sábado, 1 de outubro de 2011

Sanguessugas numa assembleia capada

A limpeza do Nabão, que não parece preocupar o parlamento local, está cada vez melhor. Esta foto foi tirada ontem ao fim da tarde. 24 horas depois o panorama continuava desolador.

Estive ontem a assistir a parte da Assembleia Municipal e vim de lá banzado. Aquilo já pouco ou nada tem a ver com o parlamento municipal do qual fiz parte nos anos 80 do século passado. Nessa altura, havia sempre bastante público a assistir, as propostas eram lidas em voz alta, debatidas e depois votadas, como mandam as boas regras da democracia. Agora não! Parece que estamos num daqueles areópagos de faz de conta, algures no hemisfério sul. As propostas do período antes da ordem do dia são idenficadas por uma letra, os eleitos falam do que lhes parece mais conveniente, e depois passa-se à votação em série. Os eleitores que assistem, como era o meu caso, ficam praticamente sem saber do que se trata. Nem sequer as declarações de voto são lidas. Ouve-se apenas dizer que existem e quem as entregou. Irra que é demais! Estamos, sem sombra de dúvida, perante algo que se pode designar como assembleia capada. Tem o nome, tem a forma, tem os custos, mas não cumpre cabalmente as suas funções. Em vez de procurar cativar os cidadãos assistentes, faz exactamente o inverso -tudo para os afastar. Aparece assim como uma alfurja de membros da ilustre tribo dos eleitos, que talvez por comerem habitualmente demasiadas ervilhas, têm afigurações. Julgam-se superiores a quem os elegeu. Não se consegue perceber em que se baseiam para assim pensarem, mas pronto. Estamos em democracia (aparente), onde cada qual ainda pode pensar como quer. Resta saber por quanto tempo mais...
E não adianta virem com a habitual desculpa de que tudo resulta do regimento. No meu tempo também havia tal documento, o que nunca impediu o debate franco e aberto das questões locais, sem subterfúgios legais. Neste mandato, pelo contrário, apesar dos atropelos aos usos democráticos, como os acima denunciados, não me consta que os respeitáveis parlamentares alguma vez tenham protestado, pelo menos em termos audíveis pela opinião pública.
Em contrapartida, votaram favoravelmente moções que envergonham qualquer europeu digno do nome. O que me obriga a esclarecer desde já que representarão quem quiserem; a mim não! Não patrocino poucas vergonhas. Exemplos? Após votarem por maioria contra a protecção do alambor templário, e por unanimidade contra as portagens na A23, aprovaram com apenas um voto contra e uma abstenção, uma execrável moção, exigindo estacionamento gratuito no ex-ParqT para suas excelências, nos dias em que haja reunião da AM. Até um conhecido militante laranja ficou agoniado. Sentado ao meu lado, foi desabafando que "Os tipos não podem votar em causa própria" e "Mas as senhas de presença não chegam para pagar o estacionamento?!"
Pobre gente! Pobre terra! Já tínhamos a ganância ante os fundos europeus, que nos vai arrastando para a falência. Já tínhamos certas práticas por baixo das mesas. Agora temos também os deputados-sanguessugas! Que mais nos irá acontecer até Outubro de 2013?

8 comentários:

Arre Burro... Que amanhã é sábado disse...

Deputados????

Isabel

Anónimo disse...

Para VIRGILIO:
Tendo em conta a parte final -um indesmentível processo de intenção, uma vez que garante, sem adiantar quaisquer provas, entrar a pessoa em questão na categoria de arguidos e/ou condenados por crimes, só pode ser publicado o seu comentário se o subscrever com o nome completo e nos enviar pdf do correspondente cartão de eleitor. Está em causa o direito ao bom nome, até prova em contrário. Quanto às outras considerações, nada a opor.
Cordialmente,
António Rebelo

Anónimo disse...

Não admito propósitos em estilo caceteiro da parte de ninguém. Irrite-se com quem quiser; comigo não!
Salazar foi realmente um ditador execrável. Porém, em termos de mortandade, quando comparado com Estaline, Hitler, Mao ou Fidel, até foi um pacato governante. Por muito que lhe desagrade e o enerve.
A concluir, por agora: Não sou seu criado para alterar os seus comentários. Se pretende ser publicado, porte-se em conformidade.Tomar a dianteira é um blogue pessoal = privado. Só difunde o que obedece a determinados critérios, estabelecidos pelos seus dois administradores, indicados no cabeçalho.

Cordialmente,

António Rebelo

Virgílio Lopes disse...

Para além de lhe devolver o epíteto de "caceteiro",não resisto a deixar-lhe umas perguntas:

Sendo "O Público",o "Expresso" e a "TSF" órgãos de comunicação PRIVADOS,o que acharia se Belmiro de Azevedo,Pinto Balsemão ou Joaquim Oliveira proíbissem a publicação de textos que contrariassem e contestassem as suas opiniões pessoais sobre o que quer seja?

Para além disso,vocemecê vai ao extremo de atacar o autor de dois escritos que as pessoas que o lêem não conhecem.

Que democracia é a sua? Orgânica?

Anónimo disse...

Sejamos claros e intelectualmente honestos. O que está em causa nesta querela não me parece que seja o que você agora alega. Antes o facto de ter sido necessário eliminar um primeiro comentário seu, no qual tecia considerações e fazia ilações que eu considerei não provadas e por conseguinte descabidas. Só isso. Não venha agora com comparações despropositadas, fruto do seu posicionamento ideológico, aliado a uma atitude sistematicamente agressiva.
Quanto ao resto, poderá publicar aqui tudo o que desejar, desde que não ofenda os costumes e se identifique cabalmente por baixo. Como eu, afinal.

Cordialmente,

António Rebelo

Virgílio Lopes disse...

Sr. António Rebelo,


"...comparações despropositadas, fruto do seu posicionamento ideológico..." ???????

Porquê despropositadas?

Não sendo pessoa das minhas relações,como pode afirmar ou insinuar o que quer que seja sobre a minha visão acerca dos problemas da minha terra,da sociedade,do país ou do mundo,e confundir essa liberdade de pensamento com o espartilho de um "posicionamento ideológico"?

"...atitude agressiva..." só porque não se conforma com a sua permanente postura omissão e branqueamento em relação às enormíssimas responsabilidades políticas e institucionais do Sr. Miguel Relvas no terrível descalabro do concelho,enquanto líder político regional e local do PSD e enquanto presidente da AM de Tomar durante os últimos 14 anos?

Sobre o "...desde que não ofenda os bons costumes..." é melhor não tecer considerações,ou corro mesmo o sério risco de ser censurado.

Cordialmente,

Virgílio Lopes

Anónimo disse...

Caro senhor Virgílio (admitindo que seja mesmo o seu nome):
Tem toda a razão. Não o conheço nem sou das suas relações. Julgo eu. Por isso lhe peço licença para contar sucintamente um episódio com mais de 40 anos.
Num dos seminários em que participei, um outro doutorando criticava a dada altura o meu rascunho de tese, lendo aquilo que eu não escrevera. Quando lhe fiz notar o facto, a resposta foi pronta: O que conta não é aquilo que tu julgas que escreveste, mas sim o que eu leio.
Muitos anos depois, creio estarmos numa situação homóloga, ainda que com os papéis trocados. Situação que se poderá esclarecer em qualquer altura com uma amena conversa entre cidadãos de boa companhia.Continuando a garantir o seu recato, se assim o entender. Fica a ideia.
Cordialmente,

António Rebelo

Virgílio Lopes disse...

Sr. António Rebelo,

Os meus escritos,tal como os seus,são claros.

Não me parece que haja quaisquer equívocos para esclarecer.

Há discordâncias,algumas profundas,para debater,aqui,"à vista de todos".
Coisa normal e desejável em Democracia.

Uma delas,básica,primária,reside na diferença de posturas entre nós sobre a liberdade de pensamento e de opinião,sobre a liberdade de exercício do contraditório,SEM CENSURA.

Para qualquer democrata coerente não é aceitável que alguém considere ter legitimidade para usar a sua posição de domínio(dono do blogue)para o exercício censório.

O Sr. não é responsável,nem pode ser responsabilizado pelo que eu digo ou escrevo e vice-versa.

Os seus leitores devem ter o direito de apreciar todas as opiniões e não serem confrontados como rídiculo de ter de ler comentários a "comentários" que não conhecem,porque foram censurados.

Os seus posts e comentários,como os meus ou quaisquer outros,estão inevitávelmente prenhes de mais ou menos subjectivismo.

O que não pode ou não deve acontecer é que o Sr. considere que há subjectivismo bom e legítimo para opiniar(o seu)e há o dos outros(em que me inclui)que é mau,muito mau,ao ponto de o classificar como "processos de intenções",dignos dos mais ignóbeis ditadores.

De resto,a vida irá provar qual de nós está enganado àcerca do valor e da genuidade daquele político profissional que,desde há 14 anos,exerce o importante cargo de presidente da AM de Tomar.

É que ainda ontem estive a ver e ouvir todo o programa "Prós e Contras" e senti vergonha pela farsa do homem que apregoa bons princípios e pratica exactamente o contrário.

Tendo em conta todas as suas responsabilidades políticas presentes e passadas,e ouvindo-o como o ouvismos,era natural que defendesse os seus pontos de vista dando o exemplo de Tomar. Contudo não o fez porque a teoria e a práxis estão completamente de costas voltadas,restando a demagogia de papagaio.

E,em minha opinião,é aí que começa a dimensão de um político.

Cordialmente,

Virgílio Lopes