terça-feira, 19 de outubro de 2010

POBRES, FASCISTAS, DEMOCRATAS E TACHISTAS

É uma "banda fotografada" triste. Trágica até. De fazer chorar quem ainda não perdeu o sentido da solidariedade. De amparo aos mais desfavorecidos, sem família nem recursos.
Aqui vemos a capela de S. Gregório, do século XVI, com um alpendre para abrigar das intempéries os arrabaldinos que semanalmente vinham ao mercado. No primeiro plano, uma fiada de arbustos ornamentais, quase todos secos, devido à urina que todos os dias ali vão despejando os "pensionistas" do improvisado hotel local. Com é óbvio eles negam. Estavam à espera de quê? Neste país ninguém admite pôr a cabeça no cepo. Os culpados são sempre os outros.

Dos três "hóspedes" que agora por ali "habitam" -um na retrete das senhoras, um na dos homens, um do lado esquerdo do alpendre-, o mais antigo, o José Carlos, procede como se fosse dono do local. Tal como fazia na casa que afirma ter-lhe sido confiscada, na Estrada de Leiria, lá vai organizando uma horta e um jardim para as suas fantasias. Tudo para chamar a atenção. Basta reparar na inscrição em segundo plano "Em HÁfrica fui..." com uma forca antes de "nosso". Sequelas da guerra em África, no caso dele em Moçambique. Mas agora a tropa faz de conta que ele não existe...

Dois aspectos da "sala de entrada" no "apartamento" do José Carlos, com roupeiro, dispensa e tudo.

O portal, em manuelino tosco, transformado em altar pagão. No segundo plano uma ave que põe castanhas. No primeiro degrau, a biblioteca "da casa", a mostrar que os pensionistas também têm necessidades culturais.

Aqui vemos, do lado esquerdo, um dos pensionistas mais recentes. Está ali "só" há quatro meses, enquanto que o José Carlos já conta mais de três anos na retrete. Segundo nos confidenciou, este novo companheiro de infortúnio tem a mania que é varredor. E quando lá fomos, eram oito da manhã, o homem já andava a varrer, lá isso é verdade.
Ao fundo, coberto com o plástico preto, o "quarto de dormir", já devidamente arrumado.
A dois passos dalí, as ex-instalações do Lar de S. José, agora devolutas, com sanitários, aquecimento central, camas,  salas de estar, jardim... Mas desabitadas.


Há até, nas traseiras do ex-lar, um albergue nocturno, construído por subscrição pública e inaugurado no dia de Natal de 1938. No tempo dos fascistas. Foi recentemente arranjado com verbas do Lar de S. José, mas os dirigentes referem que faltam as infra-estruturas, sanitários, esgotos, móveis, colchões, aquecimento... e a autarquia não parece muito apressada em assinar um protocolo de cooperação, o qual permitiria condidatar-se a verbas indispensáveis à conclusão da requalificação e subsequente entrada em serviço daquela estrutura de acolhimento para os mais desvalidos. Contando também com o "Manel Cavalo de Pau", que "vive" naquela vivenda em ruínas, mesmo ao lado do Presídio Militar, e se queixa de que ultimamente têm aparecido por lá "uns gajos que se picam", que não o deixam descansado, são pelo menos quatro "destroços humanos" da guerra em África. Bem sabemos que até na capital americana há milhares de sem-abrigo, quase todos ex-militares do Vietnam, do Iraque e agora do Afeganistão. Porém, estes de Tomar fazem-nos muito mais impressão e pena. Não só por estarem junto de nós, mas também e sobretudo por serem cidadãos da União Europeia. Uma entidade que nos tem dado abundantíssimos e mal empregados fundos para quase tudo. Por acaso não seria possível arranjar verbas europeias para a requalificação cívica dos cidadãos tomarenses, particularmente dos autrarcas que temos? Ao menos para ensinar a estes últimos que, como dizia o velho cabo de corneteiros do 15 "quem sabe toca; quem não sabe passa a corneta a outro e pôe-se a andar." Nem mais, nem menos!

14 comentários:

Anónimo disse...

Por falar em Fascistas, existe um movimento que quer modificar o significado da palavra FAXISTA. Passa a ser todo aquele que tira uma licenciatura por fax...

Anónimo disse...

No Correio da manhã é publicada, hoje, esta notícia:

"Câmara não consegue vender palácio
O leilão desta terça-feira para vender o Palácio Van Zeller não teve qualquer propostas. A hasta pública estava marcada para as 10h00 mas ninguém compareceu.

A Câmara de Lisboa tinha para venda o Palácio Van Zeller, com as licitações a começarem nos 4,08 milhões de euros.

O imóvel, classificado de interesse público, foi recuperado pela autarquia em 1992. O Palácio, situado junto à estação de Santa Apolónia, conta com uma área total de 3 945 m2 e destinava-se a ser transformado num hotel de charme, caso tivesse sido adquirido.

É o segundo leilão da Câmara liderada por António Costa em que não há compradores."

Hóteis de Charme... Tá bem tá...
Acreditem nisso e depois veremos.
Em Tomar só serviu para alegrar a campanha eleitoral do PSD.

IM

Anónimo disse...

As situações aqui "denunciadas" não deviam, obviamente,existir. Mas uma vez que existem (coloquemos aqui as causas de lado), do que estão à espera os investidos dos respectivos cargos políticos? Como podem pavonear o seu estatuto, que implica sagradas obrigações para com quem os elege, quando não demonstram sensibilidade e paixão para resolver estas situações? preferindo (como aqui tem sido denunciado), gastar dinheiro na realização passeios para idosos, pagar almoços de aniversário de um clube que terá sido mal gerido,esbanjar dnheiro em boletins ou revistas de "informação" ddo executivo, etc., etc.?

O nosso país atravessa um processo de metamorfose, gemido e dorido, com a maioria dos agentes políticos a demonstrar à saciedade, que estão ali a mais, que é urgente forte renovação.

É também no interior dos partidos que esse grito e revolta deve ter lugar, na esperança de que ainda ande por lá alguém com coragem e desprendimento para o fazer.

Quem não cuidou do bem das pessoas, gastou dinheiro mal gasto só para se promover e eternizar no poder, deve ser acusado e mandado para fora do exercício da política.

Anónimo disse...

Onde pára a vereadora relativa Graça Costa que tinha o pelouro da acção social? Então o caso que serviu de emblema durante a campanha autárquica do "hotel de charme", onde vive o tomarense José Carlos, só serviu para a campanha?
Por quem os sinos dodram.

Anónimo disse...

O Charme está na fruta...
Pinto da Costa, o outro

Anónimo disse...

São posts como este que dão VALOR ao TOMAR A DIANTEIRA.
Este post reflecte a comunidade tomarenses, e não só as autarquias, Câmara e Junta.
Temos:
- um drama social;
- instalações constrúidas pelos fascistas para albergue noctutrno; este problema é nacional, durante o "fascismo" não havia sem abrigo, porque havia albergues, como a Casa dos Pescadores em Belém, que foi, com a democracia, transformada na Universidade Moderna, maçónica e complicada...
- um monumento único transformado em albergue;
- dramas sociais e colectivos.
Não pode haver vergonha numa terra que perdeu o sentido da vida.
Padeira de Aljubarrota

Anónimo disse...

Se mais não existisse mas existe, bastavam este exemplo para ver que a câmara está vazia.
Vazia de autarcas e de responsáveis pelo concelho, quando não tratam de uma situação destas e a resolvem como é sua obrigação, deveriam fazer como o tal corneteiro e dar o instrumento a outro.
Agora digam que é má-língua, o que está a fazer o PSD e o PS na câmara?

Anónimo disse...

Dizem que quem está mal muda-se.
A mudança possível…


http://wwww.migrationbureau.com/australia/

http://www.entersingapore.info/sginfo/immigration.php

http://www.advance.org/en/art/2864/

Anónimo disse...

O problema é que os políticos que temos aprenderam a resolver os problemas despejando dinheiro sobre os mesmos. Mas como o tempo mudou e a incompetência não dá para trabalharem sem o dinheiro fácil, estes aprendizes preferem negar os problemas esperando, quem sabe, uma intervenção divina (ou do grande criador maçonico).

O lacrau do Nabão

Anónimo disse...

Começa a não haver condições para efectuar uma Festa dos Tabuleiros em 2011 como gostaríamos.
Está na hora da Comissão da Festa dos Tabuleiros fazer uma reunião extraordinária e analisar este assunto antes que o mesmo vire MAIS UM problema para as finanças do município.
Afinal, quando não há dinheiro, não há vícios...

A.A.

Anónimo disse...

Caro Professor, não páre de denunciar a podridão que por aí anda. Estamos a falar de coisas sérias. Para aqueles que colocarem aqui alguns comentários, não brinquem com a desgraça dos outros. O relato e as fotos apresentadas deviam ser uma vergonha para quem administra os dinheiros públicos. Mas esses senhores não têm pudor, muito menos sentimento. Talvez, até, nem coração...
Magoadamente,
Zé da Ponte

Anónimo disse...

As pessoas gritam, protestam, dizem mal, mas na hora do deve e do haver, a escolha é sempre a mesma. Alguém dúvida que, hoje, Sócrates iria ganhar as eleições? Onde estão aqueles que protestam contra o aumento de impostos? Contra as portagens nas Scuts? Contra o aumento da idade das reformas? Onde estão aqueles que falam em jobs for the boys? Onde estão aqueles que ficam espantados com os ordenados dos administradores de empresas públicas? Falam, falam, mas nada fazem... No 25 de Abril, o poder de então esqueceu-se de um «pormaior», ou seja, não deu importância ao exército. Depois, entre militares, fez-se a revolução. E o povo foi na onda. Agora, o Governo soube bem o que fazer: há promoções congeladas... excepto para os militares, não vão eles ter a ideia de iniciar nova revolta. O povo, sem boleia, não vai a lado algum. Contra mim escrevo...

Anónimo disse...

Esse albergue nocturno era muito bem aproveitado pelo sr. Josué para recolher as "mininas" que fazem o tour dos bataclãns...

Anónimo disse...

Quem não vota não devia vir para aqui reclamar.

O pessoal protesta, bufa e ameaça, mas na hora de votar dá a vitória aos crápulas do costume. Bolas. O que é que querem?