharga de um dos mais importantes monumentos do país?
Saudemos por conseguinte a excelente ajuda dos senhores deputados ecologistas, e oxalá continuem a preocupar-se com um património que pertence a toda a Humanidade.
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