sábado, 8 de outubro de 2011

UM EXTRAORDINÁRIO EXEMPLO A SEGUIR POR QUEM PUDER

A homenagem da Apple a Steve Jobs, na página da empresa, em 05/10/2011. Frederic J. Brown/AFP/Le Monde


Do Mac ao IPad, a imaginação ao poder

"Flores na noite, velas acesas, lágrimas também. Frente a lojas de comércio! Estaremos já num mundo tão mercantil que só os heróis do capitalismo são capazes de suscitar uma tal emoção através do mundo? Claro que não. Mas Steve Jobs, falecido na noite de quarta-feira 5 de Outubro, aos 56 anos, era bem mais que um grande patrão.
O cofundador da Apple mudou o mundo. Mais do que muitos grandes chefes de estado, a acção dele transformou a vida de centenas de milhões de pessoas em todo o planeta.
O seu desaparecimento origina um frenesi de reacções oficiais e anónimas, mais espectaculares ainda do que se se tratasse de uma estrela mundial do rock. Até na China, onde foram recenceados até  ao meio-dia de quinta-feira, por Sina Weibo, o equivalente chinês do Twitter, quase 35 milhões de microblogues em sua memória. O génio deste americano consistiu em saber controlar a tecnologia disponível e de a fazer entrar nas nossas vidas. Enquanto que numerosos informáticos se lançaram, desde o pós-guerra, na corrida ao poder tecnológico, à performance e à proeza técnica, a ideia fixa deste homem de Silicon Valley consistiu em criar produtos simples e úteis.
O rato não foi inventado pela Apple, mas a empresa da maçã foi a primeira a ter a ideia de lançar um computador -o Macintosch- com um rato. Foi em 1984.
Os walkman digitais não foram inventados pela Apple, nem a música na Net, mas o lançamento em em 2001 do IPod e da loja ITunes conseguiram captar as gerações que os majors da música estavam a ver fugir-lhes.
A Internet móvel, os écrans tácteis ou os serviços em linha já existiam há muito. Mas foi a firma californiana que, com o IPhone, em 2007, a App Store, em 2008 e o IPad em 2010 tornou esse universo acessível a todos.
Steve Jobs soube criar rupturas, datas que perdurarão na história industrial, a par com algumas grandes invenções. Um sucesso ainda mais emblemático porque se integra na gesta de Silicon Valley. Aos 21 anos, sem diploma de estudos superiores, fundou a Apple com o seu amigo de origem polaca Steve Wosniak. A partir daqui, tudo contribuiu para fazer dele um patrão fora do comum, nomeadamente o seu regresso, em 1997, ao governo da "sua empresa", da qual havia sido afastado pelos accionistas doze anos antes.
Antes de ter sido uma estrela mundializada, foi um patrão mundializado. Soube utilizar sem limites as vantagens da globalização. Os seus subcontratados, entre os quais sobressai o taiwanês Foxconn, cujas fábricas gigantes instaladas na China continental  fabricam os IPod e os IPad, foram um dos instrumentos do seu sucesso. Os operários e os técnicos da Foxconn, e até mesmo os quadros da Apple, sabem bem que nem sempre foi fácil. As exigências de Jobs, por vezes exageradas,  provocaram graves problemas sociais.
Foi um dos inventores do mundo de hoje. Homenageado universalmente como muito poucos. Saudemos a sua memória com uma profunda reverência."

Le Monde, Editorial, primeira página, 07/10/2011

Qualquer visitante nota logo que Tomar nada tem a ver com  Silicon Valley, apesar de também estar num vale. É porém evidente que os tomarenses têm cada vez mais necessidade de gente como Jobs, com ideias arejadas, mundo, gabarito, envergadura, coragem, frontalidade, honestidade e vontade sincera de trabalhar em prol da comunidade nabantina. Mesmo não devendo tratar-se no nosso caso de ganhar dinheiro pelo dinheiro, a prática do grande empresário agora falecido, que consistiu sempre em saber articular com excepcional mestria os recursos disponíves, é um extraordinário exemplo a meditar. E a seguir, quando possível. Tomar é ríquissima em recursos de toda a ordem. Só ainda não apareceu quem soubesse operacionalizá-los, colocá-los ao serviço da população e dos visitantes, aguentando ao mesmo tempo as críticas dos tomarenses, as quezílias pessoais , os ódios clubísticos e algumas estranhas práticas dos partidos, que têm tendência para se considerar donos da democracia e, sobretudo, dos inerentes lugares a preencher por eleição. Mas ainda estamos a tempo... que o primeiro passo para curar uma maleita é sempre o diagnóstico, logo seguido da terapêutica. Ou estou enganado?

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