sexta-feira, 15 de outubro de 2010

A MONTANHA NÃO PARIU NADA

É já demasiado corriqueiro, escrever neste país a propósito de qualquer acontecimento mais relevante, ou até nem tanto, que "a montanha pariu um rato". Vale o que vale, num povo que funciona com frases feitas, porque incapaz de as construir, muitas vezes por simples preguiça. Como por vezes se vai ouvindo por aí -Pensar cansa a cabeça! Pois bem, da sessão extraordinária de ontem da Assembleia Municipal de Tomar -que de extraordinária apenas teve e tem a designação oficial- nem sequer se poderá dizer, respeitando a verdade, que a montanha pariu um rato. Pela simples razão de que aquilo, devidamente espremido, não pariu coisíssima nenhuma. Ou por outra, pariu o costume -um rosário de vacuidades, e uma ou outra pepita.
Tomar a dianteira ouviu 29 intervenções seguidas, com a mesma postura de um católico fundamentalista a ouvir a santa eucaristia. Eis o resultado. A maior parte dos oradores coninua, em pleno século XXI, a ler a sua intervenção, numa desconfortável e inútil tarefa. Desconfortável para quem diz e para quem ouve, pois o ritmo da leitura não é o mesmo da oralidade, e isso nota-se de forma mais ou menos penosa, consoante quem fala. Inútil, posto que se já está escrito, seria muito mais simples e rápido distribuir pelos interessados, declarando-se na disposição de esclarecer eventuais dúvidas. Enfim, mais um dos aspectos que nos separa da Europa.
Quando nada o fazia esperar, a não ser a nabantuina idiossincrasia, a maior parte dos oradores limitou-se a tentar colocar a mercadoria do costume, com mais ou menos habilidade. Os ouvintes tiveram assim direito -uma vez mais- aos "programas" do BE, da CDU, dos IpT e do PS. E não há meio de aparecer alguém a perguntar àquela gente onde tencionam ir buscar as verbas indispensáveis para implementar tudo aquilo, caso um dia, por mero bambúrrio, consigam alcançar o poder...
O PSD, cuja bancada nos pareceu extremamente débil, com uma ou outra excepção, adoptou outra táctica. Como ocupa de forma transitória o poder, escolheu agir de acordo com aquela máxima, segundo a qual a melhor defesa é um bom ataque. Orador brilhante e devidamente treinado, Vítor Gil não esteve com meias medidas -Atirou logo à cara dos representantes do BE e da CDU (e dos IpT?) os casos de Cuba e da China que, como os nossos leitores estão fartos de saber, têm tudo a ver com Tomar. Não mencionou, porém, a monarquia norte-coreana, calhando por mero esquecimento.
Em estilo diametralmente oposto, uma companheira de bancada de Vítor Gil, cujo nome nos escapou, desatou a fazer uma acérrima defesa do Instituto Polítécnico onde, veio a dizer depois, é docente. Só nos faltava esta. Que cada deputado municipal aproveite as sessões extraordinárias da AM para defender o seu ganha-pão e ir dando graxa ao cágado.
Pouco depois, o presidente da junta de freguesia da Asseiceira, também do PSD, colocou sem querer a cereja no bolo. Queixou-se amargamente da assustadora falta de verbas, pediu a isenção de IVA para as juntas e rematou congratulando-se com ...a libertação dos mineiros chilenos. Ora toma! Ou bem que semos, ou bem que não semos, solidários e internacionalistas! Não tem nada a ver com os problemas tomarenses? Paciência! A culpa não é nossa!
Noutro passo, Hugo Cristóvão, do PS, tentou refutar um remoque de Herculano Gonçalves, do CDS, com o estafado argumento dos submarinos. E, numa outra intervenção, sustentou uma vez mais que a melhor maneira de conseguir mais tempo para falar, nas complicadas e apertadas grelhas de tempos,  aprovadas pela maioria da assembleia, é conseguir mais votos em futuras consultas eleitorais. Com franqueza! Já Relvas referira antes que na Assembleia da República os deputados -e até o primeiro-ministro dispõem por vezes de menos tempo do que os deputados municipais tomarenses da oposição. Esqueceu-se foi de referir que não são realmente comparáveis, um parlamento nacional, que tem de ser generalista, e um parlamento local, de proximidade, com todo o tempo do mundo, porque sem ter de debater os grandes temas nacionais.
Neste curioso pingue-pongue. o deputado IpT João Simões, já causticado por centenas de sessões improdutivas daquele órgão, resolveu ser corajoso e objectivo. Sem papel, mas com extrema energia, lembrou que estavam ali para debater os problemas locais, a crise tomarense, e não os problemas nacionais. Foi muito oportuno, emocionante até, mas em vão. Tudo continuou como até então. 
Entre tantas intervenções, praticamente só o deputado António Cruz -agora independente-que falou nos primeiros dez lugares, ousou questionar Corvêlo de Sousa de forma incómoda, sobre a sua eventual renúncia, ou suspensão de mandato. Sem qualquer resultado prático, uma vez que, na sua única intervenção, o presidente da edilidade resolveu não responder a qualquer pergunta formulada pelos deputados locais.
Uma nota para a deputada municipal e nacional Anabela Freitas, do PS, que na sua intervenção descambou para o desemprego e para a Segurança Social, mas teve uma frase feliz -E chegará o tempo em que não poderemos contar com o estado, cada um terá de tratar da sua vidinha. Não chegará, senhora deputada; já chegou. O pessoal é que persiste em não perceber isso, porque não lhe convém.
Brilhante, brilhante, foi a intervenção de Corvêlo de Sousa. Que rico profissional teria dado, caso tivesse optado pelo Palácio das Necessidades! Em vez de tentar envenenar as coisas, como praticou Vítor Gil, foi simples, mavioso, convincente e sincero. Até disse "resolvi não responder a ninguém, porque senão..." Querem mais diplomático? É claro que praticamente nada disse de novo. Limitou-se a repetir os chavões usuais, desta vez com a ajuda de citações de Belmiro de Azevedo sobre turismo. Que é o meio mais fácil e mais barato e mais rápido de criar emprego, proclama o empresário nortenho. Pois é. Porém, o turismo de que ele fala é = a mais valia, lucro, valor acrescentado, criação de riqueza. Pelo contrário, o turismo de que fala Corvêlo de Sousa é = despesas, encargos, verbas europeias, penacho, vitórias eleitorais. Coisas muito diferentes, como se constata.
Resumindo e concluindo -160 minutos quase sempre de blábláblá. Mal empregado tempo. A Assembleia Municipal de Tomar é uma montanha não-parideira. Infelizmente para todos nós. Incluindo os eleitos.

15 comentários:

Anónimo disse...

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Só nos faltava esta. Que cada deputado municipal aproveite as sessões extraordinárias da AM para defender o seu ganha-pão e ir dando graxa ao cágado.
"

Mas, não tem sido sempre assim?... Os deputados municipais não tem defendido os seus interesses mais mesquinhos? Não me lembro de nenhum que tenha colocado os interesses colectivos antes dos seus. Mas sou novo, só tenho 52 anos...

AA

Anónimo disse...

"
Brilhante, brilhante, foi a intervenção de Corvêlo de Sousa. Que rico profissional teria dado, caso tivesse optado pelo Palácio das Necessidades! Em vez de tentar envenenar as coisas, como praticou Vítor Gil, foi simples, mavioso, convincente e sincero. Até disse "resolvi não responder a ninguém, porque senão..." Querem mais diplomático?
"

Preferia ter como presidente o Palhaço Tiririca. Porque pior do que está não fica...

Anónimo disse...

Esta sessão da Assembleia deixou bem clara a falta de qualidade na sua composição.

Salvo honrosas excepções,trata-se de uma assembleia de devotos,de fiéis seguidores dos chefes,medrosos de pegar os bichos "pelos cornos",eivados de calculismo político e eleitoralista,incapazes de terem um discurso verdadeiro,sem ambiguidades,contundente,agitador de consciências.
As vozes mais corajosas,não hipotecadas a nada,foram-se afastando,ao longo do tempo, desta inércia pueril e da vergonhosa lei da rolha imposta pelo Relvas e pelo Ferreira,apadrinhados(em 2005)pelo Carlos Trincão.

A Assembleia Municipal de Tomar morreu no dia em que consentiram a parlamentarização "à la Relvas" e seus aliados,visando calar,administrativamente,as vozes mais coerentes e incómodas.

A sessão de ontem,tal como todas as outras,não passou de um simulacro de debate em que o PSD,o PS e o Presidente da Câmara dispuseram de todo o tempo para balelas de diversão e fuga ao que estava em discussão,com a oposição calada por já não "ter tempos" para intervir.

Isto é também um simulacro de democracia.

A Assembleia Municipal,presidida por Mário Guerreiro(PS),Vasco Pena Monteiro e Vítor Borges(ambos PSD)e José Mendes(PS),funcionou dezenas de anos apenas em período nocturno,sem limitações ao uso da palavra que não fossem as do bom senso.

Foi o seu período mais brilhante,mais prestigiado,mais democrático,mais frutuoso,com a sala permanentemente cheia de cidadãos interessados.

Não há nada que,históricamente,justifique a castração que lhe foi imposta pelo bloco central de interesses,visando apenas silenciar aqueles que ousavam não ser "políticamente correctos" e que recusavam ser um enfeite para "as vozes do dono".

O resultado desta castração está à vista:

A Assembleia Municipal parlamentarizada não diz nada aos cidadãos.

Dois ou três artigos de um Regimento retiraram-lhe toda a substância.

Tal com alguns decretos-lei de Salazar esvaziaram de todo a Constituição de 1933,no que se referia a direitos,liberdades e garantias.

Infelizmente,40 anos após a morte de Salazar,ainda somos condicionados e dirigidos por muitos sub-produtos dele,travestidos de democratas.

Pobre país,pobre democracia,pobre concelho de Tomar,vítimas de tantos vilões alimentados à manjedoura estatal...

MARIA DA FONTE

Anónimo disse...

De estranhar o caso da docente/deputada do Politécnico que defendeu esse instituto. Defendeu de quê? Só se fôr dos fantasmas que ainda lá pairam! Ou será porque se vai entrar em fase de convites/nomeações e é sempre conveniente "mostrar serviço"?
Veremos os desenvolvimentos.
Pedro Miguel

Anónimo disse...

A iniciativa da Assembleia Municipal de Tomar em discutir a situação económica e social no Concelho é louvável. É pena é que os deputados locais só tenham sido acordados pelo debate organizado pela Hertz, não fora este a AMT não teria feito nada.
As intervenções foram fracas e desajustadas da realidade local, e sem capacidade de integração no contexto nacional e internacional.
Nenhuma das forças representadas na AMT apresentou propostas para resolver os graves problemas de Tomar. E o Pr. da CMT continua a insistir no Turismo, mas sempre de forma irrealista.
Significativamente, e depois de o assunto ter sido discutido no debate da Hertz, entre os Drs. Sérgio Martins e Pires da Silva, o que foi referido neste blog, o Bloco de Esquerda e o PSD falaram no debate na AMT na situação do Politécnico de Tomar, mostrando preocupação, no que foram seguidos por outras forças políticas. Uma deputada municipal pelo PSD, professora no Politécnico, contrapôs o seu líder parlamentar, procurou defender a sua corporação, mas de uma forma desajustada da realidade. As medidas de austeridade vão impôr reorganização e fusões nas Universidades e Politécnicos - qual será a situação do de Tomar ?
Os presidentes de Juntas de Freguesia não passaram da pedinchisse habitual, e não conseguem ver a realidade do Concelho nem a do País: descer o IVA para as Juntas quando ele vai aumentar para todos ? Não IVA de produtos alimentares que vão passar de 6% para 23% ?.
A deputada na Assembleia da República e na AMT de Tomar pelo PS, que esteve ligada ao Centro de Emprego, Anabela Freitas, reconheceu que o desemprego vai aumentar, e bem. Esta é uma fonte bem informada. O desemprego em Tomar, como foi referido na AMT, já é mais de 10% do do distrito. E não vai parar.
De realçar a deputada local pelo PS que esteve a sessão toda com os
óculos de sol no alto da cabeça. As grandes empresas em Portugal estão a obrigar os seus colaboradores com menos de cinquenta anos a frequentarem cursos de etiqueta e boas maneiras. A Assembleia Municipal de Tomar devia seguir o mesmo exemplo.
Padeira de Ajubarota

Anónimo disse...

O LABROSTA acaba de apresentar as suas contas de gestão autárquica no respectivo bloque.

E,pasme-se(!!)está todo ufano por ter gasto 1,7 milhões de euros(340.000contos)e ter obtido uma receita de 267.000 euros(53.400 contos).

Aliás,regojiza-se com gáudio e sublinha em negrito a ESPECTACULAR taxa de cobertura dos gastos em 14,4%...

Ao que a desvergonha e falta de pudor se está a chegar!

Se todas as Câmaras fossem "geridas à la Ferreira/Labrosta" tinhamos um défice nacional nesse sub-sector público na ordem dos 85,6%!!!!

Ditosa Pátria que tais "filhos da ...." tem.

Huga-se!!!!

Anónimo disse...

Ó Simões, quantos nomes tens tu?
MARIA DA FONTE é um deles não é?

E tempo para não fazer nada de útil, também tens muito todos sabemos...

E dizer as verdades como são?
Ah, isso é quando dá jeito.

Anónimo disse...

A Fonte está contaminada?

Anónimo disse...

Sr. Dr. Rebelo.
V. Exa. é um convencido, pois se por um lado esta A.M. não vai ter nenhuns efeitos, por outro houve intervenções que fizeram uma análise sócio-económica do nosso concelho de forma bastante realista e apontando caminhos que, como é natural, são objectivos que se deverão priorizar.
"V. Exa. não pariu nada"

ANTÓNIO FREITAS disse...

PROFESSOR REBELO

POR FAVOR FAÇA A SUA ANÁLISE Á EMBAIXADA TOMARENSE QUE VAI PARA ESTA FEIRA EM VIGO PROJECTAR A FEATS DOS TABULEIROS Á LA GRANDE E COM GASTOS SABE-SE LÁ DE QUANTO... VALERÁ A PENA?

ONDE VAMOS METER TANTOS GALEGOS

------------------------------ExpoGalaecia 2010 Outubro
Início: 29/Outubro/2010 - Final: 01/Novembro/2010
Centro de Eventos: Instituto Ferial de Vigo ( Espanha , Vigo )
Periodicidade: Anual - caracter: Profissional
categorias: turismo .
web: ExpoGalaecia
ExpoGalaecia 2010 Outubro
ExpoGalaecia é a feira anual de turismo de Vigo. ExpoGalaecia é uma exposição da oferta turística e gastronômica espanhola e Internacional (destacando Portugal) para o público em geral.

Adaptando-se as tendências do mercado, em ExpoGalaecia há uma forte presença da oferta de turismo rural, gastronômico e de aventura.

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ANTÓNIO FREITAS DE ALVIOBEIRA E SEM MEDO

Anónimo disse...

Esta assembleia municipal custou aos cofres do erário público cerca de cinco mil euros + 450 euros para a transmissão da rádio hertz e mais uma largas dezes de euros para editais publicados no Mirante, Cidade de Tomar e Templário e Horas extraordinárias dos funcionários.
Para quê? Para nada. Falam, falam, mas não fazem nada. Vão trabalhar!!!!

Anónimo disse...

Continuação...
85 euros para cada deputado, 400 euros para o Jornal o mirante, 600 euros para o jornal Cidade de Tomar e 750 euros para o jornal o Templario, contas feitas soma 5.750 euros!!!!

Anónimo disse...

A ida à Expogalicia é capaz de ser mais barata e ter melhores consequências, em ano de promoção da Festa dos Tabuleiros.

Anónimo disse...

Montanha de M.......

Anónimo disse...

"85 euros para cada deputado, 400 euros para o Jornal o mirante, 600 euros para o jornal Cidade de Tomar e 750 euros para o jornal o Templario, contas feitas soma 5.750 euros!!!!"

Comnetãrio: Mentiroso sou eu! Este gajo deve ter lido na cartilha do Teixeira dos Santos!