N'O TEMPLÁRIO, para além dos incidentes, três assuntos merecem algum desenvolvimento. A crónica de Carlos Carvalheiro, o estacionamento à borliu para os ilustres senhores deputados municipais e as admissões rejeitadas na Irmandade da Misericórdia de Tomar.
Naquele seu estilo dificilmente imitável, Carlos Carvalheiro usa na sua crónica desta semana (página 12) uma frase de abertura muito bem conseguida: "O que eu gostava de concordar com os amigos do alambor..." Dado que o Carlos é um cidadão íntegro e acima de qualquer suspeita, não acredito que esta sua posição tenha algo a ver com o facto de o Fatias de Cá explorar a cafetaria do Convento, aí organizar vários espectáculos com refeições e ter instalações no ex-Hospital Militar. Ou estarei equivocado a respeito do tomarense canhoto Carlos Carvalheiro?
Numa outra página, o semanário dirigido por José Gaio publica várias criticas de outros tantos tomarenses acerca do chupismo da generalidade dos membros da Assembleia Municipal. Porque afinal é disso mesmo que se trata. De um grupinho de Sacaduras, que por terem sido eleitos, se passaram a considerar como membros de uma tribo acima dos comuns mortais.
Claro que o custo da benesse é insignificante. Até porque o parque está sempre praticamente vazio. Mas não é isso que está em causa. O que irritou os tomarenses foi a atitude, a postura, o exemplo. Em vez de se comportarem como devotados servidores da causa pública, ainda por cima numa época particularmente difícil para todos; não senhor. Toca a sacar enquanto houver. Ou, como disse o outro; "Eu bem que tinha a intenção de ser honesto; mas se não roubasse, roubavam os outros!"
As admissões e recusas na Irmandade da Misericórdia de Tomar são o terceiro tema templarino que decidi cronicar. Cada instituições tem os seus princípios e as suas práticas que só comprometem os seus membros. Contudo, nem por isso deixa de ser algo estranho o que nestes últimos tempos vem ocorrendo naquela santa casa. Luís Graça, um ilustre tomarense membro de pelo menos outra Misericórdia, só à segunda tentativa conseguiu convencer os seus agora irmãos. Outros não tiveram essa sorte, tendo sofrido escusadas humilhações, que muito ofenderam os irmãos propositores.
Tudo isto numa Santa Irmandade onde visivelmente o Provedor, já fora dos prazos legais e tendo excedido o total de mandatos permitido pelo compromisso, agiu agora de modo a manter-se mais um mandato num lugar que entretanto se tornou assaz rendoso. Submeteu à votação dos irmãos uma proposta no sentido de ser declarado que não há qualquer inconveniente em que possa concorrer a mais um mandato. E ganhou, por 43 votos contra 14. Mas os vencidos vão impugnar a votação e recorrer a todos os meios legais ao seu alcance, no sentido de repor a normalidade de funcionamento daquela casa.
A eventual renúncia de Corvêlo de Sousa e um convívio nos Casais, eis os dois temas de CIDADE DE TOMAR a merecer algum desenvolvimento.
"Perante rumores de renúncia ao mandato nos próximos dias Corvêlo de Sousa diz que é tudo folclore", titula o jornal da Praça da República. No entanto, na página 3, a conversa já é algo diferente: "Cidade de Tomar apurou que nesta quinta-feira, ao final da tarde, vai ter lugar uma reunião do presidente da câmara...com a Comissão Política do PSD, com o objectivo de debater assuntos do concelho e ainda a eventual renúncia ao mandato por parte do actual presidente." Donde parece ser legítimo deduzir que no fim de contas, tudo devidamente ponderado, não é tudo folclore, nem coisa parecida.
Como é do conhecimento geral, na questão do alambor templário, o nosso alcaide afundou-se de tal modo que o que restava da sua já muito debilitada credibilidade bateu a bota. Tomar a dianteira tem por isso todas a razões para asseverar que havia um compromisso assumido, prevendo a transferência do poder no dia 15 de Outubro. O problema é que já anteriormente houve outros acordos que não foram honrados pelas partes, pelo que os membros da CP laranja continuavam na incerteza: sai, não sai, sai, não sai. O que se compreende. À hora a que estas linhas são escritas ainda nem se sabe se terá ou não havido reunião. Ontem à noite ainda o senhor presidente não tinha sequer confirmado a sua presença...
Entretanto, no convívio dos Casais, um repasto bem regado, para comemorar a participação da freguesia na Festa dos Tabuleiros, com 28 ditos cujos, estiveram presentes o presidente da junta, o mordomo da festa, o vereador Carrão e o padre Mário Duarte. A reportagem de Manuel Subtil merece leitura atenta e reflectida, pois trata-se de um extraordinário documento sociológico, ainda melhor quando se sabe que não era essa a intenção do autor.
Abreviando, o mordomo João Victal afirmou lamentar que alguns justifiquem a falta de apoio monetário do Turismo de Portugal, com o argumento da periodicidade quadrienal da festa. Noutro passo, disse que o actual figurino deve ser mantido e que "fazer a festa todos os anos ou de dois em dois anos nos actuais moldes, ou nas actuais condições, é impossível."
Usando da palavra, o vereador Carlos Carrão foi directo ao assunto Disse que a festa "não pode acabar nem em 2015 nem em 2019; esta envolvência das pessoas e os seus custos, obriga a que a festa se realize sempre de quatro em quatro anos; é importante manter o actual figurino." E logo adiante: "em 2015 devemos ter João Victal como mordomo da Festa dos Tabuleiros."
Mesmo não havendo a menor intenção de polemicar com o vice-presidente laranja, é impossível não assinalar a estranha situação de um autarca que não encontra solução para problemas prementes como o Mercado Municipal, o Parque de Campismo, o ex-estádio, a 3ª fase do Flecheiro, que implica o realojamento dos ciganos, ou as crescentes dívidas da autarquia, cujo passivo acumulado deve ultrapassar os 70 milhões de euros no final do ano, mas estipula desde já -e pela segunda vez em poucos meses- que haverá festa dos tabuleiros em 2015 e em 2019, que serão realizadas de acordo com o figurino tradicional e que em 2015 o mordomo será João Victal.
Agora, tendo em conta as próximas autárquicas, só falta aguardar até 2013, para verificar se estará ou não a limpar o respectivo antes de ter obrado. Na política acontece aos melhores!
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