Em Tomar foi a notícia-bomba da semana. E o caso não é para menos. A capital templária na primeira página da grande imprensa nacional, só no tempo da monarquia e quando o rei fazia anos...que comemorava geralmente no Convento, cuja mesa era das mais fartas do reino. Et pour cause...
Acresce que desta vez a dita notícia até está muito bem acompanhada. Com a anterior e a seguinte, constitui uma magnífico trio da nossa triste situação actual. Podia até ter como ante-título "Os três gangues" - o gangue das hastas públicas de bens do Estado, o gangue das empreitadas de obras públicas e o gangue propriamente dito, mas à portuguesa.
Quanto aos tais candeiros, o seu autor, o prestigiado Álvaro Siza Vieira, conhecido militante do PCP, não me levará decerto a mal que parafraseie o ilustre dirigente do PCF Maurice Thorez. Este, quando um dia chegou a uma reunião com o então primeiro-ministro francês general De Gaulle, num magnífico automóvel com motorista e tudo, ouviu logo das boas do célebre militar e resistente gaulês, perguntando-lhe em tom acusatório se não tinha vergonha de dirigir um partido de trabalhadores e andar em carros de luxo, com motorista e tudo. Nada incomodado, Thorez foi lapidar: "Saiba vossa excelência, meu general, que nada é demasiado bom para a classe operária e os seus representantes legítimos."
Pois parafraseando o falecido dirigente comunista, pode dizer-se, neste caso dos candeeiros, que "Nada é demasiado caro para tentar dar à juventude umas luzes do incomensurável saber actual". O pior é o resto!
E sobre os ditos 12 candeeiros a 1700 euros a unidade = 340 contos, sem ofensa ao génio de Siza Vieira, ou muito me engano ou um dia destes já podem ser comprados a 5 ou 10 euros cada...nas lojas chinesas, pois claro! E ainda bem, que a grande arte é para todos.
4 comentários:
Cumprimentos.
Há coisas que não percebo e que talvez um dia haja alguém que me explique.
Porque é que a malta da direita CDS, PSD e PS pode ter uma vida cheia de benesses e a malta de esquerda PCP, Verdes e Bloco deveria ser miserável e a cheirar mal?
Será que Freud explica?
Quando se esperava que o artigo fosse sobre o desrespeito pelo dinheiro dos contribuintes, eis que o Sr. António Rebelo dedica 2 dos mais extensos parágrafos ao facto do arquitecto ser do PCP, um parágrafo introdutório da noticia de alusão ao facto de ter sido em Tomar e outro a comentar outras duas notícias que nem sequer vêm ao caso, isto tudo em 4 parágrafos.
Um único que fosse sobre a "Escola [que] gasta mais de 20 mil euros em candeeiros" nada.
Se fosse do CDS ou sem partido, tudo bem, mas como é do PCP, tudo mal, o facto de ser uma escola pública tudo bem, mas como é do PCP, alto lá que é um escândalo.
O cidadão Virgílio Alves leu enviesado, querendo ou sem querer. Nada no texto indicia sequer que Siza Vieira, a Escola Jácome Ratton ou o PCP tenham alguma responsabilidade, por mínima que seja, neste triste caso. Mas quem tenha tendência para implicar, encontrará sempre motívos para tanto.
Já referi aqui inúmeras vezes dois princípios basilares: 1 - A história nunca se fez nem faz com SES; 2 - Nunca é legítimo formular processos de intenções.
Se fosse... ... mostra a tal tendência para atribuir aos outros o que eles nunca fizeram nem pensaram sequer fazer.
"Si volas quæ ipsa tua verba audita sint, noli esse directo, es implicito."
"Se queres que as tuas próprias palavras sejam ouvidas, não sejas directo, sê implícito." Acho que resume, a retórica não é só uma arte de bem falar, é-o e é também uma forma de se passar ideias ou mensagens de forma subtil.
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