Sábado é outra vez dia D

Sábado é outra vez dia D, de demissão ou, como das outras vezes, de desilusão. Sábado é outra vez dia D, ou melhor dizendo, dia R, de renúncia ou de roer a corda. Em qualquer dos casos, o problema manter-se-à -a cidade e o concelho não estão bem nem para lá caminham. Pelo contrário. Aproximam-se a passos cada vez mais largos e rápidos do abismo da irrelevância.

Tenho para mim que nem podia ser de outra maneira. Não há planos, não há ideias encadeadas, profícuas e adequadas à nova envolvência. Não há audácia nem vontade de encarar a realidade como ela é. Tomar é assim uma carripana velha, conduzida por um piloto que não dispõe de qualquer mapa ou "folha de estrada", não sabe para onde vai porque desconhece objectivos e, como insiste em fixar-se no passado, nem sequer vai a olhar para a frente.

Indo ao cerne do assunto: Corvêlo de Sousa ter-se-à comprometido a renunciar no próximo sábado, dia 15, coisa que já terá feito outras vezes mas que ele nega. As hostes pensantes do PSD, que são pouco numerosas como se calcula, tal como nas outras formações,  estão naturalmente ansiosas e, apoquentadas pela realidade envolvente, cada vez mais agreste e adversa, começam a cair na real. Agora, finalmente, numa atitude assaz inteligente, até já admitem que, com Corvêlo ou com Carrão, até às próximas autárquicas os tempos serão apenas de "gestão dos assuntos correntes".

Deixam até escapar que, para a consulta eleitoral de 2013 (salvo qualquer imprevisto), há necessidade absoluta de arranjar um novo tema, um guião de qualidade e novos actores. Caso contrário -confessam- o poder social-democrata terá um funeral de primeira, pelo menos aqui pelas margens nabantinas.

Tarde é o que nunca vem. Este serôdio despertar dos laranjas tomarenses, que ainda não perderam o saudável hábito de raciocinar, vai de certeza desencadear movimentos similares nas outras forças políticas locais, sobretudo no PS e nos IpT. É bom para Tomar, pois não faria qualquer sentido que num contexto totalmente diferente do de 2009 os eleitores tomarenses fossem constrangidos a escolher entre a pobreza intelectual e a miséria conceptual, com já tem acontecido. Não devemos esquecer que Tomar é uma velha carripana, mas de marca Rolls-Royce, que infelizmente não tem tido mecânicos, nem condutores, nem programadores de itinerários à altura. Com os tristes resultados que estão à vista de todos, pelo que não há necessidade de os enumerar uma vez mais.

Oxalá consigamos, apesar de tudo,  aguentar sem estragos irreparáveis até Outubro de 2013 (na pior da hipóteses) e saibamos a partir daí realizar um novo filme que não nos envergonhe perante um passado cada vez mais longínquo, tanto no calendário como na qualidade...