Este post ainda esteve para ser no habitual estilo pessimista, alarmista, catastrofista mesmo. Todavia, para quê tornar o horizonte ainda mais sombrio, e as pessoas ainda mais carrancudas? O melhor é mesmo seguir os preceitos dos amigos Hugo Cristóvão e Luís Ferreira, bem como o exemplo do nosso primeiro-ministro, que consegue de forma sistemática transformar qualquer malogro num grande êxito. Portanto, corações ao alto, pensamentos positivos, haja esperança e coza o forno.
De acordo com fontes idóneas, o projecto de Orçamento de Estado para 2011, agora em discussão com o PSD, destina as seguintes verbas para o nosso concelho: Transferências para as 16 freguesias - 768.647 euros (5º lugar no distrito); PIDDAC concelhio (Plano de investimento e despesas de desenvolvimento da Administração Central) - 418.703 euros = 143.703 euros para reparações no Palácio da Justiça + 275.000 euros para a Escola D. Nuno Álvares Pereira; Fundo de Equilíbrio Financeiro Corrente = 4.551.241 euros; Fundo de Equilíbrio Financeiro Capital = 3.034.160 euros; FEF Total = 7.585.401 euros (5º lugar distrital); Fundo Social Municipal (pré-escolar e 1º ciclo básico) = 692.449 euros (2º lugar distrital); Comparticipação municipal no IRS cobrado = 1.144.827 euros (2º lugar distrital); Total geral = 9.422.827 euros (5 lugar distrital).
Temos assim boas razões para estarmos esperançados e optimistas. Por um lado, ainda conseguimos o 5º lugar no distrito, em termos de transferências totais. Podia ser bem pior! Por outro lado, estamos em 2º lugar distrital na percentagem de IRS cobrado. A mostrar claramente que a quase totalidade dos sujeitos passivos do concelho é paga pelo orçamento de estado, pelo que não pode fugir ao fisco. Mais uma garantia de um futuro cada vez mais risonho para todos. Pelo menos enquanto o governo conseguir honrar atempadamente as suas obrigações. Por outro lado ainda, estamos no 2º lugar distrital no que toca ao Fundo Social Municipal, sinal das muitas carências familiares que por aí há. Também podia ser muito pior. E tudo aponta no sentido de que ainda virá a ser. Não percamos a esperança, em relação ao 1º lugar na categoria.
Em termos gerais, no estado actual das coisas, o município vai receber em 2011 menos 886 mil euros. Para já. Vá lá, vá lá! Do mal o menos. Reduzir as transferências vai obrigar a adoptar um regime de emagrecimento, que só poderá fazer bem a uma administração obesa.
Entrementes, o Diário de Notícias publicou hoje o mapa supra, com indicação dos 97 concelhos que em 2011 não receberão qualquer verba do PIDDAC, o que representa 34,7 dos municípios do continente, ou seja, mais 24,7% em relação ao ano em que estamos, com apenas 69 câmaras sem PIDDAC. De assinalar que em 2006 apenas 2 municípios foram excluídos do referido programa de investimento. Com tal progressão, é bem provável que em 2012 Tomar também já não receba qualquer PIDDAC. Mais uma boa notícia, por conseguinte, uma vez que mais cortes = maior poupança = menor obesidade = mais saúde.
Com um pouco de sorte, até poderá ocorrer que os nossos simpáticos autarcas, -tendo em conta as cada vez mais constrangedoras limitações orçamentais- decidam finalmente parar para pensar, aproveitem para auscultar a população, e concluam que o melhor é abandonar, pois quanto mais tempo continuarem nos poleiros, mais prejudicarão o concelho, no qual também habitam. E como são pessoas inteligentes...
Como podem constatar, esperança e optimismo não nos faltam. O futuro vai ser bem negro e, sem projectos devidamente estruturados, quem nos governa insistirá em bater no muro intransponível que ele constitui para invisuais. Estamos contudo seguros de que os nossos admiráveis autarcas nunca esquecem que "quem não sabe, é como quem não vê". Aguardemos, portanto, com paciência, optimismo e alegria, já que tristezas não pagam dívidas.
4 comentários:
Os vários dados são conjunturais, excepto um: a dependencia dos municipes do OE. Ou seja, a grande maioria no concelho é constituida por funcionários publicos (e aposentados). Como a disponibilidade futura do Estado para pagar salários será cada vez menor, o concelho empobrecerá.
A menos que. E até pode acontecer que em 2012 não haja transferência nenhuma ou se reduzam em 50% as de 2011. Pelo andar da carruagem e dos juros...
Veja-se o caso Autoeuropa(+4%de massa salarial) e o caso do Estado(redução de salários até -10%).
Sobre a possível consulta antecipada, conte que só será promovida quando já ninguem quiser pegar "nisto", como na Adega!
Pedro Miguel
" Com um pouco de sorte, até poderá ocorrer que os nossos simpáticos autarcas, -tendo em conta as cada vez mais constrangedoras limitações orçamentais- decidam finalmente parar para pensar, aproveitem para auscultar a população, e concluam que o melhor é abandonar, pois quanto mais tempo continuarem nos poleiros, mais prejudicarão o concelho, no qual também habitam. E como são pessoas inteligentes... "
Isto só demonstra a total falta de respeito que o senhor tem pelos eleitores. Foi assim que decidimos. De livre e espontânea vontade. Se quiséssemos outros, tínhamos votado noutros. Veja se entende esta premissa básica, de uma vez por todas.
Castanha Quente
Tomar está condenada a pagar impostos. Os empreendedores vão fugindo desta terra que fica entregue a funcionários públicos e reformados.
O conformismo tem sido uma constante. Os residentes tedem a conformar-se com o ordenado certo a 23 de cada mês. Iamos vivendo, agora passamos a sobreviver. A CMTomar deveria providenciar hortas aos tomarenses a partir de 1de janeiro. Vêm aí dias difíceis. O melhor é cada um passar a criar as suas couves e alfaces para poder continuar a passear os belos popós que por aí andam. Afinal, em Tomar, feira é todos os dias...
"
a quase totalidade dos sujeitos passivos do concelho é paga pelo orçamento de estado, pelo que não pode fugir ao fisco.
"
Meu caro, nos dias que correm, NINGUÈM foge ao fisco. Mas desconfio que a partir de janeiro, muitos tentarão reduzir as contribuições para o Tesouro.
- Quer com recibo ou sem recibo?
Enviar um comentário